A arte da Bruxaria – Como começar

Fonte – Acervo pessoal

Quando começamos a nos interessar pela bruxaria sempre vem aquela dúvida: Como começar? O que precisamos ver ou entender primeiro? Como, num ramo tão diverso, podemos escolher por onde iniciar nossas buscas e onde encontrar as respostas para nossas maiores questões sobre o tema?

Primeiramente, é importante entender que o ponto inicial mais fundamental de todos é o estudo. Se você não gosta de imergir por horas e horas na leitura de livros, conhecendo autores e suas obras, bem como estudando diversos movimentos e suas implicações é bom que você saiba de antemão que, caso você queira ter uma prática substancial e profunda, isso será necessário. Você passará muito mais tempo lendo, pesquisando e fazendo anotações do que em qualquer outra atividade. Em segundo, você precisará saber se organizar. Principalmente no âmbito mental. Ter clareza do que você pensa e saber estruturar o que você deseja de forma prática é essencial para que você não se afogue num mar de informações desconexas que você não saberá utilizar e nem sequer te darão qualquer firmeza.

Para isso, comece no mais básico:

O que você acha que a bruxaria é? Onde e como você ouviu a palavra ”bruxaria” pela primeira vez? Quais caminhos você tomou entre essa primeira vez e ideia que você tem dela hoje em dia? Você pensa algo de diferente? Ainda pensa a mesma coisa? Muitas pessoas entram em contato com diversas ideias sobre o que seriam tanto a bruxaria quanto a magia em literatura, filmes, séries, jogos e desenhos bem cedo na vida, por exemplo. Seja qual tiver sido o seu caminho tente o traçar claramente dentro da sua cabeça. Entenda o que e quais histórias e acontecimentos compõe sua visão do que a bruxaria é.

Sabendo o que você pensa que a bruxaria é, defina o segundo princípio mais básico:

O que te move para perto dela agora? Dependendo da sua concepção algo está te movendo até ela. O que te faz querer se aprofundar nela? Entenda qual é a raiz do seu impulso. É apenas simples curiosidade? Você conheceu alguém que pratica e achou essa pessoa legal o suficiente para entender mais do que ela faz? Alguém te inspira? Você está se movendo por alguma necessidade particular? Basicamente, aqui você precisa entender qual é a sua história. Raras pessoas vão ter um contexto familiar prévio para começarem na bruxaria. Mesmo aqueles que tem uma família profundamente espiritual, na maioria das vezes, não terão seus familiares chamando o que fazem de bruxaria, visto que é um termo que ainda carrega sobre si um peso social discriminatório muito forte. Então, primeiramente, entenda o que te move para cá.

Com isto feito é que você poderá definir melhor o que, baseado na sua visão, você quer com a bruxaria. Afinal, algo dentro das suas visões e do que te move desperta seu desejo. Você quer alguma coisa com a bruxaria. É autoconhecimento? É desenvolver sua espiritualidade? Ganhar poder? Ter mais dinheiro? Ser desejável? Você quer se proteger de alguma coisa? Quer se vingar de alguma coisa? As vezes as pessoa começam atrás de amor, as vezes apenas por estética, porque é bonito, porque de alguma forma está na moda, ou porque querem atender alguma demanda pessoal que se falassem em alto poderia soar egoísta ou até mesmo bobo. Identifique o que você pensa e o que você quer sendo sincero com você mesmo. Você tem que saber de onde está partindo antes de começar. Sendo esse ponto qual for.

Agora, em terceiro, é onde sua busca de fato vai começar.

Inicie justamente pesquisando o que a bruxaria é. Isto é a primeira coisa que você de fato deve saber. E a resposta será bem mais complexa do que você poderia imaginar num primeiro momento. Cada cultura ao redor do mundo e cada época da história humana definiu tanto a magia quanto a bruxaria e a feitiçaria de forma diversa e multifacetada. Muitas vezes todos esses termos se encontram como sinônimos e muitas vezes eles se distinguem de formas muito particulares. Esses são os primeiros pontos que você deve desenvolver. Nunca fique com uma definição só. Sempre procure no mínimo três visões diferentes para não começar sua jornada já com uma visão parcial e reducionista.

Você logo verá que, para realmente formular algum conhecimento nesta primeira tarefa, você terá que ter o mínimo de pesquisa cultural e histórica. Procure sim livros de História. Leia-os antes de ler livros de autores do meio esotérico e ocultista. Eu sei que muitas vezes nosso primeiro impulso é procurar autores do meio, mas confie em mim neste ponto, não comece por eles, comece por obras escritas por historiadores. A maioria dos livros do meio ocultista deixa muito a desejar no que se refere a pesquisa histórica porque a maior preocupação de muitos autores do meio é mais defender suas próprias vertentes e visões do que se aterem a veracidade dos fatos. Eles estão apenas vendendo o próprio peixe, e não necessariamente vão te ensinar a pescar. Se você tiver uma boa pesquisa histórica prévia, quando você começar a pegar de fato livros sobre ocultismo, será fácil identificar quais autores são bons e quais não o são. Então inicie tendo uma boa base histórica.

Uma excelente indicação que eu tenho para essa fase inicial é o livro História da Bruxaria de Jeffrey B. Russel e Brooks Alexander. Além de belissimamente ilustrado, sua leitura é fluida e agradável, dando um excelente contexto sobre a diversidade do que é a bruxaria e sobre quem historicamente é a figura da bruxa em diversas culturas e períodos até os dias de hoje, onde temos os movimentos do neo paganismo e o surgimento da Bruxaria Moderna após o fundamento da Wicca na década de 50 pelas mãos de Gerald Gardner.

Depois de terminada esta primeira busca, compare o que você sabe após o seu estudo com o que você pensava antes. Algo te surpreendeu? Foi muito diferente do que você pensava no começo? Alguma coisa mudou em você agora que você sabe melhor do que se trata a bruxaria? Você ainda acha que conseguirá com ela as mesmas coisas que você achava que conseguiria antes? Se algo mudou, tente identificar o que. Você pode querer parar neste momento, vendo que não era nada do que você esperava, e está tudo bem. Você pode querer continuar agora muito mais do que antes, e está tudo bem também. Se você quer continuar, procure escrever sua própria definição do que é tanto a magia quanto a bruxaria para você, agora que você tem bases mais firmes para isso. Eu, por exemplo, coloquei um pouco da minha definição aqui.

Agora, com as coisas um pouco mais claras diante de você, se pergunte se você ainda quer as mesmas coisas que você queria no começo. Talvez você precise ajustar seus desejos agora que você tem mais conhecimento. Descartando alguns e quem sabe até mesmo acrescentando outros. A definição do que para você é a bruxaria e o que você deseja com ela é essencial para estabelecer seu próximo passo que é a escolha da vertente ou da área mais adequada para os seus interesses. Nem todas vertentes terão a mesma visão do que é a bruxaria, então você precisa encontrar aquelas cujo ponto de vista se alinhe ao seu. Assim como nem todas as áreas de desenvolvimento da bruxaria servem para te ajudar com seus objetivos iniciais. Procure aqueles que te ajudarão de forma mais prática no momento. Se você não quer uma abordagem religiosa ou filosófica agora no seu início não faria sentido você entrar de cara na Wicca ou na Thelema, por exemplo. Apesar de serem fascinantes são correntes que te colocarão sua própria visão sobre o divino, com seus próprios dogmas, liturgias e iniciações necessárias.

Se alinhe a você mesmo através das visões e metas que você estabeleceu na sua primeira pesquisa.

Quase que sem notar, a partir de agora, você já começou seu caminho de forma consciente e prática. Você já sabe, ou pelo menos já faz ideia, de para onde ir e o que você quer fazer com mais propriedade. A construção dos seus próximos passos dependerá apenas das suas próprias metas e interesses. Encontre vertente, ou a área, que mais se alinha as suas necessidades e comece pelos seus autores de referência. Construa seu conhecimento aos poucos, sem pressa. Quando sentir que já dominou suficientemente a teoria vá fazendo pequenos experimentos práticos. Anote sempre seus resultados, ou a falta deles. Isso vai te orientar sobre o que dá ou não certo para você. Nem todo mundo é bom com tudo, e você só vai saber quais são seus pontos fortes colocando a mão na massa. Muitos bruxos são incríveis trabalhando com o Fogo, outros são muito melhores com o Ar. Temos entre nós necromantes maravilhosos, outros dominam diversos tipos de divinação com uma precisão quase que assustadora. Você pode descobrir que é muito bom com sigilos, ou com mantras. Assim como pode conhecer bruxos que são dotados de uma verdadeira mão de ouro, que sabem mover prosperidade como ninguém, bem como aqueles que naturalmente tem uma habilidade notável para curar e para amaldiçoar. Se colocando em movimento você naturalmente achará o seu lugar. E, a partir dele, tudo se tornará possível.

Até a próxima!

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Elementais da Natureza – As Sereias

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Pequeno canto devocional pessoal de contato com as sereias e com as forças das Águas

Como seres encantados, presentes nas mitologias de diversos países representando e personificando aspectos do mar, as sereias (ou sirenas) tem fascinado a humanidade por séculos. A vida em nosso planeta jamais poderia existir sem a presença da água, sendo natural que muitos povos, ao longo da história humana, tenha creditado a ela poderes divinos, e seres igualmente poderosos.

Seu nome, em diversas culturas, as colocam como personificantes dos mistérios marinhos, como por exemplo em inglês, onde mermaid provém do termo mer, significando oceano. O mesmo oceano que até os dias atuais não chegamos a explorar nem sequer 10% (conhecemos mais a superfície lunar do que o conteúdo dos mares, por exemplo). Em francês temos mer também como significante de mar, assim como mère significa mãe, a semelhança entre os termos nos remetendo a como o mar, em sua abundância, é de onde todos viemos. Na cultura celta as teremos como merrow, vindo da palavra muir, igualmente significando oceano. E no português, sereia viria do arcaico serẽa, derivando do grego antigo Σειρῆν (Seirến), divindades dos mares.

O relato mais antigo que temos delas seria proveniente do Império Assírio, na figura da deusa Atargatis. Regente do céu, da lua, do mar, da chuva e da vegetação. Tendo descido do céu como um ovo que, ao se abrir, a revelou como uma bela sereia. Seu culto e fama perdurou até o reino romano, onde ela era adorada sob o nome de Dea Syria, ”a deusa síria”. Meio-peixe, meio-mulher, e inteiramente divina.

Mas antes mesmo dela, a humanidade sempre reverenciou deidades e forças ligadas as águas e aos mares. Teremos com os antigos babilônicos a figura do deus meio-peixe Ea, ou Oannes, como o primeiro rei mitológico pré-diluviano, que ensinou a agricultura e a arquitetura a humanidade. Com os fenícios e cananeus teremos Dagom, igualmente meio-peixe e meio- homem, ligado tanto a agricultura quanto com o pós-morte. E ao longo do Atlântico Africano teremos as Mami Wata, um grupo de divindades aquáticas, versáteis em suas habilidades, e naturalmente encantadoras e belas.

Sendo boa parte do nosso referencial imagético, temos na cultura grega a figura das ninfas. Como divindades menores, vivendo muitas vezes nas águas, seriam descritas como donzelas incrivelmente atraentes. Seu próprio nome, nymphê, significa ”jovem garota”, geralmente com atributos sedutores. Elas eram categorizadas segundo o tipo de meio em que viviam, sendo as Oceânides (filhas do deus Oceano) naturais das profundezas dos mares e águas salgadas, as Nereides (filhas do deus Nereu) naturais especificamente do Mar Mediterrâneo e das águas espumosas dos litorais rochosos e as Náiades, naturais dos rios e das águas doces.

Famosas por encantar marinheiros, e naufragar muitos navios, teremos relatos de seus poderes descritos no poema épico Odisseia, onde o herói Odisseu pediu aos seus companheiros que o amarrassem ao mastro de seu navio, eles próprios cobrindo seus ouvidos com cera, para se proteger contra o encanto das sereias, nesta passagem retratadas como mulheres metade humanas e metade harpias, que o fariam se jogar ao mar e, consecutivamente, morrer afogado.

O canto e os poderes das sereias

Sendo uma constante nas lendas de praticamente todas as culturas, as sereias são famosas por seu talento natural com a música. Ouvir seu canto seria uma experiência tão assombrante quanto sedutora, podendo tanto transformar a vida daqueles que a escutam quanto levar a morte. Sendo capaz de abençoar ou levar até os mais terríveis delírios, suas vozes amedrontam tanto quanto fascinam, nos convidando até o desconhecido. Contendo em si mesmas todo o poder espiritual dos mares, através de suas canções elas tem a capacidade de manipular os sentimentos humanos como bem entendem, entoando melodias capazes de conceder a felicidade e a prosperidade bem como pânico e ruína.

Não são poucos os relatos, principalmente nas lendas inglesas, de que elas poderiam tanto agitar os mares, desencadeando tempestades mortais, quanto também ajudar navios que se perdem no meio das tormentas marinhas a sobreviverem. No Speculum Regale, ou The King’s Mirror, um antigo texto norueguês datado de cerca de 1.250, encontramos sereias podendo, através de seus atos, dizer se uma navegação sobreviveria ou morreria durante uma tempestade.

Assim como o próprio mar, elas são representadas tendo tanto faces benevolentes quanto destrutivas. Mudando e fluindo, sensíveis assim como as águas. Temos na figura de La Sirena, poderosa Lwa do Voodoo, uma figura amistosa especialmente com mulheres, que ela ajudaria abaixo da água, e concederia fortuna e poderes especiais. Grande parte das divindades ligadas ao oceano, as águas, são tanto instrutoras quanto protetoras da humanidade.

No livro The Woman’s Dictionary of Symbols and Sacred Objects, de Barbara G. Walker, temos a teoria de que o famoso gesto das sereias de se pentearem diante de um espelho poderia significar muito mais que simples vaidade (como defendia a Igreja Católica sobre elas na Idade Média), mas sim um tipo de magia. Como os cabelos, em muitas culturas, são símbolos de força, cuidar deles, e tê-los longos, seria também cuidar e aumentar seu próprio poder pessoal. Em Lusty Ladies: Mermaids in the Medieval Irish Church, de Patricia Radford, temos também a possibilidade do pentear dos cabelos como um rito de purificação, libertando o corpo e a alma do excesso de energia nociva que podemos contrair do nosso meio ou de outras pessoas e seres.

Em diversas linhas da magia, e do ocultismo, também temos os espelhos, um de seus grandes ícones, como artefatos de poderes especiais. Podendo serem usados tanto para magias de glamour e amor, como também como portais para outras dimensões, sendo muito perigosos de serem manipulados por quem não tem o devido conhecimento e preparo.

Claramente existe muito mais sobre as sereias e seus poderes para serem analisados e vistos, em todas as particularidades que elas assumem em cada cultura e país diferente em que aparecem, sendo necessário um mergulho muito mais profundo do que apenas um texto daria conta. Abaixo darei uma indicação de leitura introdutória sobre o tema então, ouse ir mais fundo!

 

Indicação de livro 

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Mermaids – The Myths, Legends, & Lore de Skye Alexander

Para todos aqueles que querem se aprofundar tanto nas lendas quanto nos mitos das sereias eu recomendo muito o livro Mermaids – The Myths, Legends & Lore de Skye Alexander. Sendo um livro relativamente curto, e lindamente ilustrado, ao longo das suas 226 páginas podemos conhecer desde as mitologias europeias até as africanas e sul-americanas sobre as sereias ao redor de todo o globo. Com uma leitura fácil e fluida, somos transportados para diversas épocas e sociedades, com toda sua riqueza de costumes e também de superstições. Nele você poderá encontrar todas as informações que coloquei nesse texto e muito mais então, fica a dica.

Quer saber como entrar em contato com elas? Veja este texto aqui.

Até mais!

Quem foi Marie Laveau

Fotografia de Marie Laveau – Crédito: Wikimedia Commons

Nova Orleans, no estado da Louisiana, foi uma das cidades norte-americanas que recebeu um grande influxo de navios com tráfico escravo por volta do séc. XIX. Com estes escravos, o Voodoo veio junto. E por mais que, em sua chegada, cada uma dessas pessoas escravizadas fossem batizadas como católicas e fossem retiradas de sua fé original, através de muito sacrifício, e do sincretismo, a sua espiritualidade se adaptou e continuou vivendo.

E uma das figuras mais notáveis, até os dias de hoje, da cultura Voodoo norte-americana foi sem dúvida alguma Marie Laveau. Com sua vida envolta por algumas boas doses de mistério, se crê que ela tenha nascido no Bairro Francês no dia 10 de setembro de 1801, filha de uma crioula liberta, Marguerite Henry D’Arsentel, e do quinto prefeito da cidade, Charles Laveau Trudeau. De sua mãe e avó, praticantes do Voodoo caribenho, ela teria aprendido os segredos da religião. E do seu pai, um político rico dono de fazendas e terras, ela teria tido a oportunidade de ter uma boa educação e uma vida confortável desde cedo.

Seu primeiro casamento teria sido em 1818, com o imigrante haitiano Jacques Paris. Após um ano, ou dois, ele viria a desaparecer, sob circunstâncias desconhecidas. Ficando com os bens que ele deixara para trás, Marie então abriu um salão de cabeleireira, e foi aí que sua carreira começou. Com seu salão sendo frequentado pelas mulheres mais influentes da região, e também atendendo a domicílio, ela não demorou a estar inteirada de todos os segredos da elite da cidade e, com isso, passou também a oferecer aos poucos pequenos serviços espirituais. Curas, leituras de cartas, alguns feitiços, tudo era feito por ela. E não somente as mulheres procuravam seus serviços como feiticeira como homens também, trazendo de pedidos de enriquecimento e destruição de inimigos a ajuda para abortos em casos de gravidez extra conjugal.

Com o tempo, uniu-se então ao Capitão Luis Christopher Duminy de Glapion, com quem viveu até a morte dele, em 1935. Eles teriam tido ao todo 15 filhos, das quais apenas duas chegaram a idade adulta, Marie Euchariste Eloise Laveau e Marie Philomene Glapion. A primeira, após a morte da mãe, assumiria o seu lugar como sacerdotisa de Voodoo na cidade.

Da sua carreira espiritual temos mais mitos hoje em dia do que fatos. Ela teria sido aluna de Dr. Jhon, um senegalês muito conhecido pela sua confecção de gris-gris (um tipo de amuleto para diversos fins no Hoodoo), aprendendo e aprimorando as técnicas do seu professor. Sabe-se também que em sua residência ela mantinha seus altares, numa mistura de crenças católicas com figuras africanas, e semanalmente realizava reuniões e oferendas com aqueles que desejassem participar, tanto negros quanto brancos. Fora seus atendimentos individuais as pessoas mais importantes da cidade, ela também participava e conduzia cerimônias de Voodoo na praça Congo, nos arredores de Nova Orleans. E pessoas de todas as classes a procuravam para os mais diversos fins.

O que se pode afirmar é a influência inegável que ela teve social e politicamente em sua época, graças a rede de informações ao qual tinha acesso e manipulava, através do seu trabalho dentro das casas mais abastadas da cidade. Usando todos os segredos aos quais tinha acesso para ganhar mais poder e influência.

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Túmulo de Marie Laveau no Cemitério St. Louis em Nova Orleans

Já em sua velhice, na década de 1860, ela aos poucos foi deixando de lado suas práticas públicas para ter uma vida mais recolhida e tranquila. Nunca deixando, no entanto, de fazer parte dos movimentos mais fundamentais da cidade. Segundo historiadores, ela morreu pacificamente, dormindo em casa, no dia 15 de junho de 1881. Seu grande funeral contou com a presença de toda elite da Louisiana, além de uma multidão de pessoas, e os jornais da época a retrataram como uma “mulher de grande beleza, intelecto e carisma, que também era piedosa, caridosa e uma hábil curandeira de ervas”.

O local da sua real sepultura não é muito conhecido, mas a localização mais famosa é no cemitério St. Louis, número 1, na cripta da família Glapion, onde as pessoas ainda costumam ir para lhe levar oferendas, esperando que seus desejos possam ser concedidos. Alcançada a graça, deve-se voltar ao túmulo para, em agradecimento, marcar três XXX em sua lápide.

Se você deseja saber mais sobre sua história pode conferir nos livros The Magic of Marie Laveau: Embracing the Spiritual Legacy of the Voodoo Queen of New Orleans de Denise Alvarado e A New Orleans Voudou Priestess: The Legend and Reality of Marie Laveau de Carolyn Morrow Long.