Métodos do Tarot – Adentrando a Via Sinistrae

Fonte: Arquivo pessoal

O método oracular de hoje é um apoio ao texto A Mão Esquerda é para mim?, que você pode ler aqui! Se, ao longo do texto, você ainda ficou com alguma dúvida ou simplesmente desejou um jogo específico para se aprofundar mais no tema, vendo se o Caminho Tortuoso é mesmo para você ou não, aqui vemos tanto suas compatibilidades quanto as dificuldades que você teria caso entrasse na Via Sinistrae, te ajudando na escolha de entrar ou não nela. O jogo pode ser tirado perguntando se a Mão Esquerda num geral é para você ou não mas também, e o que eu aconselho até mais, se determinadas vertentes dentro da Mão Esquerda seriam adequadas para você. Você pode perguntar sobre o Luciferianismo, sobre o Satanismo, sobre a Demonolatria e por aí vai, testando o que cada um desses caminhos pode te oferecer tanto de bom quanto de ruim para se preparar e tomar sua própria decisão sobre eles! Vamos lá?

No jogo temos nove cartas, que são dispostas como indicado na foto acima, e nelas estão:

  • Carta 1 – O Caminho é para mim? Temos na primeira carta a posição central do jogo. Ela tanto já responde a questão de forma clara e direta ao ponto como também é o motivo central de tudo que será aprofundado nas próximas cartas. Todas as outras posições devem ser analisadas a levando como razão e como direção também, conduzindo o resto do jogo.
  • Carta 2 – Afinidade Nesta posição temos qual é a sua real compatibilidade com o Caminho. Pode ser que não apareça nenhuma, pode ser que seja uma afinidade mais superficial, algo mais emocional, ou pode realmente ser algo que ressoa com seu espírito de uma forma maior e mais profunda do que você imagina.
  • Carta 3 – Peso Mental Como é fácil de se saber, a Mão Esquerda e suas vertentes não oferecem uma estrada fácil para seus adeptos. Nesta posição, vemos o quanto os seus desafios vão pesar mentalmente para você. Aqui estarão as dificuldades e pesos que você enfrentará no âmbito racional, na sua consciência e no seu intelecto, na sua mente.
  • Carta 4 – Peso Emocional Continuando a última posição, aqui teremos o que pesará sentimentalmente. Aquilo que vai pesar e ser difícil para você no âmbito psicológico, no que é sensível e em âmbito afetivo. Aqui o analisado será o seu coração.
  • Carta 5 – Peso do meio Como um Caminho marcado pela dissidência e pela rebeldia espiritual, não temos naturalmente na Via Sinistrae uma estrada que é bem vista pela sociedade como um todo. Nesta posição, vemos o quanto o nosso meio poderá nos afetar e nos criar problemas se decidirmos ir mesmo pela Esquerda. As vezes é a família que pode pesar, as vezes são os amigos, os meios sociais, as vezes é a própria solidão com a qual você vai ter que conviver no meio que pode te afetar negativamente. Analise essa posição com cuidado
  • Carta 6 – Auto Regência Nesta posição temos a sua capacidade de lidar com os problemas, desconfortos e obstáculos que irão surgir. Assim como também a sua capacidade de se virar e de lidar com o seu próprio caminho de forma realmente autônoma. Aqui vemos sua capacidade de realização, de lidar com os pesos vistos anteriormente e com as dificuldades da próxima posição também. Aqui está a sua aptidão de ter iniciativa e de ser por si mesmo.
  • Carta 7 – Dificuldades As dificuldades a que essa posição se refere irão ser os primeiros obstáculos de ordem prática que você irá encarar entrando na Via. As vezes seu primeiro entrave será financeiro, com você não tendo muito como investir em livros, materiais e etc. As vezes sua primeira dificuldade será estabelecer tempo para sua prática e estudos. Se as posições 3, 4 e 5 expõe adversidades mais voltadas ao nosso interior, aqui elas são externas e mais voltadas ao utilitário. Analise bem qual carta sairá nesta posição.
  • Carta 8 – Aprendizado Aqui temos quais serão suas primeiras lições, e os aprendizados com os quais você irá se deparar em seu começo.
  • Carta 9 – Crescimento E aqui, por fim, temos seu crescimento no Caminho. No que você irá se tornar durante a sua jornada e onde estarão seus maiores progressos e sua evolução!

Escolha um baralho, ou oráculo, com o qual você realmente tenha afinidade e analise cada uma das posições com bastante calma. Anote em seu diário ou grimório também, se os tiver! O importante é que você consiga ter a clareza e o conhecimento necessários antes de dar os próximos passos na sua jornada. Afinal, discernimento é fundamental para trilharmos nosso caminho da forma mais responsável e conectada com a nossa verdadeira essência o possível.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Métodos do Tarot – Descobrindo o Guia

Fonte: Arquivo pessoal

Tem um monte de coisas acontecendo ao seu redor, você sente que tem alguma figura espiritual chamando, mas não consegue descobrir quem é e do que se trata? Os dois métodos oraculares apresentados a seguir são para ajudar exatamente nesse tipo de situação. São dois jogos feitos com seis cartas cada e na mesma disposição, formando um pentagrama invertido cuja finalidade é trazer as informações que estão apenas no astral para cá, até nós, de forma que possamos decodificá-las. O primeiro tem como foco identificar o Guia ou figura espiritual em si, trazendo a tona suas características e como é sua energia em geral. O segundo foca em como essa energia nos afeta, pessoalmente. Em ambos temos as intenções e objetivos dessa figura para conosco. Então, se baseando no esquema ilustrado nas fotos a seguir, escolha um dos esquemas e os faça sem medo!

Descobrindo o Guia 1

Descobrindo o Guia 1:

  • Carta 1 – Testemunho Começando pela carta do Testemunho, na primeira posição deste jogo entramos em contato com as principais características do Guia que se apresenta. É uma presença feminina, masculina ou ambígua? Traz energias solares, noturnas ou ligadas ao submundo? É uma presença divina, infernal ou completamente outra coisa? Aqui os principais traços serão apresentados.
  • Carta 2 – Energia que transmite Aqui vemos qual é o tipo de energia que essa figura transmite. É uma energia leve ou densa? Essa energia inspira, deixando as pessoas sob sua influência mais criativas? Dá sorte, de forma que pequenas alegrias acompanhem quem a tem consigo? É uma energia fortemente sexual que aumenta a libido e o poder de atração de quem se alinha a ela ou é uma energia marcial que pode sobrecarregar quem não dê vazão a ela?
  • Carta 3 – Natureza Nesta posição vemos se estamos lidando com um trickster, de natureza astuta e mutável, ou se é uma figura mais séria, ligada as leis, por exemplo. Este Guia é uma figura extrovertida ou é mais reservado? Seria confiável ou não? Com quais elementos e temas costuma trabalhar? Ao que se alinha?
  • Carta 4 – Como se comunica Esse Guia gosta de se comunicar através de sonhos? Ele te chama a atenção através de diversas sincronicidades? Ou será que ele faz você receber do nada respostas através de outras pessoas?
  • Carta 5 – Aquilo que faz Aqui temos como é a parte prática da sua ação. Pode ser um Guia que acelera todos processos pelos quais você ainda deve passar, fazendo sua vida virar um completo caos por meses até tudo se resolver e você finalmente conseguir se catapultar pra frente. Pode ser um Guia que trabalha intensamente com o lado subjetivo e emocional daqueles que estão com ele, então esperar conteúdos relacionados surgirem para serem resolvidos é certo. Se é um trickster, espere os testes mais criativos pelos quais você já passou. Se é um Guia ligado a magia ou a necromancia, pode acreditar que ele te ensinará e beneficiará através dessas artes. Pode ser uma figura que destrói para depois reconstruir, que ensina através da luta e das dificuldades, ou uma figura mais suave que ensina através do cuidado e do carinho.
  • Carta 6 – Por qual motivo e com qual intenção Por fim, aqui entendemos por qual motivo este Guia está entrando em contato com você. E esses motivos podem ser os mais variados o possível. Da mesma forma das suas intenções. Analise essa posição com cuidado para ver se é algo interessante para você ou se é algo com o qual você seria capaz de lidar, levando em consideração tudo que você já viu sobre sua natureza e formas de atuação anteriormente.
Descobrindo o Guia 2

Descobrindo o Guia 2:

  • Carta 1 – Testemunho Aqui, assim como no primeiro jogo, começamos pela carta do Testemunho. Onde entramos em contato com as principais características do Guia que se apresenta. É uma presença feminina, masculina ou ambígua? Traz energias solares, noturnas ou ligadas ao submundo? É uma presença divina, infernal ou completamente outra coisa? Aqui os principais traços serão apresentados.
  • Carta 2 – Através de qual meio Na segunda posição temos os meios pelos quais esse Guia está entrando em contato com você. É através dos seus sonhos, da sua mediunidade? Ou será que é através de pequenas sincronicidades do seu dia a dia?
  • Carta 3 – De que forma Na terceira posição vemos de que forma ele está usando os meios que vimos na segunda carta. Se você viu que o Guia está usando seus sonhos como meio, aqui você verá como ele está se mostrando através deles. Se é através da sua mediunidade, talvez ele possa estar deixando ela mais aflorada. Se saíram as sincronicidades, aqui elas possam ser amigos seus do nada mencionando ou falando sobre esse Guia com você enquanto, ao mesmo tempo, você encontra livros ou outros materiais sobre ele e por aí vai.
  • Carta 4 – Causando o que Na quarta posição vemos o que essa aproximação tem causado. Os sonhos podem estar fazendo você ter noites de sono picadas, te deixando mais cansado. A sua mediunidade ser mais aflorada pode estar te dando zumbidos nos ouvidos aleatoriamente. Dentro das sincronicidades você pode estar tendo um influxo maior de pequenas sortes no seu dia a dia ou estar atraindo a presença de certos animais que são ligados a este Guia com mais facilidade. A proximidade com a energia dele pode estar te deixando mais sensível, pode estar aumentando a sua libido ou te sobrecarregando.
  • Carta 5 – Pra que Na quinta posição então vemos qual é a função deste contato. Este Guia está se aproximando desta forma para que você desenvolva alguma habilidade sua como, justamente, a mediunidade que ele vem mexendo? Ou é para te treinar em algum tipo de conhecimento que você precisa e que ele domina? Através desse contato você terá ajuda, bênçãos, evolução, proteção ou algum tipo de chocalhão pra te acordar pra vida? Talvez possa ser um espírito ligado a sua família, por exemplo, desejando iniciar algo com você relacionado a sua linhagem. Ou um daemon, interessado em te mostrar como trabalhar melhor com questões ligadas a sua regência através de algum acordo que você faça com ele e por aí vai. Aqui o foco é operacional.
  • Carta 6 – Com qual intenção Na sexta e última posição, por fim, desvendamos com quais intenções este Guia está propondo o que propõe. Aqui temos o sentimento que motiva sua aproximação. Este Guia pode sentir uma afeição genuína por você e, por isso, querer se colocar como um protetor. De uma forma mais fria e profissional, ele pode apenas ter percebido que você precisa de um professor em uma área que ele domina e quer oferecer ajuda. Ele pode achar que você está muito acomodado e, com alguma malícia, querer causar o caos para que você volte a se movimentar. Ao contrário, ele pode te achar muito caótico e querer oferecer ajuda para que você consiga se organizar ou, quem sabe, no exemplo do espírito ligado a sua família, ele pode estar fazendo sua proposta porque sente muito carinho por você e por aí vai também. Aqui desvendamos os motivos.

Apesar dos jogos terem sido feitos com oráculos de cartas em mente, você é livre para usar o tipo de oráculo que desejar. Desde que o conheça bem o suficiente para ir além do óbvio em cada uma das posições. Não tenha pressa para fazer a interpretação de nenhum destes jogos, ou de ambos se desejar fazer os dois. Anote tudo que sair. Faça suas pesquisas e, para tirar suas conclusões finais, não esqueça de levar sua intuição e o seu coração em conta!

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Altares Itinerantes – Como criar o seu

Fonte: Acervo pessoal

Que altares são pontos de conexão e de harmonização entre nós e nossa espiritualidade já vimos aqui. Porém, nem sempre conseguimos espaço ou temos as condições ideais para ter um altar fixo como gostaríamos, não é mesmo? Podemos estar morando no momento em locais onde não temos a liberdade ou a segurança para termos o nosso espaço, e isso nos leva a usar nossa criatividade e saber trabalhar dentro não só das nossas possibilidades mas das nossas limitações também.

A ideia de construir um altar itinerante me veio por fruto da necessidade. Nos últimos meses, por questões pessoais e familiares, eu precisei viajar muito entre o interior de dois estados diferentes, me dividindo entre passar metade de um mês em um local e a outra metade em outro. E a vida em constante viagem fez com que eu precisasse adaptar a minha estrutura a algo mais prático e mais fluido. Como é um recurso que pode auxiliar não só os viajantes como eu mas também pessoas em outras situações resolvi trazer a sugestão aqui para o blog!

A proposta é a de poder levar consigo, ou manter de forma discreta, uma composição básica com a qual você possa estruturar sua prática pessoal onde desejar. Um altar portátil. Vemos um conceito semelhante quando nos deparamos com a sugestão de, se por algum motivo ou período de tempo nos vemos tendo que esconder nossas práticas, podermos montar altares básicos em gavetas ou caixas. Como aqui a intenção é que você possa se mover livremente e viajar com ele irei indicar que você adquira uma maleta. Não precisa ser uma muito grande. Na verdade seu tamanho dependerá das suas preferências e condições pessoais. Eu comprei uma de um tamanho que considerei médio, de madeira, simples. Você pode procurar outros tipos. O importante é a praticidade.

O que você colocará na sua maleta dependerá do seu caminho espiritual e de como você pratica a sua própria magia. Eu pratico primariamente magia com o Elemento Água então coloquei meu pequeno cálice de cobre e algumas conchas, mas também adicionei alguns cristais para o Elemento Terra, meu castiçal de pentagrama e algumas velas para o Elemento Fogo e uma pena para o Elemento Ar. Também coloquei uma caixinha onde posso levar alguns amuletos mágicos meus como colares e pulseiras e alguns dos meus óleos. Sempre levo comigo um óleo de banimento, um de proteção, um para saúde/cura, e um para prosperidade/atração/sucesso. Como sou oraculista sempre tenho um Tarot e minhas runas comigo. Outras coisas que posso carregar são cadernos e canetas para minhas anotações, minha adaga ritualística, meu isqueiro, pequenas vasilhas para realizar ofertas, pequenos frascos com ervas e o que mais eu sentir que vou precisar.

Então, primeiramente, pense no que é essencial na sua prática. Se você tivesse que viajar hoje, o que você colocaria na sua maleta? Pense não só apenas no que é o básico para você mas também no que você precisaria para não ficar desprevenido perante as necessidades que você possui. Neste quesito, independente da sua vertente, carregue sempre consigo o que você precisará para realizar banimentos e realizar as suas proteções. Após tomar essas decisões e se organizar veja qual será o tamanho e o material mais indicado para sua maleta, pesquise locais e preços, e a adquira. Veja inclusive os tipos de fechadura. Se você pode ter uma com um fecho simples ou vai precisar de uma que você possa trancar com um cadeado ou similares. A limpe fisicamente primeiro quando a tiver em mãos, depois faça sua limpeza e consagração espiritual.

Pode ser simples como colocar suas mãos sobre ela e, fechando seus olhos, imaginar uma luz branca saindo de suas palmas e se espalhando sobre ela enquanto diz: “Que neste momento esta maleta possa ser purificada e limpa de todas as energias que ela possa ter retido ou entrado em contato em seu caminho até mim, até este momento, para que agora, em nome daqueles que me guiam e me protegem, pela força evolutiva que existe dentro de mim, ela possa servir como meu altar itinerante. Que através dela eu possa ter sempre comigo o que preciso para desenvolver meu poder e meu caminho espiritual. E que ela, nunca se perdendo de mim e estando sempre sob a proteção dos meus guias, me ajude a nunca me perder de mim mesmo, independente de para onde a vida possa me levar.” E pronto!

Se você preferir, pode usar algum outro método próprio também. O importante é que você tenha este momento para dar a ela sua nova utilidade. A imbuir da nova energia e propósito que ela terá daqui para frente. Nunca se esqueça que a intenção é essencial na magia. Então, você pode montar e organizar dentro dela o que você guardará e levará nela. A foto no começo deste texto foi tirada bem no começo da minha prática com a minha própria maleta. Eu a adaptei um pouco mais com o tempo, colocando pintados alguns símbolos de proteção e sigilos pessoais dentro dela também. Use sua criatividade, se adapte, e viva sua própria Arte!

Até mais.

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

O que são as Runas

Meu primeiro conjunto de runas, feito manualmente e especialmente para mim como um presente – Arquivo pessoal

As runas, como as conhecemos hoje em dia, constituem um alfabeto que era usado para se escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte (com destaques para a Escandinávia, as Ilhas Britânicas e a Alemanha) do séc II ao XI. Sua descoberta se deve aos achados arqueológicos das runsten, grandes pedras com inscrições rúnicas, datadas desde a Época Viquingue até o séc XII. Foram encontradas até agora aproximadamente 6.000 delas com destaque para a Suécia (onde foram encontradas aproximadamente 2.500) e para a Noruega (onde temos o achado de 500 pedras rúnicas diferentes). Em menor quantidade também existem achados de ossos, pergaminhos, placas metálicas e peças de madeira com inscrições rúnicas. As inscrições mais antigas que temos delas datam do ano 150. E mediante o avanço do cristianismo na Europa Central, por volta do séc VI, elas foram aos poucos sendo substituídas pelo alfabeto latino.

O alfabeto germânico primitivo possuía 24 runas, sendo usado principalmente no que hoje é a Alemanha, a Dinamarca e a Suécia. É ele ao qual nos referimos atualmente como Futhark Antigo. O nome deriva do fato de suas primeiras seis letras formarem literalmente ‘F’, ‘U’ ‘Th’, ‘A’, ‘R’, e ‘K’ (ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ). Também temos o Futhark Recente, que sucedeu o Antigo na Escandinávia a partir do séc XI, possuindo apenas 16 runas e sendo conhecido também como Runas Escandinavas.

Seu uso para fins oraculares vem de algumas linhas de interpretação de trechos da Edda Poética, uma coleção de poemas em nórdico antigo preservados no manuscrito medieval islandês Codex Regius, datado como pertencente ao séc XIII. Em sua composição temos 11 poemas mitológicos e 19 poemas sobre figuras heroicas tanto nórdicas quanto germânicas. Mesmo com sua autoria permanecendo desconhecida até o presente momento ela é uma das mais importantes fontes históricas que possuímos sobre a mitologia nórdica em si, junto com a Edda em Prosa de Snorri Sturluson, historiador e poeta da Idade Média. E é em suas linhas que temos o mito da origem mágica das runas, provindo do auto sacrifício do deus Odin, que agonizou dependurado e mortalmente ferido na Árvore do Mundo, Yggdrasil, por nove dias e nove noites:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,

Lá balancei por nove longas noites,

Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odim,

Eu em oferenda a mim mesmo:

Amarrado à árvore

De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,

Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,

Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,

E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar

E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,

conduziram-me à terceira,

De um feito para outro feito.”

Com este mito, tendo sido os frutos do sacrifício de uma divindade, as runas teriam também uma conotação espiritual e sagrada. Ressuscitado e restabelecido, Odin as teria dado como um presente a humanidade. Elas são a benção da própria escrita. Mas também, para quem se relaciona com elas de forma anímica, elas podem ser portais de energia com as quais podemos ouvir o sussurro dos deuses e acessar sua sabedoria e magia.

Só é importante, no entanto, termos sempre em mente que tanto a Edda Poética quanto a Edda em Prosa surgiram muito tempo depois da Era Viquingue, sendo um erro histórico comum dizer que os Vikings usavam de fato as runas como os instrumentos divinatórios que as consideramos modernamente. Seus registros se ligavam muito mais a assuntos da vida comum como questões comemorativas, literárias, funerárias e laudatórias.

Existem aqueles que gostam de usar o seguinte trecho da obra Germânia de Tácito (98 d.C.) para apoiar um uso mais antigo das runas como oráculo: “(…) cortam uma vergôntea retirada de uma árvore frutífera em pequenos ramos e estes, diferenciados por certos caracteres, eles espalham a esmo e fortuitamente sobre um tecido branco (..) apanha um a um dos pequenos ramos por três vezes. Feito isso, ele os interpreta segundo o sinal gravado neles anteriormente” (Andrade, 2011, p. 19). Porém, aplicar esta descrição de Tácito a uma suposta leitura de runas é por si só bastante problemático pois a descrição dele seria de um período anterior ao que conhecemos como o período da criação e uso do alfabeto rúnico por no mínimo dois séculos.

Até onde temos comprovado, as runas enquanto oráculo são muito mais recentes, sendo difundidas principalmente nos meios neo pagãos. O surgimento da controversa “runa branca”, por exemplo, é oriunda do livro The Book of Runes de Ralph Blum, de 1987, um sucesso nos meios esotéricos de sua época e tido como referência até hoje, apesar do autor nunca ter afirmado que seus métodos eram comprovados historicamente. Sendo estudadas como oráculo ou como as preciosidades históricas de comunicação gráfica que são, as runas são fascinantes do seu próprio jeito. Principalmente para quem se interessa pela cultura nórdica e germânica! E você, já teve algum contato ou experiência com elas?

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.