Métodos do Tarot – Adentrando a Via Sinistrae

Fonte: Arquivo pessoal

O método oracular de hoje é um apoio ao texto A Mão Esquerda é para mim?, que você pode ler aqui! Se, ao longo do texto, você ainda ficou com alguma dúvida ou simplesmente desejou um jogo específico para se aprofundar mais no tema, vendo se o Caminho Tortuoso é mesmo para você ou não, aqui vemos tanto suas compatibilidades quanto as dificuldades que você teria caso entrasse na Via Sinistrae, te ajudando na escolha de entrar ou não nela. O jogo pode ser tirado perguntando se a Mão Esquerda num geral é para você ou não mas também, e o que eu aconselho até mais, se determinadas vertentes dentro da Mão Esquerda seriam adequadas para você. Você pode perguntar sobre o Luciferianismo, sobre o Satanismo, sobre a Demonolatria e por aí vai, testando o que cada um desses caminhos pode te oferecer tanto de bom quanto de ruim para se preparar e tomar sua própria decisão sobre eles! Vamos lá?

No jogo temos nove cartas, que são dispostas como indicado na foto acima, e nelas estão:

  • Carta 1 – O Caminho é para mim? Temos na primeira carta a posição central do jogo. Ela tanto já responde a questão de forma clara e direta ao ponto como também é o motivo central de tudo que será aprofundado nas próximas cartas. Todas as outras posições devem ser analisadas a levando como razão e como direção também, conduzindo o resto do jogo.
  • Carta 2 – Afinidade Nesta posição temos qual é a sua real compatibilidade com o Caminho. Pode ser que não apareça nenhuma, pode ser que seja uma afinidade mais superficial, algo mais emocional, ou pode realmente ser algo que ressoa com seu espírito de uma forma maior e mais profunda do que você imagina.
  • Carta 3 – Peso Mental Como é fácil de se saber, a Mão Esquerda e suas vertentes não oferecem uma estrada fácil para seus adeptos. Nesta posição, vemos o quanto os seus desafios vão pesar mentalmente para você. Aqui estarão as dificuldades e pesos que você enfrentará no âmbito racional, na sua consciência e no seu intelecto, na sua mente.
  • Carta 4 – Peso Emocional Continuando a última posição, aqui teremos o que pesará sentimentalmente. Aquilo que vai pesar e ser difícil para você no âmbito psicológico, no que é sensível e em âmbito afetivo. Aqui o analisado será o seu coração.
  • Carta 5 – Peso do meio Como um Caminho marcado pela dissidência e pela rebeldia espiritual, não temos naturalmente na Via Sinistrae uma estrada que é bem vista pela sociedade como um todo. Nesta posição, vemos o quanto o nosso meio poderá nos afetar e nos criar problemas se decidirmos ir mesmo pela Esquerda. As vezes é a família que pode pesar, as vezes são os amigos, os meios sociais, as vezes é a própria solidão com a qual você vai ter que conviver no meio que pode te afetar negativamente. Analise essa posição com cuidado
  • Carta 6 – Auto Regência Nesta posição temos a sua capacidade de lidar com os problemas, desconfortos e obstáculos que irão surgir. Assim como também a sua capacidade de se virar e de lidar com o seu próprio caminho de forma realmente autônoma. Aqui vemos sua capacidade de realização, de lidar com os pesos vistos anteriormente e com as dificuldades da próxima posição também. Aqui está a sua aptidão de ter iniciativa e de ser por si mesmo.
  • Carta 7 – Dificuldades As dificuldades a que essa posição se refere irão ser os primeiros obstáculos de ordem prática que você irá encarar entrando na Via. As vezes seu primeiro entrave será financeiro, com você não tendo muito como investir em livros, materiais e etc. As vezes sua primeira dificuldade será estabelecer tempo para sua prática e estudos. Se as posições 3, 4 e 5 expõe adversidades mais voltadas ao nosso interior, aqui elas são externas e mais voltadas ao utilitário. Analise bem qual carta sairá nesta posição.
  • Carta 8 – Aprendizado Aqui temos quais serão suas primeiras lições, e os aprendizados com os quais você irá se deparar em seu começo.
  • Carta 9 – Crescimento E aqui, por fim, temos seu crescimento no Caminho. No que você irá se tornar durante a sua jornada e onde estarão seus maiores progressos e sua evolução!

Escolha um baralho, ou oráculo, com o qual você realmente tenha afinidade e analise cada uma das posições com bastante calma. Anote em seu diário ou grimório também, se os tiver! O importante é que você consiga ter a clareza e o conhecimento necessários antes de dar os próximos passos na sua jornada. Afinal, discernimento é fundamental para trilharmos nosso caminho da forma mais responsável e conectada com a nossa verdadeira essência o possível.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

O Espelho Negro

Fonte: Arquivo pessoal

Conhecido como um instrumento de vidência e comunicação espiritual, o espelho negro é comumente usado dentro da Mão Esquerda como um portal para o outro lado. Quando devidamente preparado e utilizado, pode nos auxiliar a atravessar o véu entre o mundano e o espiritual. Sendo uma porta para que nosso espírito possa ir até diversos locais, ou para que espíritos e entidades se mostrem e se manifestem diante de nós.

Enquanto muitos tradicionalmente são feitos sob encomenda, como discos de obsidiana devidamente emoldurados, também é possível que façamos nossos próprios espelhos. E aqui, no texto de hoje, darei alternativas para que você possa fazer o seu próprio espelho negro, assim como um exemplo de consagração e três de utilizações para que você possa desenvolver suas próprias experiências! Vamos lá?

Criando o Espelho

Aqui, o primeiro passo é procurar um bom porta-retratos. Preferencialmente, um que tenha uma boa película de vidro para proteger as fotos. Pois é esse vidro que iremos transformar em um espelho. O tamanho, o formato e o tipo de moldura ficam completamente ao seu gosto. Com ele em mãos, busque também tinta ou fita isolante, ambas pretas.

Pegue a película de vidro e, do lado em que ela estaria em contato com a foto no porta-retratos, a pinte de preto. Ou aplique a fita isolante, para obter o mesmo resultado. Coloque o vidro de volta na moldura, com a parte pintada para dentro. E pronto, você já tem um espelho negro! Se você quiser pintar também a moldura, ou estilizá-la, fique a vontade. Deixe sua criatividade aflorar, afinal, será o seu instrumento personalizado. O da foto que ilustra esse texto, por exemplo, foi pintado de dourado!

Consagrando o Espelho

Indico que essa consagração seja feita durante as luas negra ou nova, de noite. Se você gosta de usar as correspondências planetárias dos dias da semana e horários, você pode fazê-la as segundas, em horários pertencentes a Lua ou a Mercúrio. Então, com o espelho já pronto, escolha a data e o horário em que você fará a consagração de antemão.

No dia e hora escolhidos, faça um chá bem forte de Artemísia e tenha um pano macio e limpo em mãos. Os deixe perto do espelho, no local onde você fará a consagração, e tome um bom banho. Saindo dele, coloque roupas limpas, e comece a ritualística. Faça o Círculo, preferencialmente perto de uma janela ou porta em que você consiga ver o céu noturno. Ou, se você tiver espaço e privacidade para isso, em uma área externa.

Com o Círculo ativado ao seu redor, se sente ao centro dele com o espelho, o chá de Artemísia e o pano a sua frente. Então, chame por Lilith:

“Lilith, neste momento e hora, eu te convido a estar comigo no centro deste Círculo. Guia-me, inspira-me. Que a sua força flua por minhas mãos, por minha mente, através da minha boca. E que aqui eu possa, junto a ti, consagrar este espelho negro como um instrumento poderoso, através do qual um portal se fará entre este mundo e os mundos que estão além.

Que através dele suas grutas sejam acessadas, e que eu viaje sob sua proteção por mundos e dimensões. Que em sua escuridão falem comigo as sombras, espíritos de poderosos mortos, e que aqueles a que eu chamar possam a mim aparecer e se manifestar. Que em sua contemplação eu adquira sabedoria e conhecimento, me desenvolvendo em minha jornada e em meu caminho. Que o abismo eu possa contemplar, e que seus sussurros por mim desvendados possam ser.”

Respire e expire profundamente três vezes, se concentrando no momento presente e no que você está criando. Então, delicadamente, aspirja o chá no espelho, o impregnando com sua energia. Com os dedos indicador e médio da sua mão dominante, então, trace um pentagrama invertido em sua superfície, falando:

“Desperta, venha a vida. Neste momento, te crio. Nesta noite, poder te dou. Que em ti se abram as portas para o incognoscível. Portal para as sombras, ponte entre mim e os planos que estão tanto acima quanto abaixo, entrada para a manifestação de poderosos seres e espíritos. Que através do seu reflexo se mostrem as faces do abismo, sussurrando segredos, desvendando o porvir, e me instruindo em sabedoria e poder.”

Erga-o em direção ao céu noturno e fale:

“Da noite sejas filho, de mim sejas um aliado, e que juntos possamos estar entre mundos, indo de encontro e convidando em comunhão. Pela escuridão que nos cerca, pelo poder que em minhas veias flui e pelas bênçãos de Lilith. Que assim se faça!”

Neste momento, desenhe um símbolo, ou faça um gesto diante dele, que será o código que o ativará e abrirá o portal que ele é. Assim como outro para o fechar. E diga, para ele, que ele só poderá aberto ser quando aquele gesto, ou símbolo, você fizer. Se fechando logo após que você fizer o gesto ou símbolo de bloqueio, depois que terminar seu uso. Limpe e seque-o novamente com o pano limpo e agradeça a ele e presença e o poder de Lilith, encerrando o Círculo devidamente. Se sentir que é adequado, deixe uma oferta a Lilith logo após finalizar seu trabalho. E guarde seu espelho em um local seguro, não deixando que ele pegue sol dali em diante e o usando apenas dentro das suas práticas com cuidado e respeito.

Utilizando o Espelho

O primeiro exercício aqui sugerido será uma forma simples de scrying, ou seja, de divinação usando uma superfície reflexiva. No scrying exercitamos nosso olhar para que possamos olhar através da realidade, e não apenas para ela. Quando olhamos para as coisas normalmente, em nosso dia a dia, olhamos para a vida, mas quando usamos um ponto, como um espelho negro, para olhar através dela, suavizamos nosso olhar para que ele capte outro tipo de conhecimento e acesse outros níveis de existência.

Então, para realizar o exercício aqui sugerido, de noite, preferencialmente de madrugada, pegue seu espelho negro e o coloque em seu altar, ou em um espaço devidamente limpo e separado para isso, entre duas velas. Elas devem estar um pouco atrás do espelho, de forma que sua luz não seja refletida por ele. A cor delas, para este exercício, não é vital, afinal, elas serão usadas apenas como fonte de luz ambiente. Mas você pode usar velas roxas, azul escuro ou mesmo negras se desejar. Deixe a sua disposição também um caderno e uma caneta para anotações.

Faça o Círculo, sente-se confortavelmente diante do espelho, e respire e expire profundamente pelo menos três vezes para se colocar no momento presente. Relaxe os ombros, o maxilar, e se concentre. Faça o símbolo que abre o espelho, dizendo para o que você o abre. Seja obter a resposta de uma pergunta, entender algo, receber um insight ou mesmo se comunicar com algo. Você pode pedir a benção e a proteção de Lilith novamente neste momento, se o desejar.

Então, relaxe seu olhar enquanto observa o espelho, deixando que a experiência flua por si só. O scrying é um exercício contemplativo por natureza. Sendo necessários tanto o relaxamento quanto que você se abra ao processo.

Se você não tem certeza se conseguiu suavizar seu olhar da forma correta a prática experimente colocar um dos seus dedos entre o seu olhar e a tela onde você está lendo esse texto agora. Troque seu foco do dedo para o texto e perceba a sensação produzida. Então, abaixe o dedo e tente olhar para onde ele estava, sem focar no texto. Foque seu olhar neste ponto vazio. Essa é a mesma sensação visual necessária para o scrying. Você terá seu olhar voltado ao espelho, mas, ao mesmo tempo, para um ponto vazio nele, o que te permitirá penetrar na sua escuridão com seu olhar sem dificuldades. Deixando que seus olhos descansem, relaxem, e que a mente se acalme, entrando em transe. É neste estado que as percepções e visões ocorrem.

A maestria vem com a prática, então não se cobre demais no começo. Apenas relaxe e se permita. Ao final, anote suas impressões, sentimentos e percepções. Agradeça, faça o gesto de bloqueio para fechar o espelho, e encerre o Círculo devidamente.

Contatando um daemon

O segundo exercício será para aqueles que desejam um método mais simples e fluido de estabelecer um primeiro contato com um daemon. Sua estrutura é a mesma do primeiro, coloque o espelho negro entre as velas, faça o Círculo, sente-se confortavelmente diante dele e relaxe. A diferença é que, aqui, você colocará o sigilo do daemon entre você e o espelho. Você pode o desenhar, o imprimir, ou o ter confeccionado de outras formas. Só garanta que ele seja de um tamanho apropriado para que você consiga olhar para ele sem esforço e vê-lo bem definido a meia luz das velas.

Procure se concentrar apenas em sua própria respiração por alguns minutos, acalmando sua mente. Então, relaxe seu olhar e observe o sigilo. Tente o observar pelo máximo de tempo possível sem piscar. Com a baixa iluminação, conforme você descansa os olhos e a mente, as linhas do sigilo começarão a sumir e a voltar na sua visão como uma ilusão ótica. Neste ponto, diga suavemente o nome do daemon e peça para que ele venha ao Círculo, junto a você, através do espelho. Então, assim como você fez com o sigilo, olhe para o espelho com o olhar relaxado. Diga o nome do daemon novamente e peça para que você possa o vê-lo e com ele se comunicar. Se acalme uma vez mais, e repita o processo caso seja necessário. Indo da contemplação do sigilo a contemplação do espelho, chamando gentilmente pelo daemon.

Neste processo, você entrará facilmente num transe que dará a sensação de que você está sonhando acordado. Você pode começar a sentir uma presença perto de você, ver ou ouvir algo. Assim que isso acontecer, se apresente educadamente ao daemon e diga o motivo de estar o chamando. A partir deste ponto, procure aguçar seus sentidos para receber quaisquer respostas ou sinais da parte do daemon e estabelecer seu contato com ele. Ao final, agradeça a presença do daemon e peça que ele parta amistosamente, e que exista paz entre você e ele. Faça o sinal de bloqueio para fechar o espelho e abra o Círculo da forma devida. Anote todo e quaisquer sonhos que você tiver nesta noite.

Se aparentemente nada acontecer, mesmo assim agradeça o daemon, peça que ele parta em paz, e feche tanto o espelho quanto o Círculo adequadamente. Não é incomum que, se trabalhar com espelhos for uma novidade para você, seja necessário repetir o ritual algumas vezes até ter resultados satisfatórios. Seja paciente consigo mesmo e vá com calma.

Dê um intervalo de, pelo menos, três dias entre um exercício e outro para não se sobrecarregar. Observe seus sonhos, fique atento a possíveis sinais e, caso você não se sinta seguro em algum ponto, não insista demais. Este não é um método feito para que você obtenha contato por imposição. Então, seja educado e se resguarde.

Na Goetia

A base do primeiro exercício pode também ser usada dentro da Goetia, após o primeiro contato com o daemon ser firmado. Tanto dentro da Goetia Salomônica quanto da Luciferiana, após o primeiro contato ser formalizado entre o praticante e o espírito e ele for ligado ao vaso, ou urna, é através do espelho negro que a comunicação entre ambas as partes continua.

Então, para a prática goetica, faça devidamente o primeiro rito no Círculo, ligue o daemon ao vaso e, após este processo estar feito, utilize o espelho negro para contata-lo, como foi passado no primeiro exercício acima. Neste caso, ao fazer o gesto para abrir o espelho, especifique que está o fazendo para se comunicar com o daemon com o qual você está lidando. Peça para que ele venha até você através do espelho, e que você possa vê-lo e se comunicar com ele apropriadamente.

Aqui, prefira fazer isso sempre um pouco antes de ir dormir. Já que, além do espelho, os sonhos são muito usados pelos daemons para se comunicar com os seus praticantes e podem trazer informações para além do que você conseguiu captar durante o exercício.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Primeiros passos – Interpretando sinais

Fonte: Acervo pessoal

Quando falamos sobre espíritos, é muito comum que o primeiro foco esteja em como nós podemos entrar em contato com eles. Existe uma vasta literatura e um mar de conteúdos sobre diversas abordagens, rituais, correspondências e técnicas que podemos aplicar para entrar em contato com o plano espiritual e seus seres. Mas, na via oposta, você saberia identificar quando um ser espiritual está tentando se comunicar com você? Você sabe identificar os indicadores de que as forças que você está chamando realmente estão respondendo a você? Afinal, comunicação é uma via de mão dupla. Precisamos ser ouvidos e entendidos na mesma medida que precisamos saber ouvir e compreender.

Como estamos no Guia, o foco aqui será para a maneira como os guias e seres alinhados a Corrente do Adversário se comunicam. Em principal, os daemons. E eu gostaria de iniciar essa conversa trazendo a consciência de que nenhum de nós evoca ou invoca seres tão específicos quanto os daemons “acidentalmente” vendo filmes de terror, ouvindo certos tipos de música ou até mesmo através de pensamentos intrusivos de nossas mentes. Daemons não surgem com tanta facilidade quanto a cultura pop ou algumas figuras religiosas gostam de fazer parecer e, se um deles de fato se encontra em algum lugar, pode acreditar que é porque foi devidamente e propositalmente chamado para estar ali.

Nos casos onde, de fato, parte deles o primeiro movimento em iniciar contato com alguém é porque, de alguma forma ou por alguma circunstância muito específica, existe alguma ligação entre essa pessoa e o daemon em questão. O que sempre merece a devida atenção e investigação sobre. Como discorremos no último texto, que você pode ler aqui, sobre os motivos pelos quais tanto nós quanto figuras de Esquerda podemos estabelecer contato uns com os outros. Então, comecemos sabendo que estes contatos não acontecem nem sequer por acaso e nem sequer sem motivo algum.

Agora que estes esclarecimentos foram devidamente feitos, comecemos pelo tipo de contato mais comum: o que nós iniciamos através das estruturas ritualísticas de nossa escolha. Aqui, o interesse parte de nós. Pesquisamos, escolhemos um daemon, a abordagem que iremos usar, preparamos nossos materiais, escolhemos uma data, preparamos a nós mesmos e o local e tentamos estabelecer o contato. Quais sinais podemos ter de que o daemon realmente nos ouviu e se aproximou de nós?

Em primeiro lugar, olhemos sempre para os sinais físicos. Daemons possuem uma assinatura energética muito particular e impossível de ser ignorada tanto pela sua densidade quanto pela sua força. Como seres densos, eles facilmente podem afetar tanto os nossos corpos quanto a matéria ao nosso redor. Nisto, manifestações podem ser vistas e sentidas. Em relação aos nossos sentidos e ao nosso corpo físico podemos experienciar um peso atmosférico anormal no recinto quando um deles se faz presente. Como se a gravidade tivesse ficado cinco vezes mais forte, como se o ar tivesse se tornado rarefeito como no topo de uma montanha. Ondas de calor, ou frio, também são normais. Tanto em nossos corpos quanto no recinto em que estamos, com súbitas e inexplicáveis quedas ou subidas de temperatura. Podemos também ter os nossos sentidos mais sensibilizados, tendo arrepios em nossas espinhas e nossos pelos corporais eriçados como se estivessem sob o efeito de eletricidade estática.

No meio podemos ter viradas súbitas do clima com ventanias e tempestades. A agitação notável e sonora de animais pela vizinhança, com a presença específica de uivos, assim como o surgimento de animais ligados ao daemon. Barulhos pela casa, o escurecimento repentino do local onde estamos, o aumento anormal das chamas das velas que usamos e figuras surgindo através da fumaça dos incensos também são possíveis. Podemos sentir dores físicas específicas, em nossa fronte ou coluna, e podemos experimentar sudorese, arritmia, tonturas e enjoos. Para os praticantes que possuem algum nível de mediunidade também é possível ouvir a voz do daemon surgir no ambiente ou vê-lo através do uso de espelhos negros e similares.

Enquanto é verdade que é raro termos todos esses sintomas e sinais ao mesmo tempo desde a nossa primeira tentativa, todos eles são possíveis. É importante termos de antemão o método pelo qual nos comunicaremos com o daemon durante o ritual para estabelecermos o contato com sucesso e, na ausência de qualquer tipo de sinal, sabermos se fomos realmente ouvidos e seremos atendidos ou não.

Nos dias seguintes ao rito também é possível que o daemon entre em contato conosco através de sonhos. Assim como é comum que notemos pequenas sincronicidades agindo em relação ao que pedimos. A presença ou o aparecimento de animais ou insetos correlacionados ao daemon em questão também pode ser notada por semanas. Outro ponto comum é termos ressaltado em nós a própria energia do daemon.

Nisto, podemos notar um interesse súbito em áreas que são de domínio do daemon, seja o estudo por alguma área específica ou até mesmo por transitar em determinados locais. Se o contato foi feito com um daemon que rege assuntos relacionados a sexualidade, iremos notar um acréscimo ao nosso magnetismo, bem como um aumento da nossa libido. Se o contato foi feito com um que rege a ira e a violência é possível que nossa energia e disposição gerais melhorem bastante mas, ao mesmo tempo, podemos nos tornar mais facilmente e mais intensamente irritáveis, por exemplo. Aqui é importante prestarmos atenção aos detalhes e, claro, anotar todas as facetas das nossas experiências.

O segundo tipo de contato, raro para a população em geral mas provável para aqueles que são alinhados a Esquerda, é aquele onde temos o movimento contrário. Nele, é o daemon que busca nos alcançar através de algum meio, e não o oposto. Então, quais sinais podemos ter de que um daemon está tentando se aproximar de nós?

Aqui temos muito mais variáveis. Cada daemon possui padrões de comportamento muito próprios e a maneira como eles podem entrar em contato com alguém pode variar bastante de um para outro. Mas, invariavelmente, algumas semelhanças podem ser notadas, por estarmos falando de uma classe de seres em comum. E, para nós, o mais óbvio e facilmente identificável continua sempre sendo o peso e a densidade característica que eles carregam em si.

Mesmo se você não tiver naturalmente a capacidade de sentir energias ao seu redor, se você entrar em um cômodo onde um deles está, você sentirá uma pressão e uma força que te dirão que alguma coisa está acontecendo ali fora do comum. Sensações de peso, dores pelo corpo com foco na cabeça, ombros e coluna podem acontecer. Assim como zumbidos nos ouvidos e, novamente, enjoos e tonturas, como já relatamos aqui. São sintomas que podem acontecer pois o nosso organismo não é naturalmente preparado para lidarmos com energias do porte das deles.

O surgimento e a presença constante de certos animais e insetos seguem sendo sinais tradicionais. Como os pássaros escuros e as corujas para Stolas, os cavalos para Orobas e as moscas varejeiras para Belzebu, por exemplo. Sonhos e sincronicidades são meios usados por quase todos. Você pode, do nada, começar a ter mais sorte e magnetismo ou, na via oposta, passar por uma verdadeira onda de desventuras em série, com acidentes acionando seus alertas internos. O foco aqui é quebrar nossas rotinas e nos fazer notar que algo fora dela está tentando chamar nossa atenção. Podemos sentir impulsos básicos e instintos sendo desproporcionalmente ativados em nós, fora do que seria o nosso natural, como temos através do aumento da libido, da ira, da gula e até mesmo da indisposição proporcionados por daemons que regem essas características. Quando um daemon deseja chamar a nossa atenção ele irá. Através dos meios que ele sabe que mais se destacarão para cada um de nós.

Existem daemons mais diretos, sem rodeios, que se apresentam de cara e com todo peso de suas energias, como é comum vermos nos relatos sobre Asmodeus e Belial. Outros, principalmente aqueles que são djinns, tem por costume colocarem mais enigmas e pistas para serem desvendadas, como Paimon, por exemplo. Mas todos nos puxam de nossas vidas habituais, quebrando nossas rotinas e nos tirando daquilo ao qual estamos acostumados.

Essas quebras podem, por vezes, serem caóticas e desorientadoras. Podem vir acompanhadas de pesadelos, paralisias do sono, atividades paranormais ao seu redor. Mas, por outras vezes, podem ser instigantes. Trazendo novos interesses, realizações súbitas sobre assuntos que antes fugiam ao seu entendimento e mudanças emocionais. De qualquer forma, é no oferecer de testes e provocações que eles analisam qual é a índole tanto de quem está batendo a porta deles quanto de quem eles procuram, nos dando uma prévia das suas próprias naturezas e jeitos de agir. O esforço e a dedicação do praticante em os entender e juntar todas as peças, então, se tornando parte importante tanto do processo quanto para o entendimento das suas mensagens como um todo.

Afinal, esforço é algo que faz parte intrínseca do caminho com eles. Sem que, no entanto, nos seja oferecido algo impossível de ser lidado ou decifrado. Conscientes dos recursos que cada pessoa que os buscam tem, eles fazem com que nos esforcemos, mas nunca nos dão algo para além das nossas próprias capacidades. Alguns exigem mais do que outros, é verdade, mas as coisas sempre se adaptam a cada caso. E não, eles não irão pedir sua alma, seu primogênito e nem recursos materiais além da sua realidade. O que é exigido é comprometimento pessoal, e que isso fique bem claro.

Oráculos, como já citado, são os nossos faróis em meio ao caos. E sempre manter anotadas todas as nossas experiências nos ajuda a formar uma consciência mais detalhada e precisa sobre o que acontece ao nosso redor. Então, nunca descuide das suas anotações e tenha consigo métodos oraculares para conseguir te ajudar em sua jornada, como este aqui.

Até mais!

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Métodos do Tarot – Descobrindo o Guia

Fonte: Arquivo pessoal

Tem um monte de coisas acontecendo ao seu redor, você sente que tem alguma figura espiritual chamando, mas não consegue descobrir quem é e do que se trata? Os dois métodos oraculares apresentados a seguir são para ajudar exatamente nesse tipo de situação. São dois jogos feitos com seis cartas cada e na mesma disposição, formando um pentagrama invertido cuja finalidade é trazer as informações que estão apenas no astral para cá, até nós, de forma que possamos decodificá-las. O primeiro tem como foco identificar o Guia ou figura espiritual em si, trazendo a tona suas características e como é sua energia em geral. O segundo foca em como essa energia nos afeta, pessoalmente. Em ambos temos as intenções e objetivos dessa figura para conosco. Então, se baseando no esquema ilustrado nas fotos a seguir, escolha um dos esquemas e os faça sem medo!

Descobrindo o Guia 1

Descobrindo o Guia 1:

  • Carta 1 – Testemunho Começando pela carta do Testemunho, na primeira posição deste jogo entramos em contato com as principais características do Guia que se apresenta. É uma presença feminina, masculina ou ambígua? Traz energias solares, noturnas ou ligadas ao submundo? É uma presença divina, infernal ou completamente outra coisa? Aqui os principais traços serão apresentados.
  • Carta 2 – Energia que transmite Aqui vemos qual é o tipo de energia que essa figura transmite. É uma energia leve ou densa? Essa energia inspira, deixando as pessoas sob sua influência mais criativas? Dá sorte, de forma que pequenas alegrias acompanhem quem a tem consigo? É uma energia fortemente sexual que aumenta a libido e o poder de atração de quem se alinha a ela ou é uma energia marcial que pode sobrecarregar quem não dê vazão a ela?
  • Carta 3 – Natureza Nesta posição vemos se estamos lidando com um trickster, de natureza astuta e mutável, ou se é uma figura mais séria, ligada as leis, por exemplo. Este Guia é uma figura extrovertida ou é mais reservado? Seria confiável ou não? Com quais elementos e temas costuma trabalhar? Ao que se alinha?
  • Carta 4 – Como se comunica Esse Guia gosta de se comunicar através de sonhos? Ele te chama a atenção através de diversas sincronicidades? Ou será que ele faz você receber do nada respostas através de outras pessoas?
  • Carta 5 – Aquilo que faz Aqui temos como é a parte prática da sua ação. Pode ser um Guia que acelera todos processos pelos quais você ainda deve passar, fazendo sua vida virar um completo caos por meses até tudo se resolver e você finalmente conseguir se catapultar pra frente. Pode ser um Guia que trabalha intensamente com o lado subjetivo e emocional daqueles que estão com ele, então esperar conteúdos relacionados surgirem para serem resolvidos é certo. Se é um trickster, espere os testes mais criativos pelos quais você já passou. Se é um Guia ligado a magia ou a necromancia, pode acreditar que ele te ensinará e beneficiará através dessas artes. Pode ser uma figura que destrói para depois reconstruir, que ensina através da luta e das dificuldades, ou uma figura mais suave que ensina através do cuidado e do carinho.
  • Carta 6 – Por qual motivo e com qual intenção Por fim, aqui entendemos por qual motivo este Guia está entrando em contato com você. E esses motivos podem ser os mais variados o possível. Da mesma forma das suas intenções. Analise essa posição com cuidado para ver se é algo interessante para você ou se é algo com o qual você seria capaz de lidar, levando em consideração tudo que você já viu sobre sua natureza e formas de atuação anteriormente.
Descobrindo o Guia 2

Descobrindo o Guia 2:

  • Carta 1 – Testemunho Aqui, assim como no primeiro jogo, começamos pela carta do Testemunho. Onde entramos em contato com as principais características do Guia que se apresenta. É uma presença feminina, masculina ou ambígua? Traz energias solares, noturnas ou ligadas ao submundo? É uma presença divina, infernal ou completamente outra coisa? Aqui os principais traços serão apresentados.
  • Carta 2 – Através de qual meio Na segunda posição temos os meios pelos quais esse Guia está entrando em contato com você. É através dos seus sonhos, da sua mediunidade? Ou será que é através de pequenas sincronicidades do seu dia a dia?
  • Carta 3 – De que forma Na terceira posição vemos de que forma ele está usando os meios que vimos na segunda carta. Se você viu que o Guia está usando seus sonhos como meio, aqui você verá como ele está se mostrando através deles. Se é através da sua mediunidade, talvez ele possa estar deixando ela mais aflorada. Se saíram as sincronicidades, aqui elas possam ser amigos seus do nada mencionando ou falando sobre esse Guia com você enquanto, ao mesmo tempo, você encontra livros ou outros materiais sobre ele e por aí vai.
  • Carta 4 – Causando o que Na quarta posição vemos o que essa aproximação tem causado. Os sonhos podem estar fazendo você ter noites de sono picadas, te deixando mais cansado. A sua mediunidade ser mais aflorada pode estar te dando zumbidos nos ouvidos aleatoriamente. Dentro das sincronicidades você pode estar tendo um influxo maior de pequenas sortes no seu dia a dia ou estar atraindo a presença de certos animais que são ligados a este Guia com mais facilidade. A proximidade com a energia dele pode estar te deixando mais sensível, pode estar aumentando a sua libido ou te sobrecarregando.
  • Carta 5 – Pra que Na quinta posição então vemos qual é a função deste contato. Este Guia está se aproximando desta forma para que você desenvolva alguma habilidade sua como, justamente, a mediunidade que ele vem mexendo? Ou é para te treinar em algum tipo de conhecimento que você precisa e que ele domina? Através desse contato você terá ajuda, bênçãos, evolução, proteção ou algum tipo de chocalhão pra te acordar pra vida? Talvez possa ser um espírito ligado a sua família, por exemplo, desejando iniciar algo com você relacionado a sua linhagem. Ou um daemon, interessado em te mostrar como trabalhar melhor com questões ligadas a sua regência através de algum acordo que você faça com ele e por aí vai. Aqui o foco é operacional.
  • Carta 6 – Com qual intenção Na sexta e última posição, por fim, desvendamos com quais intenções este Guia está propondo o que propõe. Aqui temos o sentimento que motiva sua aproximação. Este Guia pode sentir uma afeição genuína por você e, por isso, querer se colocar como um protetor. De uma forma mais fria e profissional, ele pode apenas ter percebido que você precisa de um professor em uma área que ele domina e quer oferecer ajuda. Ele pode achar que você está muito acomodado e, com alguma malícia, querer causar o caos para que você volte a se movimentar. Ao contrário, ele pode te achar muito caótico e querer oferecer ajuda para que você consiga se organizar ou, quem sabe, no exemplo do espírito ligado a sua família, ele pode estar fazendo sua proposta porque sente muito carinho por você e por aí vai também. Aqui desvendamos os motivos.

Apesar dos jogos terem sido feitos com oráculos de cartas em mente, você é livre para usar o tipo de oráculo que desejar. Desde que o conheça bem o suficiente para ir além do óbvio em cada uma das posições. Não tenha pressa para fazer a interpretação de nenhum destes jogos, ou de ambos se desejar fazer os dois. Anote tudo que sair. Faça suas pesquisas e, para tirar suas conclusões finais, não esqueça de levar sua intuição e o seu coração em conta!

Até mais!

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Primeiros passos – Um exercício oracular

Fonte: Arquivo pessoal

Como vimos no post sobre organização pessoal, pequenas coisas feitas com regularidade e o estabelecimento de rituais diários trazem mais estrutura e resultados no início do nosso caminho do que nos sobrecarregarmos com coisas demais. E uma dessas pequenas coisas, que eu gostaria de indicar para aqueles que puderem se comprometer a fazê-lo com assiduidade, é este exercício oracular.

Ele é ideal tanto para quem está começando como para quem está focando em um caminho específico dentro da Mão Esquerda e/ou já possui um guia ou patrono em sua jornada. Você pode fazê-lo diariamente, o que eu aconselho mais, mas também pode fazê-lo uma vez por semana. De preferência no início dela. Escolha um momento em que você terá pelo menos 15 minutos para o fazer com calma e sem ser interrompido, num local calmo e privado. Se você tiver um altar pessoal, faça nele. Se não tiver, garanta apenas que seja um local seguro e particular.

O exercício

Sente-se no local escolhido confortavelmente e se concentre inspirando e expirando profundamente. Acenda uma vela simples pedindo proteção e orientação, e peça para que os guias do seu caminho estejam com você, para que eles te mostrem o que for necessário no momento. Então pegue algum oráculo que você tenha e tire um conselho. Se for um oráculo de cartas, você pode fazer uma tiragem simples de três cartas. E este será o seu conselho do dia, ou para a sua semana.

Reflita sobre o que sair. Você pode anotar e manter registro dessas tiragens a cada semana no mesmo caderno que você usa para fazer as anotações e estudos da sua jornada espiritual, se assim você o quiser. Ao final, agradeça. Guarde seu oráculo. E apague a vela. Você pode a guardar junto ao oráculo e a acender só para a realização deste pequeno exercício. E está feito.

Simples, não é mesmo? É algo que não gastará muito do seu tempo e trará, se feito com regularidade e consistência, uma excelente conexão entre você e o seu próprio caminho. Bem como também com seus guias.

Se você for um satanista teísta, você pode ter esse momento como seu momento diário ou semanal de conexão e contato com Satã. Assim como, se você for um luciferiano teísta, você pode ter esse mesmo exercício como seu momento diário, ou semanal, para conversar com Lúcifer. O mesmo pode ser dito a respeito de outros caminhos, com outros guias ou figuras patronais que você tiver. Se você quiser acrescentar algo, você pode recitar alguma oração ou algum pequeno texto devocional relacionado ao seu caminho antes de tirar o seu conselho. É o seu momento de conexão, você pode personalizá-lo conforme a sua crença e prática.

Eu aconselho que, se estiver dentro das suas possibilidades, você tenha esse exercício, seu momento de meditação e um tempo para seus estudos todos os dias. O trio momento de conexão, meditação e estudo, se feitos todos os dias, irão te garantir uma boa estrutura e avanços naturais em sua jornada. Se você não dispor de tempo para este trio diariamente eu indico que, no mínimo, você tenha um dia marcado em sua agenda para fazê-lo uma vez por semana, todas as semanas. Lembre-se sempre que é a regularidade que nos fundamenta.

Observação específica para aqueles que trabalham com Infernais: Se você possui entidades infernais no seu caminho você sabe que a energia deles é extremamente particular, densa e única. Quando eu comecei a fazer esse exercício oracular todos os dias eu percebi que seria melhor, no meu caso, reservar um baralho só para ele e para a minha comunicação com os infernais ao invés de usar com eles baralhos que eu usava também para outras coisas. Foi por isso que eu comprei o Goetia -Tarot in Darkness da Lo Scarabeo, que ilustra a maioria dos meus post aqui no blog sobre a Mão Esquerda. Por causa da necessidade de ter um oráculo reservado apenas para eles. E você pode sentir que será conveniente fazer a mesma coisa. Afinal, aquilo que usamos com Infernais, é bom que seja usado apenas com eles. Você não precisa comprar o mesmo deck que eu comprei, você pode reservar um que você já tenha só para isso. Mas se você sentir a necessidade de reservar algo só para eles, se ouça e reserve.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Primeiros Passos – A importância dos oráculos

Cartas do Tarô das Sombras de Linda Falorio e do Goetia – Tarot in Darkness de Fabio Listrani

Como colocado no post Oráculos – O que são?, as artes divinatórias sempre estiveram em destaque quando falamos de espiritualidade. E aqui, no Guia prático da Mão Esquerda, seria impossível não falarmos delas.

Se você não possui nenhum oráculo e está começando no seu caminho espiritual agora conforme estuda esse Guia, essa é uma excelente hora para pesquisar e adquirir o seu primeiro. Mesmo que você não pense em se especializar profundamente e nem queira futuramente ser capaz de atender outras pessoas, é importante que você tenha um método divinatório que você consiga usar consigo mesmo. É através de nossos oráculos que verificamos nosso desenvolvimento espiritual, ampliamos a nossa consciência sobre nós mesmos e sobre as situações que nos cercam e conseguimos nos comunicar com nossos guias, guardiões e divindades.

Principalmente se você estiver sozinho no momento, sem uma Ordem ou grupo específico que te guie, é importante que você cultive a autonomia de poder consultar o que precisar por si mesmo. Quando eu comecei minha jornada espiritual, anos atrás, não tive logo de cara a ajuda de um sacerdote ou comunidade confiável, muito menos possuía dinheiro para me consultar com algum oraculista de fato. Foi em meio a necessidade de me virar por mim mesmo que eu me deparei e me apaixonei pelo meu primeiro oráculo, um Petit Lenormand. Eu não tinha com quem contar, então precisava ser capaz de buscar minhas respostas e verificar as coisas por mim mesmo. Com o tempo, eu fui fazendo contatos e desenvolvendo minha própria rede de apoio. No entanto, esse início independente me ajudou sobremaneira a não depender demais dos outros e a saber me virar sozinho. E isso é essencial nas nossas jornadas.

Irão existir muitos momentos em que será bom que você consulte alguém de confiança, mas terão muitos outros em que isso simplesmente não será possível e você deverá saber como suprir suas próprias necessidades sozinho. Isso vai desde verificar se aquele sonho ou aquela experiência destacados do comum que você acabou de ter foram ou não um sinal ou alerta até coisas mais complexas que, pela seriedade, é bom que você não compartilhe com ninguém. Vão existir detalhes e pontos no seu trabalho com seus guias que devem ficar apenas entre eles e você. Assim como feitiços e trabalhos que, para a sua segurança, só você deve saber que os realizou. Então não dependa exclusivamente de outras figuras para fazer a ponte entre o espiritual e o material e verificar as coisas para você, escolha um oráculo para si, o estude, pratique e tenha sua própria autonomia.

Isso se faz valioso principalmente dentro da Mão Esquerda, onde trilhamos vias de independência e de autossuficiência. Justamente por ser um caminho individual ao invés de coletivo, a Via Sinistrae exigirá que você ande com suas próprias pernas. Mesmo que você tenha um guia, um templo ou faça as coisas acompanhado de outras pessoas o seu processo será único e a forma como você irá vivenciar a Mão Esquerda será exclusivamente sua. O seu trajeto terá simbolismos, cores, informações e momentos só seus então você deve saber os interpretar e dialogar com sua própria jornada por si mesmo.

Se você gosta de cartas, assim como eu, neste post eu disponibilizei alguns pontos para te ajudar a escolher o seu primeiro baralho. E neste aqui está um pequeno exercício de conexão que você pode fazer com ele todos os dias dentro da sua rotina espiritual diária. Espero que te ajudem!

Até mais.

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O que são as Runas

Meu primeiro conjunto de runas, feito manualmente e especialmente para mim como um presente – Arquivo pessoal

As runas, como as conhecemos hoje em dia, constituem um alfabeto que era usado para se escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte (com destaques para a Escandinávia, as Ilhas Britânicas e a Alemanha) do séc II ao XI. Sua descoberta se deve aos achados arqueológicos das runsten, grandes pedras com inscrições rúnicas, datadas desde a Época Viquingue até o séc XII. Foram encontradas até agora aproximadamente 6.000 delas com destaque para a Suécia (onde foram encontradas aproximadamente 2.500) e para a Noruega (onde temos o achado de 500 pedras rúnicas diferentes). Em menor quantidade também existem achados de ossos, pergaminhos, placas metálicas e peças de madeira com inscrições rúnicas. As inscrições mais antigas que temos delas datam do ano 150. E mediante o avanço do cristianismo na Europa Central, por volta do séc VI, elas foram aos poucos sendo substituídas pelo alfabeto latino.

O alfabeto germânico primitivo possuía 24 runas, sendo usado principalmente no que hoje é a Alemanha, a Dinamarca e a Suécia. É ele ao qual nos referimos atualmente como Futhark Antigo. O nome deriva do fato de suas primeiras seis letras formarem literalmente ‘F’, ‘U’ ‘Th’, ‘A’, ‘R’, e ‘K’ (ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ). Também temos o Futhark Recente, que sucedeu o Antigo na Escandinávia a partir do séc XI, possuindo apenas 16 runas e sendo conhecido também como Runas Escandinavas.

Seu uso para fins oraculares vem de algumas linhas de interpretação de trechos da Edda Poética, uma coleção de poemas em nórdico antigo preservados no manuscrito medieval islandês Codex Regius, datado como pertencente ao séc XIII. Em sua composição temos 11 poemas mitológicos e 19 poemas sobre figuras heroicas tanto nórdicas quanto germânicas. Mesmo com sua autoria permanecendo desconhecida até o presente momento ela é uma das mais importantes fontes históricas que possuímos sobre a mitologia nórdica em si, junto com a Edda em Prosa de Snorri Sturluson, historiador e poeta da Idade Média. E é em suas linhas que temos o mito da origem mágica das runas, provindo do auto sacrifício do deus Odin, que agonizou dependurado e mortalmente ferido na Árvore do Mundo, Yggdrasil, por nove dias e nove noites:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,

Lá balancei por nove longas noites,

Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odim,

Eu em oferenda a mim mesmo:

Amarrado à árvore

De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,

Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,

Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,

E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar

E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,

conduziram-me à terceira,

De um feito para outro feito.”

Com este mito, tendo sido os frutos do sacrifício de uma divindade, as runas teriam também uma conotação espiritual e sagrada. Ressuscitado e restabelecido, Odin as teria dado como um presente a humanidade. Elas são a benção da própria escrita. Mas também, para quem se relaciona com elas de forma anímica, elas podem ser portais de energia com as quais podemos ouvir o sussurro dos deuses e acessar sua sabedoria e magia.

Só é importante, no entanto, termos sempre em mente que tanto a Edda Poética quanto a Edda em Prosa surgiram muito tempo depois da Era Viquingue, sendo um erro histórico comum dizer que os Vikings usavam de fato as runas como os instrumentos divinatórios que as consideramos modernamente. Seus registros se ligavam muito mais a assuntos da vida comum como questões comemorativas, literárias, funerárias e laudatórias.

Existem aqueles que gostam de usar o seguinte trecho da obra Germânia de Tácito (98 d.C.) para apoiar um uso mais antigo das runas como oráculo: “(…) cortam uma vergôntea retirada de uma árvore frutífera em pequenos ramos e estes, diferenciados por certos caracteres, eles espalham a esmo e fortuitamente sobre um tecido branco (..) apanha um a um dos pequenos ramos por três vezes. Feito isso, ele os interpreta segundo o sinal gravado neles anteriormente” (Andrade, 2011, p. 19). Porém, aplicar esta descrição de Tácito a uma suposta leitura de runas é por si só bastante problemático pois a descrição dele seria de um período anterior ao que conhecemos como o período da criação e uso do alfabeto rúnico por no mínimo dois séculos.

Até onde temos comprovado, as runas enquanto oráculo são muito mais recentes, sendo difundidas principalmente nos meios neo pagãos. O surgimento da controversa “runa branca”, por exemplo, é oriunda do livro The Book of Runes de Ralph Blum, de 1987, um sucesso nos meios esotéricos de sua época e tido como referência até hoje, apesar do autor nunca ter afirmado que seus métodos eram comprovados historicamente. Sendo estudadas como oráculo ou como as preciosidades históricas de comunicação gráfica que são, as runas são fascinantes do seu próprio jeito. Principalmente para quem se interessa pela cultura nórdica e germânica! E você, já teve algum contato ou experiência com elas?

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