Resenha – Bruxaria Diabólica de Naamah Acharayim

Bruxaria Diabólica – Um Grimório de Feitiçaria Antinomiana de Naamah Acharayim – Fonte: Arquivo pessoal

Hoje a resenha será sobre uma das mais belas pérolas que temos no cenário da Mão Esquerda nacional, a Bruxaria Diabólica – Um Grimório de Feitiçaria Antinomiana de Naamah Acharayim. Um livro para todos aqueles que desejam se aventurar pelas veredas escuras da bruxaria como ela realmente é em sua essência: livre, selvagem e indomável.

Ficha Técnica

Autora: Naamah Acharayim

Editora: Manus Gloriae Editora

Idioma: Português

Páginas: 226

Ano: 2021

Sinopse do livro

A bruxaria em seu caráter mais visceral e transgressor, na qual o Diabo toma seu assento no centro do Sabá como o agente iniciador. A bruxaria como sendo a Arte Sem Nome, cujo ofício se manifesta na forma de feitiçaria. Adentre nos meandros mais primordiais e obscuros da feitiçaria, totalmente isento de designação moral, a bruxaria como uma árvore de muitas ramificações, cujas raízes se nutrem na escuridão inaudita. Ao longo de suas 226 páginas, são abordados temas como o uso de objetos diversos na feitiçaria, herbologia mística incluindo, além de uma introdução de caráter histórico, as artes dos venenos, iniciações, uso de sangue, necromancia, mundo onírico, a bruxaria como arte transgressora e diabólica, e muito mais! Os três últimos capítulos dão receitas prontas de feitiços, ainda que o intuito da obra seja deixar o leitor apto a caminhar com as próprias pernas, sendo assim, é um livro cujo conteúdo, lido com sabedoria e astúcia, fornecerá as bases para qualquer feitiço que se deseje realizar.

Resenha

Esse é um daqueles livros que você conhece de ouvir outras pessoas falarem sobre e, ao dar uma chance, não se arrepende. Foi o meu caso e, se você gostar do tema, será seu caso também. A escrita de Naamah nos faz sentir como se estivéssemos conversando com uma velha amiga que, página a página, nos ensina e nos guia através do caminho tortuoso da bruxaria. Inclusive, na introdução, ela já nos avisa desse viés dizendo de antemão que podemos ter uma sensação de “colcha de retalhos” ao lê-lo pelo fato do livro ser fruto do compilado de seus estudos e experiências ao longo de suas duas décadas de jornada. Entendi o motivo desta pontuação dela ao longo da obra, mas não acho que isso o desmereça de forma alguma ou o deixe tão colchinha de retalhos assim. É no sentir desse compartilhamento de anotações e vivências que sentimos proximidade com a autora e nos identificamos com ela, que não perde o caráter didático e objetivo, enquanto nos introduz num novo mundo pronto a ser explorado. A obra é muito gostosa de ler, super completa, e dá as bases ao qual se propõe.

Pontos Positivos

Eu indico esse livro de olhos fechados aos novatos e também aos mais experientes, visto que se lembrar das bases é algo essencial a todos, independente de onde estamos em nossas jornadas. Ele nos introduz tanto na parte histórica da prática quanto também ao que precisamos para dar nossas primeiros passos. Como montar um altar e um espaço ritualístico, como trabalhar com velas e diversos instrumentos assim como com óleos, tinturas, pós e ervas é ensinado tanto quanto o que precisamos para nos aventurar pelas veredas do mundo onírico e da necromancia. É um livro que possui sim algumas receitas, mas foca mais em ensinar você a construir as suas próprias, o que para mim é sempre um ponto extremamente positivo. Aqui não é sobre seguir, mas sobre construir seu próprio caminho, como deve ser.

Pontos Negativos

Vou dizer que os únicos pontos que eu posso citar de negativos ao longo da obra é ter desejado ter ainda mais dentro de alguns tópicos. Por exemplo, quando terminei o capítulo sobre feitiçaria verde e o ars veneficium fiquei com um claro gosto de querer ainda mais. Espero que a autora lance outros livros que mostrem mais do seu trabalho!

Acessibilidade: Ele está a venda tanto pela própria editora quanto pela Amazon. Para comprar diretamente com a Manus Gloriae é só entrar em contato com eles pelo ig @manusgloriaeeditora. Como se trata de uma editora nacional e independente eu reforço aqui o quanto é importante que, se tivermos a oportunidade, realmente incentivemos o excelente trabalho deles pagando justamente pela obra!

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Uma estrutura básica para rituais

Fonte: Arquivo pessoal

Ricos em simbologia e diversos em seus propósitos, os rituais são parte viva e integrante da prática das mais diversas vertentes, ordens, tradições e religiões. Neste contexto, eles são cerimônias onde se atribuem significados específicos a gestos, atos, fórmulas e símbolos com a intenção de se produzir determinados efeitos e resultados, ligando o seu praticante a expressão de espiritualidade que este professa.

Como sistemas de atividades organizadas, rituais tem sempre uma estrutura certa a ser seguida. Envolvendo ritos, etiquetas, regras, normas, costumes e estilos distintos dependendo da vertente e da cultura onde eles se encontram. Aqui no Guia darei uma estrutura básica e neutra que pode ser usada por praticantes da Mão Esquerda. A veja como um esqueleto, onde você poderá a ter como base para a organização da sua prática pessoal. Vamos lá?

1 – O estabelecimento do propósito

Todo ritual tem uma função específica. Seja celebrar alguma data ou período, entrar em contato com espíritos ou mesmo atrair ou repelir certas energias ou situações da vida daquele que o pratica, a finalidade é a primeira coisa a ser estabelecida. Saiba o que você deseja fazer e o por quê.

2 – A escolha do momento adequado

Sabendo o que exatamente você deseja fazer e por quais motivos, o próximo passo é escolher o melhor momento. Escolha sempre o período do ano, a fase da lua, o dia da semana e o horário mais adequados ao que você deseja fazer. Deseja fazer um ritual para atrair mais prosperidade a sua vida? Que tal uma noite de lua crescente num horário de Júpiter? Ou em um dia de domingo, em um horário de Mercúrio? Deseja causar prejuízos e doenças na vida de alguém? Você pode tentar a noite de uma terça, numa lua minguante, em um horário de Saturno. Deseja manipular uma situação ou alguém? Tente em um dia da Lua, em um horário de Mercúrio. Quer comungar com seus ancestrais? O Dia de Finados pode ser uma excelente data. Solstícios e equinócios tem, cada um deles, suas possibilidades. Assim como momentos astrológicos específicos. Se programe com antecedência e com intencionalidade.

4 – A organização

Na data escolhida, algumas horas antes, comece a organizar o espaço onde o ritual será realizado. O limpe fisicamente, dispondo nele todos os utensílios que serão utilizados. Vai usar ervas, velas, óleos, pantáculos? Já os separe. Vai vestir alguma túnica específica? Já deixe ela pronta. Todos os materiais e instrumentos do ritual devem ser adquiridos ou feitos com antecedência, estando separados e prontos a sua disposição.

3 – A purificação

Com tudo já devidamente arranjado, faça a purificação do local e de si mesmo. Faça a defumação adequada no ambiente, tome um banho simples ou um com as ervas mais apropriadas ao seu propósito. Se for usar alguma vestimenta específica, a coloque após seu banho.

5 – O Círculo

Com tudo devidamente pronto, no horário escolhido, comece então a fazer o Círculo adequado a sua operação. Pode, inclusive, ser o Círculo básico de Mão Esquerda disponibilizado aqui no Guia.

6 – O cerne do trabalho

Aqui é onde o trabalho de fato será feito. Comungue com as forças que você escolheu. Faça a sua magia viver. Lance as suas intenções e decrete os seus desígnios.

7- A despedida e o encerramento

Ao final do trabalho, agradeça e despeça as energias e seres convidados adequadamente. Desfaça o Círculo e encerre sua ritualística.

9 – O aterramento

Um ritual performado de forma adequada ergue e manipula uma grande soma de energias. É importante que, ao final de cada um, possamos nos desconectar de forma saudável deles, voltando nossa consciência ao mundano novamente. Para isso, o aterramento é essencial. Na estrutura do Círculo básico já temos bons exemplos a serem feitos então não deixe de os fazer.

8 – A limpeza

No final de uma ritualística, além do aterramento, é importante purificar o ambiente energeticamente mais uma vez e, em seguida, organizar novamente as coisas. Guarde o que precisar ser guardado, limpe fisicamente o que precisar o ser e arrume novamente as coisas.

10 – O registro

Fez o aterramento, limpou e organizou as coisas novamente? Descanse um pouco e faça o registro do seu ritual. Escreva todos os detalhes dele, o que você sentiu e a experiência que você teve. Anote também os efeitos e resultados que você sentir ou não nos próximos dias. Isso será muito importante para que você possa, aos poucos, saber com qual tipo de operação você consegue ter mais sucesso e aquelas que não dão tão certo assim para você. Com o tempo, através da observação e dos registros dos nossos erros e acertos é que refinamos as nossas práticas.

Nestes dez passos temos uma base simples, organizada e funcional para realizarmos uma verdadeira infinidade de ritualísticas. Podemos a usar para realizar desde rituais com objetivos mais básicos até para a adaptação de cerimoniais mais complexos como os da Goetia, por exemplo.

Em seu esqueleto operatório, a Goetia também inicia com o estabelecimento do propósito. O que você deseja e por qual motivo você deseja? Tendo seu intento claro em sua mente você então consultará, entre os 72 daemons, qual seria o mais indicado ao seu objetivo. Após a escolha entra o período de pesquisa mais aprofundada sobre o daemon em questão. Onde pesquisamos sua história, de qual cultura ele se origina, quais são suas correspondências (hierarquia, elemento, metal, cor, incenso, planeta, direção e etc), o que cada uma delas significa e o que elas dizem sobre sua natureza, em quais livros e obras ele aparece, vemos relatos de outras pessoas que já lidaram com este daemon antes e todo o mais possível. Isso ajudará não só na preparação mas a termos certeza de que o daemon escolhido é, de fato, o mais adequado para o que temos em mente.

Depois desse período de pesquisa o estabelecimento do momento adequado também é importante. As fases da lua, por exemplo, são destacadas como essenciais para o sucesso de uma operação goetica. Após a escolha do dia e da hora, entramos na preparação dos materiais, que são diversos. Com todos eles feitos (preferencialmente) ou adquiridos, entramos na organização e na purificação de nossos corpos e do ambiente como preparações para o rito. Então temos o estabelecimento do Circulo e o convite ao daemon escolhido. O cerne do trabalho aqui será o próprio contato com o daemon em si. Onde ele pode aceitar, negar ou negociar com você a realização do objetivo que você tem em mente. Com isso feito, temos a despedida do espírito e o encerramento do ritual. Onde o aterramento, a limpeza e o registro da sua experiência também são essenciais.

Então estude bastante e seja sempre criativo! Até mais.

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