Estudos do Tarot – A Lua

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A carta A Lua no Tarot de Rider Waite

Aqui entramos em águas mais profundas e nos permitimos tocar o que é insondável. No Arcano A Lua temos todo o poder da nossa intuição, dos mistérios, e daquilo que é oculto. Em seu delicado luar lidamos com nossa imaginação, com nossas fantasias, sonhos e também temores.

De todas as diversas formas que temos de a representar hoje em dia, nos mais diversos tipos de baralhos, alguns pontos em comum tendem a permanecer. Como, por exemplo:

  • A lua, no alto da carta, sempre terá um destaque todo especial.
  • Existirão cães e também escorpiões (em algumas variações termos também caranguejos e lagostas).
  • A presença do Elemento Água será muito marcante, sendo na figura de lagos, rios ou até mesmo mares.
  • Sempre será o Arcano de número 18.
  • O cenário noturno será belo e claro, com forte presença de tons azuis e amarelados.
  • Muitas vezes teremos duas torres ao fundo (ou pirâmides, como no Tarot Egípcio).
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Diferentes representações da carta A Lua no Tarot Egípcio, no Tarot de Rider Waite e no Tarot Mitológico (na figura da deusa Hécate)

Na Lua entramos nos reinos da noite. Cães e lobos, guardiões desse mundo noturno, aparecem como que enfeitiçados pelo magnetismo lunar. Os escorpiões, caranguejos e lagostas, por suas conotações de ligação com a Água e seus mistérios também emergem de seus esconderijos. Na carta do Tarot Mitológico temos a deusa Hécate, senhora e mestra de toda magia, guardiã das encruzilhadas e do entre mundo, ao lado de Cérberus, o cão de três cabeças que guarda os portais do submundo grego.

Nas camadas mais profundas dos mistérios lunares, aquáticos, temos tanto o potencial latente de nosso subconsciente quanto também nossas fobias, paranoias, traumas e maiores temores. Imersos em nosso emocional mais primal e instintivo encontramos tanto a cura quanto o veneno. As soluções e os problemas. Os fantasmas cujo uivo nos paralisa de medo e também a alquimia necessária para transmutar nossa própria realidade. Magia? Sim, muita. E nem todos sabem lidar com ela, não é mesmo?

O lado negativo

Sendo um portal para muitos mistérios, a carta da Lua também pode trazer pesadelos e terrores. Aqui, no escuro da noite, nem sempre enxergamos bem o que está diante de nós e as sombras podem brincar com a nossa percepção. É muito comum A Lua nos contar quando estamos tendo uma visão distorcida dos fatos, nos enganando ou até mesmo sendo enganados. Algo sempre pode se esconder nos cantos escuros sem que nos demos conta, é preciso se ter muito cuidado. Trapaças e traições não são incomuns aqui. Da mesma forma que não é difícil que estejamos apenas sendo paranoicos, dando poder a medos infundados. Precisamos sempre analisar muito a conjuntura no qual a luz da Lua aparece, para que possamos a interpretar da melhor forma.

No amor 

Segredos escondidos, romantismo, paixões obsessivas, fantasias e ilusões. Na carta da Lua, por ser a carta onde temos o Elemento Água por excelência, temos nossas próprias emoções a flor da pele. Os poderes lunares podem despertar o nosso melhor ou demonstrar o nosso pior. Para os comprometidos ela é um alerta muito claro para que não se mantenha nada as escondidas. Por mais que possa não ser nada grave, a pessoa pode descobrir do pior jeito, e isso pode dar espaço para muita dor. Na Lua precisamos urgentemente melhorarmos nossa comunicação, para não dar chance para nenhuma pulga atrás da orelha. Para os solteiros é hora de usar um pouco mais a própria astúcia. Cuidado para não ser enganado ou mesmo manipulado pelos seus próprios sentimentos.

Na sexualidade 

Aqui temos um jogo de inocência e perversidade muito peculiar. Quando a Lua sai alertando que podemos estar nos iludindo, não raro podemos ter uma pessoa ingenua sendo seduzida por um perfil perverso, sem se dar conta do perigo que  corre. Podendo ser alguém muito tímido, travado, quando o que está em jogo é a própria sexualidade, não raro pessoas mais experientes, e má intencionadas, podem surgir para esse perfil. Mas a Lua, regente do nosso subconsciente, também fala de todas fantasias e fetiches que possuímos, mesmo sem admitir. As vezes, quando alertamos esse perfil, percebemos que ele pode desejar ser vitimizado. É comum que lidemos com dinâmicas entre sádicos e masoquistas aqui. E pode ser muito difícil para a pessoa, por alguma insegurança, admitir qual é o seu caso. Sempre devemos ter muito tato quando A Lua brilha sobre nós.

No trabalho

Para todos aqueles que trabalham com artes e processos criativos A Lua sempre se demonstra uma benção, aflorando a sensibilidade e concedendo inspiração. Mas, num geral, ela pede que você acorde pra vida. Pode ser que no seu meio nem todas pessoas sejam suas amigas, e você não perceba isso. Confie sua vida íntima apenas com quem realmente for de confiança, se deixando ser mais misterioso com as pessoas de fora do seu círculo interno. Se você está em busca de um emprego, cuidado com propostas boas demais e fáceis demais. Seja mais esperto, para não ser facilmente iludido.

Na saúde 

Como a própria lua, aqui tendemos a ser cíclicos. Nas mulheres, este Arcano costuma se referir aos ciclos hormonais, ao útero e aos ovários. Cólicas, retenções de líquido e instabilidades emocionais podem ser facilmente encontradas aqui. Sendo uma carta com uma conotação psicológica muito intensa, A Lua também pode falar de problemas mentais, indo da ansiedade até ao mais crítico caso de esquizofrenia, aqui temos os lunáticos. Cuide do seu corpo, mas nunca esqueça do seu emocional.

Na espiritualidade

Como o Arcano da magia, principalmente a lunar, as indicações espirituais da Lua são facilmente deduzíveis. O oceano do grande inconsciente coletivo nos chama e, ao ouvir seus sussurros, iniciamos um processo transformador. Em nossas profundezas pessoais, atravessando a noite escura da alma, nunca permanecemos os mesmos. Em seu caos temos a loucura e o delírio, o poder e o fracasso. Pode ser libertador para alguns enquanto é apavorante para outros. Os primeiros flutuarão, alçando o voo da alma pelas noite enluaradas, enquanto os segundos se afogarão nos abismos das próprias ilusões. A verdadeira magia, afinal, sempre foi para os selvagens e para os indomados.

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