Resenha – Atanatize – O Caminho dos Mestres Não-Mortos de Alexander L.M

Fonte: Arquivo pessoal

Na resenha de hoje iremos falar sobre um tópico que ainda possui poucos livros a seu respeito dentro do nosso cenário nacional: o vampirismo! Atanatize – O Caminho dos Mestres Não-Mortos, publicado este ano pela Manus Gloriae Editora, chama a atenção sendo um volume direto ao ponto, cheio de exercícios e com rituais funcionais ao seu propósito.

Ficha Técnica

Autor: Alexander L.M

Editora: Publicado originalmente de forma independente e aqui, em território nacional, pela Manus Gloriae Editora

Idioma: Português e inglês

Páginas: 94

Ano: 2023

Sinopse do livro

Atanatize é um grimório de vampirismo que, de forma prática e sem rodeios, ensina os meandros dessa perigosa e fascinante arte. Contendo exercícios e técnicas, certamente auxiliará o iniciante a drenar energia sabendo escapar das ameaças iminentes deste sombrio caminho predatório. O livro apresenta alguns exercícios simples e diretos, um resumo de divindades e personalidades vampíricas e um conjunto de rituais, invocações e pacto com entidades do caminho dos Não-Mortos para aqueles que desejam adentrar no vampirismo e se tornar um Não-Morto.

Resenha

Sendo um dos livros mais curtinhos e funcionais que eu li esse ano, Atanatize cumpre bem a sua proposta e entrega o que promete ao leitor. No entanto, eu diria que ele é mais um livro de nível intermediário do que introdutório, como explicarei um pouco mais nos pontos positivos e negativos da obra. Um completo estranho ao tema pode ficar perdido sem ter alguns contextos mais desenvolvidos pelo autor, mas alguém que já possui noções básicas pode navegar o livro sem dificuldades e encontrar formas de aprimorar a própria prática de forma realista e funcional.

Pontos Positivos

O primeiro ponto positivo que eu realmente consegui sentir ao ler Atanatize é que seu autor fala por experiência própria. Se você tem algum nível de experiência com o vampirismo, mesmo que pouca, vai conseguir identificar na fala de Alexander L.M uma pessoa que sabe o que diz pois realmente é um praticante e está colocando em suas páginas a realidade sobre o assunto sem se alongar com firula. Inclusive, em alguns momentos ele poderia até mesmo ter sim se alongado um pouco mais, mas não o fez. O livro é bem curtinho e você consegue matar a leitura em uma tarde rapidamente.

Eu gostei bastante dos exercícios num geral. A ideia do treinamento com a planta, antes de se passar para outros níveis, é muito legal e vale muito a pena de se fazer. O uso de sangue nos rituais finais é, em minha visão, coerente com as propostas apresentadas. Inclusive, são rituais bem descomplicados e funcionais. Apesar dele os passar para a sua linhagem e vertente especificamente um adepto um pouco mais estudado saberá pegar seu funcionamento base e os aplicar a outras linhas sem problemas.

Um dos melhores pontos no entanto, e sem dúvida, é o quanto o autor não poupa nos alertas sobre as práticas. Ele consegue mandar a real sobre as consequências de cada coisa sem precisar demonizar o vampirismo mas sim se atendo ao que é concreto. Você sabe exatamente o que esperar e nunca vai poder dizer que não te falaram. As indicações bibliográficas também são bem interessantes de se dar uma olhada para se aprofundar no tema. Afinal, ele não inclui e não nos prepara para tudo, mas pode ser um bom livro para se ter quando estamos uns passos já na jornada.

Pontos Negativos

De uma forma muito curiosa eu diria que, em certo nível, a falta de rodeios do autor é justamente o primeiro ponto negativo que eu posso citar. O livro ser curto pode ser bom, mas não precisava ser tão curto. Ele coloca muitos conceitos que precisam de um maior contexto de uma forma muito seca, o que faz com que o leitor realmente só consiga aproveitar a leitura se já tiver algum letramento nos tópicos que são citados, como já disse acima. Ele chega a, em alguns momentos, encavalar conceitos distintos uns nos outros, podendo ficar confuso ao leitor casual.

Um exemplo disso sendo logo na introdução onde ele cita o caminho do vampiro vindo dos Annunaki (um grupo de divindades sumérias, acádias e babilônicas) com conceitos mitológicos de Sekhmet (deusa egípcia), indo para os Vigilantes dos apócrifos de Enoque, para Caim (ambos judaicos) e depois para Lilith (voltando a Mesopotâmia). Todas essas culturas e mitologias são distintas e diferentes entre si. Sendo mais opinativo do que qualquer outra coisa a linha que o texto quer traçar entre elas. Quem tem por costume ler literatura vampírica entende de onde o autor veio e onde ele quer chegar, mas pode causar mais confusão do que qualquer outra coisa para quem é de fora.

Citações sobre algumas crenças referentes ao funcionamento da glândula pineal e sobre conspirações envolvendo adrenocromo também surgem sem muito contexto e de forma bem mais solta do que deveriam. No caso, adrenocromo é simplesmente um composto químico sintetizado pela oxidação da adrenalina. Existiram algumas pesquisas sobre ele em pequena escala nas décadas de 1950 e 1960 mas nada muito conclusivo. Sua popularidade se deve a como ele foi mencionado e usado na cultura pop, sendo citado em livros como Laranja Mecânica (1962) de Anthony Burgess e Medo e Delírio (1971) de Hunter S. Thompson de onde o exagero ficcional até hoje causa teorias conspirativas.

Aliás, sempre é de um mau gosto absurdo autores de Mão Esquerda citarem e usarem teorias da conspiração deste tipo em seus livros. Afinal, elas vem predominantemente de grupos de extrema direita como o QAnon e de conspirações politiqueiras como o Pizzagate que usam largamente os estereótipos antissemitas mais batidos da história da humanidade, como os libelos de sangue, colocando tudo nas costas justamente de adeptos da Mão Esquerda. Nestas narrativas, são sempre os perversos satanistas imaginários da elite que roubam criancinhas para sugar delas o elixir da juventude. Um adepto da Esquerda vir com papo de pânico satânico é sempre cafona e brega.

O segundo ponto negativo é o tom, digamos, um tanto quanto impaciente que muitos autores do meio tem e que neste livro encontramos também. Como na pág. 17 onde ele diz, a respeito de um exercício ao ar livre de noite que, se o leitor não consegue fazer aqueles exercícios, basicamente nem tem o que estar fazendo com o livro em mãos porque o caminho não é para quem não consegue fazer nem sequer aquilo. Em primeiro lugar, não é o leitor que está obrigando o autor a passar informação alguma para esse tipo de irritação estar presente no texto. E em segundo lugar, pode ser super de boas sair para caminhar no meio do mato de noite onde ele mora mas isso não é uma realidade em todos lugares do mundo. Dependendo de onde o leitor morar é melhor se poupar do assalto, entende? Existem mil maneiras e técnicas de se desenvolver as mesmas coisas sem se ser burro contra a própria integridade física.

O terceiro ponto negativo é a sempre presente falta de criatividade de autores masculinos ao citar ataques sexuais quase como que a primeira sugestão quando saímos dos exercícios introdutórios para nossos primeiros avanços em outros seres humanos. É sempre uma falta de refinamento incrível e eu sugiro que o praticante satisfaça seus impulsos sexuais de uma forma regular e física ao invés de descontar possíveis frustrações ou anseios em exercícios de vampirismo. Principalmente se estamos tratando de novatos no tema. Podemos exercitar vampirismo sexual com nossos parceiros, tendo conversas prévias sobre, mas eu não iria de cara nisso. Aliás, fica uma coisa até mesmo deslocada já que o livro possui de fato um capítulo sobre vampirismo sexual onde o tema é um pouco mais desenvolvido, mas enfim.

O quarto ponto é mais uma confusão, estando no capitulo sobre os Mestres Não-Mortos. Adeptos da Mão Esquerda não buscam unificação com deus/satã ou qualquer outra coisa como já vimos aqui. Buscar uma existência independente, seja como vampiro ou outros no pós vida, já é o normal na Via Sinistrae. E, além disso, o foco do autor é bem euro centrado ao falar das figuras dos Não-Mortos. Com certeza essas linhas são um caminho, e estão na proposta do livro inclusive, mas não são obrigatórias. Você pode desenvolver seu vampirismo com diversos guias espirituais, inclusive daemons e divindades, sem precisar entrar nas correntes que o autor cita. É, de fato, opcional. Existe bastante diversidade para se ser trabalhada num ramo tão vasto.

Acessibilidade: Eu realmente só achei a obra até agora com a Manus Gloriae e na Amazon, em inglês. As informações sobre o autor em si também são escassas, no máximo eu encontrei o site Temple of Belial com o outro único livro assinado por ele. Mas em um todo, não é um livro caro e pode facilmente ser adquirido sim!

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Resenha – Demonolatria Moderna de S. Connolly

Fonte: Arquivo pessoal

A resenha de hoje será sobre um pequeno e precioso livrinho, perfeito para todos aqueles que possuem daemons como figuras importantes de suas jornadas espirituais: o Demonolatria Moderna de S. Connolly!

Ficha Técnica

Autora: S. Connoly

Editora: DB Publishing nos EUA e Via Sestra em terras brasileiras

Idioma: Inglês e Português

Páginas: 98 na versão em inglês e 152 na versão em português

Ano: Originalmente de 2005, trazido ao Brasil em 2019

Resenha

Como um dos seus mini guias sobre o tema, gratuitos no site oficial demonolatry.org, Demonolatria Moderna resume para iniciantes vários conceitos e práticas da demonolatria como exposta por S. Connolly. Direto ao ponto, ele traz respostas para as principais dúvidas que podemos ter e nos dá também uma base prática funcional e descomplicada. Muito dos pontos dele foram aproveitados e inseridos no The Complete Book of Demonolatry um ano depois, em 2006, onde ela aprofunda e expande os temas iniciados em obras anteriores.

Pontos Positivos

Para quem tem curiosidade sobre a área da demonolatria e não sabe por onde começar, temos aqui uma boa pedida. Sendo curtinho, sua leitura é fácil e fluida. Facilmente pode ser lido em poucas horas e já nos faz colocar a mão na massa. Temos definições simples e assertivas, listas úteis de correspondências e nomes, algumas histórias e análises, sobre covens e seitas, sobre práticas solitárias, rituais básicos, ferramentas, altares, trabalhos positivos e negativos, sigilos, orações e devocionais, algumas receitas bem interessantes de óleos para os principais daemons e muito mais!

Pontos Negativos

Os pontos negativos que você encontrará neste mini guia são os que você irá encontrar na maior parte do trabalho de S. Connolly num geral: uma parte histórica não muito bem trabalhada. Ela passa com muita superficialidade em vários assuntos onde poderia ter tido mais cuidado, erra abertamente outros e alguns pontos simplesmente não são facilmente verificáveis. O que faz com que você precise, como leitor, fazer sua própria pesquisa para não incorrer em erros. Na parte das receitas, tome cuidado naquelas que envolvem terceiros. Lembre-se que enviar certas coisas pelos Correios para alguém pode incorrer como ameaça supersticiosa, que se enquadra no artigo 147 do nosso Código Penal como crime, podendo incluir ainda outros artigos dependendo do caso.

Outro ponto pelo qual ela é criticada, com razão, é colocar muitas divindades em suas listas de daemons que simplesmente não deveriam estar ali só pelo fato delas terem aspectos destrutivos ou ligados ao submundo, o que é extremamente inadequado da parte dela (para dizer o mínimo). Então, leia sempre com discernimento.

Acessibilidade: A versão em português da Via Sestra já não é mais publicada pela editora mas, como aqui já descrito, você pode baixar o PDF em inglês gratuitamente aqui. A página conta com vários outros PDFs muito interessantes e inclusivos então vale a pena a visita! E, se algum link não estiver funcionando, é só dar uma boa pesquisa que você acha. Afinal, eles foram feitos para serem acessíveis ao público.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Resenha – Dicionário dos Demônios de M. Belanger

Fonte: Arquivo pessoal

Na resenha de hoje falaremos de um tomo de peso: o Dicionário de Demônios de M. Belanger, em sua edição estendida em comemoração aos dez anos da obra, trazido para cá pela Darkside! Uma obra indispensável para todos aqueles que se interessam pelo estudo e pela pesquisa do ocultismo e da demonologia.

Ficha Técnica

Autora: M. Belanger

Editora: originalmente publicado pela Llewellyn Publications em território norte-americano e pela Darkside em território nacional

Idioma: Inglês e português

Páginas: 528

Ano: 2021

Sinopse do livro

Conhecimento é poder e proteção. Para compreender a origem do que nos assombra e desafia, nada melhor que mergulhar nos segredos místicos que reinam entre o céu e o inferno. Partindo da premissa de que todo nome tem poder em sua evocação, a pesquisadora do oculto M. Belanger embarca em uma jornada única através de grimórios antigos, originados na Idade Média e na Renascença. Uma pesquisa inédita e surpreendente que foi capaz de reunir a mais extensa lista de nomes e curiosidades sobre o universo da demonologia. Chegou a hora de conhecermos a origem dos anjos caídos e dos demônios mais poderosos e obscuros que já passearam pela história milenar de nosso planeta.

Nesta obra minuciosa, a autora apresenta a mais completa publicação sobre o assunto, reunindo mais de 1.700 verbetes, ensaios e artigos que revelam um panorama amplo sobre as crenças, práticas e eventos da Europa Ocidental que tiveram um impacto direto sobre a religião, além de uma rica pesquisa iconográfica capaz de documentar a representação dos demônios através dos tempos.

Resenha

Ampliando seu conteúdo original de 1.500 para 1.700 verbetes e trazendo uma infinidade de novas curiosidades, informações e artículos, a versão estendida e revisada de Dicionário dos Demônios é um deleite para todos os interessados no tema. Focando, principalmente, em ser uma referência de nomes, com suas histórias e significados, ele se configura tanto como uma boa leitura quanto como um ótimo material de pesquisa para se consultar pontualmente e ter sempre a mão. Como é de seu costume, a Darkside também não poupou na beleza da sua edição, tornando a obra ainda mais visualmente envolvente e ricamente ilustrada. Uma pérola para enriquecer a biblioteca de qualquer demonologista ou ocultista.

Pontos Positivos

Como alguém que passa horas e horas enfurnado em pesquisa como parte da própria prática espiritual pessoal eu digo com tranquilidade que ter um tomo de quinhentas páginas do tipo que o Dicionário de Demônios é não só é útil mas torna as coisas bem mais fluidas. A quantidade de informação que você tem em um lugar só, não precisando se revirar em mil outros livros, poupa bastante tempo. É um livro absurdamente lindo, é recheado de bons artigos entre os verbetes dos nomes demoníacos, e é uma mão na roda. Principalmente para os novatos no tema, que querem começar a pesquisar agora, já poderem começar tendo nele um livro bem estruturado, bem organizado, e abundante em informações.

Pontos Negativos

Aqui o ponto não é exatamente negativo, mas acho importante ser colocado: A pesquisa e o trabalho de M. Belanger focam quase que exclusivamente na cultura, no folclore e nos grimórios da Europa Ocidental. Se você procura sobre a mitologia e os demônios de outras regiões é bom procurar, conjuntamente, outras fontes. Ele não deixa de ser um livro interessante por causa disso, mas não foca seu trabalho e suas minúcias para outros cantos do mundo.

Acessibilidade: Como sabemos, preços da Darkside podem ser bem salgados e nada acessíveis para muitas pessoas. Principalmente no caso de um livro grande como esse é. Eu não encontrei, até agora, pdfs da versão traduzida dele. Apenas da versão original, sem ser a estendida, e em inglês. Se você tiver uma noção básica da língua, pode procurar. Mas, de qualquer forma, lembro sempre que o que eu falo sobre pdfs aqui é para quem realmente não tem condições. Se você tiver como comprar o livro, compre. Não só vale muito a pena, mas sinto que é bem melhor consultar um livro desse tamanho em formato físico do que em digital.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Resenha – A Bíblia do Adversário de Michael W. Ford

A Bíblia do Adversário de Michael W. Ford – Fonte: Arquivo pessoal

A resenha de hoje será sobre um dos maiores clássicos do luciferianismo: A Bíblia do Adversário de Michael W. Ford! Trataremos aqui especificamente da Adversarial Flame, a edição comemorativa do aniversário de dez anos da obra, pois é ela que temos traduzida e disponibilizada no mercado brasileiro oficialmente pelo trabalho primoroso da Editora Via Sestra.

Ficha Técnica

Autor: Michael W. Ford. Contando também com contribuições, ao longo do livro, de Hopemarie Ford e Frater Du’al-Karnain Siyah-Chal

Editora: Originalmente publicado pela Succubus Productions Publishing e nacionalmente pela Via Sestra

Idioma: Disponível em inglês, espanhol e português

Páginas: 384

Ano: 2017

Sinopse do livro

A Bíblia do Adversário, Adversarial Flame – Edição do 10º Aniversário é tanto uma introdução filosófica quanto um grimório de auto iniciação a Magia Luciferiana. Publicado originalmente em 2007, A Bíblia do Adversário forneceu uma unificação moderna e esclarecimento do poder do Caminho da Mão Esquerda e do Luciferianismo, reconhecendo o poder iniciatico do Adversário. A presente edição de aniversário, Adversarial Flame, apresenta um grimório completamente reeditado e expandido que começa com os 11 Pontos de Poder e os fundamentos filosóficos; guiando o leitor nas profundezas da escuridão e usando Vontade, Desejo e Crença, iluminando a Chama Negra ou Luz interior. Ilustrado por J.G.A. Sabogal (da edição em espanhol), Mitchell Nolte e Kitti Solymosi, a edição Adversarial Flame continuará a ser um guia para o Espírito Luciferiano e Adversarial nos próximos anos.
Características:

  • Filosofia do Luciferianismo desde os 11 Pontos de Poder até as Leis de Belial.
  • Tipos de Magia Luciferiana, incluindo Yatuk Dinoih (Feitiçaria Ahrimaniana Persa) e Therionick (Baixa Feitiçaria), Vampirismo e Apoteose (Alta Magia).
  • Símbolos e sigilos de Lúcifer, Satanás, Lilith, Samael e Lilith explicados.
  • Técnicas de fortalecimento da Mente via Meditação, Disciplina e Foco da Vontade.
  • Cerimônias e Rituais do Luciferianismo que focam na Libertação, Iluminação e Apoteose.
  • Cerimônias e “feriados” luciferianos, incluindo trabalhos de casamento, destruição e sepultamento.
  • Sigilos, Ilustrações e representações de Divindades Luciferianas e Arimânicas, Demônios e Energias Espirituais que são conhecidas como “Máscaras Deíficas” para as quais o Adepto Negro invoca e usa para aprimorar por meio de Liberação, Iluminação e Apoteose.

Resenha

Para quem quer conhecer mais sobre o luciferianismo desenvolvido por Ford, A Bíblia do Adversário é um excelente ponto de partida. Nela temos vários pontos já expostos em Apoteose sendo discorridos através de um maior volume de páginas, além de vários novos pontos que são apresentados de forma fascinante conforme vamos nos aprofundando em seus capítulos. Como um livro que pavimentou o caminho de seu nicho para que muita coisa viesse em sua sequência, é um livro essencial na biblioteca pessoal de todo luciferiano.

Pontos Positivos

Assim como eu pontuei na resenha de Apoteose, A Bíblia do Adversário também começa focando na parte filosófica do luciferianismo, o que eu acho sempre muito positivo. Aqui, mantemos a liberdade natural que Ford sempre coloca a vista dos seus leitores no fato de que ele nos dá as chaves mas deixa em nossas mãos decidir como exatamente iremos as usar. O que sempre é a minha parte favorita, e se torna ainda mais aqui. Pois muitas linhas diferentes são apresentadas como possibilidades ao leitor e vai de cada um escolher por qual vereda irá desenvolver a própria prática luciferiana. Como um bom adepto da Mão Esquerda, Ford não pega ninguém no colo dizendo quando e como fazer o que, mas expondo o raciocínio por detrás da sua linha de trabalho de forma que você possa usar dos mesmos pontos de partida para escolher ou criar a sua própria abordagem. Eu não o teria tanto como um livro cheio de “receitas de bolo” mas sim como um livro que, se devidamente usado, nos ajuda a construir nossa própria lógica. A parte prática do livro pode sim ajudar o leitor a ter suas primeiras experiências, a sentir como é o sabor da Corrente, mas são um princípio, uma base, e não um final. Até porque muitas coisas irão precisar de aprofundamento em outras obras do autor. Acredito que a melhor forma de se aproveitar esse livro é o retomar várias vezes conforme progredimos dentro dos nossos caminhos pessoais. Leia-o pela primeira vez, absorva de seu conteúdo o máximo que puder, e vá ter o seu próprio desenvolvimento. Depois de um tempo, já com alguma bagagem, pegue-o de novo. Você verá que irão ter novas coisas ali para serem absorvidas que antes, pela falta de experiência, você não notou. Novas ideias e percepções sempre estarão disponíveis entre as suas páginas.

Pontos Negativos

Se tratando de um livro tão bom e já tão bem estabelecido dentro dos meios de Mão Esquerda, os pontos negativos que citarei aqui são mais reflexões e opiniões pessoais do que algum desmerecer da obra, ok? Dito isso, assim como pontuei na minha resenha de Apoteose, acho o estilo de escrita de Ford pouco fluido num geral. Tornando seus textos obras para você ler um pouco por dia e não muitas páginas de uma vez só. Outro ponto negativo aqui é que a evolução dos temas é truncada. Temos muito conteúdo sendo desenvolvido de forma picada em pontos distintos. O que faz a obra ensimesmar em si própria, retomando questões repetidamente em uma espiral para dentro de si mesma, ao invés de seguir uma linha de apresentação de ideias, desenvolvimento e conclusões. Não sei se foi algo proposital ou não, talvez tenha sido, talvez não. De qualquer forma, você anda em círculos dentro do livro com vários de seus temas. E muitos deles acabam não sendo de fato aprofundados por mais do que poucos parágrafos de exposição, com o leitor recebendo a indicação de outros livros do mesmo autor para ir atrás se houver o desejo de realmente se informar mais sobre. O que para muitos pode ser frustrante.

A obra de Ford é extensa e bastante completa. Se você pegar os livros que ele indica para aprofundamento as informações realmente vão estar lá, belíssimas. Mas é desnecessário colocar tantas vezes num livro o “se você quiser mais informações sobre isso tem esse meu outro livro aqui”, sabe? Uma ou outra vez isso pode ser compreendido. Mas, depois da quinta vez, fica uma má impressão. E, se tratando de um autor tão experiente e com tanto conhecimento para oferecer, fica até mesmo impróprio. Ele pode ter utilizado disso para não se repetir muito, ou para não tornar o livro um tomo imenso, mas existem jeitos melhores de se evitar isso.

Fora esses pontos, minhas outras pontuações são bastante pessoais naquilo que eu concordo ou não com o autor. Acredito que muitas das críticas que ele tece com fundo social carecem de um horizonte mais ampliado, com recortes para além de só criticar o cristianismo e a “cultura das massas”. Mas esse é um problema que eu não vejo só nele como também no meio da Mão Esquerda num geral, como já disse em minha resenha de Apoteose. Não deixa de ser um livro bom por causa disso. claro. Mas simplifica, muitas vezes, temas sociais que na verdade são muito mais complexos.

Acessibilidade: A obra foi muito popularizada aqui no Brasil em sua edição original através de pdfs piratas que você ainda pode encontrar facilmente por aí. Arrisco dizer que foram esses pdfs que trouxeram popularidade ao Ford aqui no país, junto com os pdfs igualmente ilegais da primeira edição de Goetia Luciferiana. E esses foram, durante muitos anos, as únicas obras que muita gente por aqui teve acesso em relação ao trabalho dele, pelo resto nunca ter sido traduzido nem da forma muito duvidosa e capenga que os pdfs geralmente são. De forma que eu fico realmente muito feliz de ver esse e, finalmente, outros livros dele começarem a serem publicados aqui de forma oficial! Então já sabem, para aqueles que puderem comprar o livro físico, eu super indico mesmo a compra. É claro que os pdfs ainda estão por aí aos montes. Mas é um livro ótimo para se ter mesmo. Belíssimo nas suas ilustrações, bom no conteúdo, e essencial na biblioteca particular de todo praticante da Mão Esquerda, seja por qual vertente for.

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Até mais!

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Resenha – Apoteose de Michael W. Ford

Capa comum da edição brasileira de Apoteose de Michael W. Ford lançada pela Editora Via Sestra

Na resenha de hoje temos um livro escrito especialmente para aqueles que estão iniciando no Caminho da Mão Esquerda e no Luciferianismo: Apoteose de Michael W. Ford!

Ficha Técnica

Autores: Michael W. Ford, com contribuições de sua esposa Hopemarie Ford

Editora: Succubus Productions Publishing e Apotheca Luciferian, estando também disponível pela BALG (Become A Living God) e sendo lançada nacionalmente pela Editora Via Sestra

Idioma: Inglês e Português

Páginas: 209 na versão em inglês e 208 pela Via Sestra

Ano: 2019

Sinopse do livro

O que é a filosofia luciferiana? Como você a aplica? Como você se auto inicia no luciferianismo? Ao longo dos anos, concentrei-me além da pesquisa e me dediquei à prática consistente de múltiplas tradições dentro do luciferianismo, e minha obsessão mágica foi cristalizar, refinar e aprimorar a base dessa filosofia. O que torna o luciferianismo harmonioso e paralelo a outras escolas de pensamento e tradições do Caminho da Mão Esquerda? O que separa o Luciferianismo de outras escolas de pensamento e obras do Caminho da Mão Esquerda? Em Apoteose você aprenderá: Os 11 Pontos de Poder e os 4 Pilares do luciferianismo, as Palavras Mágicas de Poder do Adversário, 3 Chaves Mágicas para a Ascensão no Caminho da Mão Esquerda, como invocar e encarnar o seu próprio Daemon, como passar pelo Teste da Máscara do Diabo, Símbolos Chave e Máscaras Deíficas do luciferianismo, 12 ferramentas essenciais e iniciações da magia luciferiana, 9 dos mais poderosos Círculos Ritualísticos e Triângulos e verdades reais sobre Lúcifer, Yahweh e muito mais. Apoteose é uma cartilha definitiva sobre a Filosofia Luciferiana e sua prática mágica especialmente para iniciantes ou para aqueles que estão curiosos sobre o que é o Luciferianismo e como esse caminho é semelhante e diferente de outras tradições. Michael W. Ford escreveu este livro para oferecer um fundamento filosófico conciso para o neófito que busca os detalhes da iniciação luciferiana. Editado por Timothy Donahue e prefácio por E.A. Koetting.

Resenha

Que Michael W. Ford é um dos principais autores contemporâneos sobre luciferianismo é indiscutível. Sendo autor de mais de trinta livros dedicados a Via Sinistra ao longo de mais de duas décadas de dedicação ele coloca Apoteose como sua cartilha para iniciantes. Se você quer conhecer o estilo de trabalho dele, seu sistema, e como ele coloca a filosofia luciferiana esse é o livro correto para se começar. Como um trabalho que foca em introduzir conceitos e dar as bases das práticas básicas do luciferianismo o leitor tem nele um guia prático e direto ao ponto. Sendo dividido em três partes, no Livro Um temos A Tríade da Estrela da Manhã, focando na parte filosófica e na preparação da mente, do corpo e do espírito do adepto, no Livro Dois temos a Ignis Daemonicus, focando na parte dos ritos cerimoniais e da prática mágica básica do luciferianismo e no Livro Três temos Lúcifer e o Espírito Satânico focando em origens mitológicas, histórias religiosas e mitos relevantes ao caminho luciferiano.

Pontos Positivos

O fato do livro começar justamente focando bastante na parte filosófica antes de falar da parte da prática cerimonial, para mim, é um grande acerto de Apoteose. Entender racionalmente a filosofia do luciferianismo deve sempre ser o primeiro passo. Até para que o leitor veja se ele se alinha com suas ideias e com sua forma de encarar e experienciar a vida, onde o começo sempre é aprimorar a si mesmo para, só depois, pensar em mudanças externas. Outro ponto muito positivo de Ford é que ele não coloca as suas palavras e ideias como absolutas. Como um bom luciferiano, ele te encoraja a formar suas próprias interpretações e ideias, adaptadas as suas necessidades e a quem você é. Afinal, cada luciferiano é único, sendo autônomo e responsável por suas convicções e sua conduta, ao invés de simplesmente ser o seguidor das ideias de algum figurão. Neste caminho, desenvolver um pensamento crítico e independente é essencial e sempre é muito positivo quando os autores enfatizam isso. A segunda parte do livro, Ignis Daemonicus, passa uma boa base sobre instrumentos, construção ritual e abordagem cerimonial luciferiana, contendo um rito de auto iniciação simples, poderoso e muito bonito. Então, se você quer se iniciar na Corrente, é maravilhoso.

Pontos Negativos

Apesar de Ford ser um autor de referência no meio luciferiano, inclusive dentro da minha prática pessoal (acredito ser difícil encontrar um luciferiano que não tenha suas obras como fundamentais), o estilo da sua escrita não é o meu favorito. Existem capítulos em que o texto se torna enfadonho e você precisa reler algumas vezes certos parágrafos para realmente absorver o que ele quis dizer. Por mais que Apoteose seja um dos seus livros mais diretos e práticos, afinal é todo o ponto da obra, ainda assim eu sinto um pouco da morosidade natural dele pelas páginas. Também tenho um incômodo muito particular com como ele aplica termos como “animais de rebanho” para falar da maioria social num geral. Por mais que dê perfeitamente para entender o ponto dele acredito que o tom coloca muito a culpa nas pessoas em si por estarem em meio a uma determinada cultura de massa e não a estrutura que as prende a ela. Existem muito mais complexidades nesta questão em específico, inclusive históricas e políticas, que podem ser incluídas e discutidas com mais profundidade do que só dizer que as massas são imbecis porque simplesmente a são. E eu gostaria que o tema, na Mão Esquerda num geral, saísse do lugar comum e amadurecesse mais. Mas esta é uma posição minha, pessoal, que você não precisa aderir. Entre seus comentários sobre o satanismo em si Ford também tem o momento de citar a ONA como anarquista, o que sempre me faz dar aquela risada nervosa de puro desgosto. É aquilo, ele saiu da ONA, então: enfim. E ele dá essa passada de pano desde Book of the Witch Moon, um dos seus primeiros livros, de 2006. Não é uma passada de pano que eu recomende a ninguém, ele o faz até hoje só para justificar o seu próprio histórico. Fora esses pontos, o livro é perfeito.

Acessibilidade: Tem pdf dele sim tanto em inglês quanto em português. Porém, como se trata de um livro já lançado oficialmente por uma editora nacional eu sempre indico que, caso você tenha condições para, você o compre fisicamente. Vale muito a pena!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.