Elementais da Natureza – Os Tritões

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Cartas do Tarot of the Mermaids de Lo Scarabeo

Quando pensamos nos habitantes dos mares, meio peixe e meio humanos, normalmente a imagem mental a qual nos remetemos é a das sereias. Lindas e deslumbrantes, hipnóticas, como são. Raramente vamos pensar em figuras masculinas. Se o fazemos, na maioria das vezes, nos remetemos ao deus grego Poseidon, ou em figuras similares. O Elemento Água, tido como muito feminino e sensível, não parece num primeiro momento também possuir em si outras faces. E esta é uma impressão que precisamos remover de nós mesmos.

Assim como os outros Elementos e forças que regem nosso Universo, a Água possui em si energias arquetípicas diversas. E todas são importantes para seu mantimento e para a sua natural pluralidade. A Água possui, nas facetas masculinas que vemos nela, fluidez, fertilidade e ferocidade, muito além dos estereótipos de gênero aos quais, enquanto sociedade, nos prendemos. Suas criaturas e seres possuem muito para nos ensinar, se estivermos dispostos a nos abrir para o seu contato. Dentre toda a diversidade dos habitantes dos mares, falaremos hoje dos tritões.

O nome Tritão vem da mitologia grega antiga, onde temos sua figura mítica como o filho de Poseidon com sua esposa Anfitrite. Meio peixe e meio homem, ele é tido como um rei dos mares, sendo comumente mensageiro de seus pais, acalmando as ondas para que a carruagem de Poseidon possa passar sem causar nenhuma calamidade. Muito ligado a música, usaria diversos tipos de conchas, como os búzios, para produzir suas melodias. Enquanto seu pai é muito famoso por causar tempestades e terremotos terríveis, Tritão acalma as águas, não sendo raro que ele seja descrito salvando navios juntamente com as Nereidas. Temos sua presença também no mito dos Argonautas, onde ele indica aos heróis a melhor rota para atingirem o Mediterrâneo. Podendo também ter facetas mais bravias, contam alguns mitos que, em meio a uma celebração em honra a Dionísio, grupos de mulheres teriam sido atacados por ele em um lago. Ouvindo os pedidos de socorro femininos, Dionísio teria então surgido para salvá-las dos avanços de Tritão.

Após suas lendas, alguns seres também foram nomeados homônimos a ele, tendo sido tidos como seus filhos e descendentes. Sendo muito famosos por, assim como as próprias sereias, assombrarem marinheiros. Com suas trompas de conchas podiam tanto produzir sons medonhos e assustadores quanto também melodias de uma beleza inigualável. Sua presença no imaginário popular se consagrou com tal força que costumamos, como falantes de línguas latinas, ter seu nome como o que designa todo gênero masculino da espécie das sereias. Diferentemente do inglês, por exemplo, onde teremos para os designar merman (homem do mar) e mermaid (dama do mar).

Muito longe de nos limitarmos apenas a mitologia grega, temos os vetehinen na mitologia finlandesa, seres meio homens e meio peixes que poderiam amaldiçoar ou abençoar aqueles que pediam seu auxílio. Na Ilha de Man, entre a Grã Bretanha e a Irlanda, temos relatos de seres parecidos sob a nomenclatura de dinny-mara, e na Dinamarca termos os  havman ou havmand (havstrambe na Groenlândia) que são descritos como belos homens com longas caudas de peixe, às vezes tendo também pele azul e cabelo e barba negros ou verdes. Em terras brasileiras temos diversas lendas sobre o Boto, principalmente na região amazônica, sendo um encantado, famoso por seduzir mulheres em festas ribeirinhas.

Ao lado dos tritões, predadores e feiticeiros do alto mar e das águas, podemos entrar em contato com uma noção de masculinidade tanto feroz quanto e sedutora. Eles podem, se assim o desejarem, nos ajudar em nossas proteções, nos ensinar nas artes dos diversos tipos de combates energéticos, e nos guiar através do potencial ilimitado da magia oceânica. Como seres diversos e plurais, eles podem ampliar nossa percepção e entendimento sobre a própria noção do que é a masculinidade em si. Equilibrando essa energia, o animus, nas mulheres, guiando pessoas trans não binárias para diversos exercícios de exploração pessoal e auxiliando os homens a entrarem em contato consigo mesmos num nível muito mais profundo. O exercício a seguir é apenas um ponto de partida daquilo que pode ser trabalhado e compreendido ao lado deles. Siga, se assim desejar, e boa sorte!

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Fonte: Arquivo pessoal

Honrando o masculino

Em uma noite de lua negra ou nova, separe os seguintes ingredientes:

  • Um cálice com vinho tinto.
  • Uma vela azul escuro, ou verde escuro.
  • Um recipiente de vidro com água do mar ou água potável.
  • Sal marinho ou grosso.
  • Uma pedra de Quartzo Fume.

Coloque três colheres de sopa do sal escolhido em um copo com água. Com a ponta dos dedos indicador e médio, suavemente, trace um pentagrama em sua superfície, dizendo: ”Água, fonte de vida, sal, alimento e sustento, despertem agora. Unam seus poderes e concedam ao local onde me estabelecerei a purificação e a proteção na medida exata que for necessária para o meu ritual esta noite.” Se conduza ao local onde você fará o rito e, com a ponta dos dedos, aspirja o líquido por toda a área. Enquanto o faz, imagine que as gotas de água se iluminam por uma suave luz branca, purificando e trazendo paz, harmonia, e segurança por todo o ambiente.

Quando você sentir que a energia já está bem balanceada e segura, coloque os ingredientes organizados ou no chão, de forma que você possa se sentar diante deles, ou numa mesa que você possa usar. Se você for fazer o ritual no chão, é bom cobri-lo com alguma manta, para que você fique mais confortável. Apague as luzes e, com o copo de água salgada ainda em mãos, coloque os dedos indicador e médio da mão com o qual você escreve nela. Respire fundo, e imagine que seus dedos captam o brilho claro e poderoso da água. Quando a visualização estiver forte e nítida, retire seus dedos do líquido e, com eles, trace um círculo ao seu redor. Imagine ele sendo traçado na mesma luz que seus dedos absorveram da água. Diga: ”Um círculo de proteção agora eu traço ao meu redor, de forma que nada que não for convidado ou benéfico a mim possa aqui me ver ou me alcançar.” Visualize o círculo formando uma bolha levemente luminosa ao seu redor, e que ali dentro você está seguro.

Sente-se, coloque o copo por perto, e acenda a vela próxima a vasilha de água. Usar água do mar nela é o mais ideal, no entanto, se você não possui essa possibilidade, pode usar água potável tranquilamente. Novamente com a ponta dos dedos, comece a traçar círculos na superfície da água. Respire fundo, procure relaxar, e quando estiver centrado, diga: ”A água corre e desliza por rios e prados, passa por riachos e lagos, segue por dentro e por fora da terra, até chegar no mar. Em suas diversas trilhas, por seus diversos caminhos, eu envio minhas ondulações, até que encontrem, que cheguem, em quem possa me guiar. Tritões, sábios e misteriosos senhores, se guiem pelo farol da luz, e me sussurrem o que eu busco saber.” 

Agora, com a ponta dos dedos de ambas as mãos, faça um movimento nas águas como se abrisse uma cortina. Com o portal nas águas agora aberto, procure falar o que você deseja saber e entender sobre a energia masculina em si. Quais são as crenças que você tem sobre o que é a energia masculina? Quais são as referencias de homens que você tem? Qual foi a primeira delas? Se ainda vive, como é a sua relação com essa pessoa nos dias de hoje? O que você aprendeu com ela? Quais são suas últimas referências masculinas, atualmente? São diferentes ou parecidas com as primeiras?

Quando você pensa no masculino, quais são as três primeiras palavras que vem a sua mente? Por quê são justamente essas? Você se guia por estereótipos quando pensa no que um homem é ou deveria ser? Se você for homem, consegue se lembrar de quem você era antes que a sociedade ao seu redor te ensinasse como você deveria ser? Quando você se olha no espelho, quem é você? Por qual motivo você age e se coloca no mundo da maneira com o qual o faz? Gostaria que fosse diferente? Se absolutamente nada fosse esperado de você de agora em diante, quem você escolheria ser? Como se comportaria, como se vestiria, como amaria, como levaria sua própria vida?

Tenha tempo para pensar com calma em cada uma dessas questões. Não tenha pressa. Segure a pedra de quartzo fume entre suas mãos, perto do seu coração, e feche os olhos. Se imagine no meio do oceano, entre uma vegetação vívida de algas, e chame pela força dos tritões. Peça que eles te ajudem a meditar sobre todas essas questões. Pode ser que algum deles venha conversar, pode ser que você só sinta a energia deles por perto, guiando seus pensamentos. De qualquer forma, abra os olhos depois de um tempo e, colocando a pedra dentro da água da vasilha, diga: ”Que se purifiquem minhas antigas ideias, dando espaço a um novo foco e uma nova sabedoria. Tritões, pelos próximos sete dias, me guiem pelo o que a energia masculina que vocês possuem pode me ensinar.” Agradeça, ofereça a taça de vinho como uma demonstração da sua gratidão, e medite por pelo menos mais uns dez minutos. Tenha esse tempo tanto para que eles possam estabelecer contato com você como também para que você analise um pouco mais todos os pontos que foram vistos.

Quando terminar, recolha a pedra. A mantenha sempre próxima ao seu corpo pelos próximos sete dias, já que ela será o foco irradiador da energia dos tritões perto de você. Com suavidade, faça movimentos como se fechasse, com a ponta dos dedos, o portal na água que antes foi aberto, sempre agradecendo, dizendo que agora encerra suas atividades. Pegando novamente o copo de água salgada, faça a mesma visualização dos seus dedos indicador e médio captando a energia pura que ali está. Se erga e, na direção contrária a aquela no qual você traçou o círculo pela primeira vez, gire seus dedos novamente no ar, imaginando que a bolha de energia ao seu redor se desfaz, dizendo: ”Que o circulo possa esvanecer, mas que sua proteção sempre esteja comigo. Agradeço a todos que aqui comigo estiveram e me ajudaram e que assim seja.”

Pode descartar, sempre agradecendo, tanto a água salgada do copo quanto a da vasilha. A vela, se ainda estiver acesa, pode ser apagada para ser utilizada com os tritões em outras ocasiões. O vinho pode ser libado perto de uma nascente ou rio não poluídos ou na terra. Anote os insights que teve, se puder, e descanse. É comum que, após um primeiro contato ter sido estabelecido, os tritões ou apareçam ou mandem mensagens através de nossos sonhos para nossas análises. Fiquem atentos, e bom ritual a todos.

Elementais da Natureza – As Sereias

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Pequeno canto devocional pessoal de contato com as sereias e com as forças das Águas

Como seres encantados, presentes nas mitologias de diversos países representando e personificando aspectos do mar, as sereias (ou sirenas) tem fascinado a humanidade por séculos. A vida em nosso planeta jamais poderia existir sem a presença da água, sendo natural que muitos povos, ao longo da história humana, tenha creditado a ela poderes divinos, e seres igualmente poderosos.

Seu nome, em diversas culturas, as colocam como personificantes dos mistérios marinhos, como por exemplo em inglês, onde mermaid provém do termo mer, significando oceano. O mesmo oceano que até os dias atuais não chegamos a explorar nem sequer 10% (conhecemos mais a superfície lunar do que o conteúdo dos mares, por exemplo). Em francês temos mer também como significante de mar, assim como mère significa mãe, a semelhança entre os termos nos remetendo a como o mar, em sua abundância, é de onde todos viemos. Na cultura celta as teremos como merrow, vindo da palavra muir, igualmente significando oceano. E no português, sereia viria do arcaico serẽa, derivando do grego antigo Σειρῆν (Seirến), divindades dos mares.

O relato mais antigo que temos delas seria proveniente do Império Assírio, na figura da deusa Atargatis. Regente do céu, da lua, do mar, da chuva e da vegetação. Tendo descido do céu como um ovo que, ao se abrir, a revelou como uma bela sereia. Seu culto e fama perdurou até o reino romano, onde ela era adorada sob o nome de Dea Syria, ”a deusa síria”. Meio-peixe, meio-mulher, e inteiramente divina.

Mas antes mesmo dela, a humanidade sempre reverenciou deidades e forças ligadas as águas e aos mares. Teremos com os antigos babilônicos a figura do deus meio-peixe Ea, ou Oannes, como o primeiro rei mitológico pré-diluviano, que ensinou a agricultura e a arquitetura a humanidade. Com os fenícios e cananeus teremos Dagom, igualmente meio-peixe e meio- homem, ligado tanto a agricultura quanto com o pós-morte. E ao longo do Atlântico Africano teremos as Mami Wata, um grupo de divindades aquáticas, versáteis em suas habilidades, e naturalmente encantadoras e belas.

Sendo boa parte do nosso referencial imagético, temos na cultura grega a figura das ninfas. Como divindades menores, vivendo muitas vezes nas águas, seriam descritas como donzelas incrivelmente atraentes. Seu próprio nome, nymphê, significa ”jovem garota”, geralmente com atributos sedutores. Elas eram categorizadas segundo o tipo de meio em que viviam, sendo as Oceânides (filhas do deus Oceano) naturais das profundezas dos mares e águas salgadas, as Nereides (filhas do deus Nereu) naturais especificamente do Mar Mediterrâneo e das águas espumosas dos litorais rochosos e as Náiades, naturais dos rios e das águas doces.

Famosas por encantar marinheiros, e naufragar muitos navios, teremos relatos de seus poderes descritos no poema épico Odisseia, onde o herói Odisseu pediu aos seus companheiros que o amarrassem ao mastro de seu navio, eles próprios cobrindo seus ouvidos com cera, para se proteger contra o encanto das sereias, nesta passagem retratadas como mulheres metade humanas e metade harpias, que o fariam se jogar ao mar e, consecutivamente, morrer afogado.

O canto e os poderes das sereias

Sendo uma constante nas lendas de praticamente todas as culturas, as sereias são famosas por seu talento natural com a música. Ouvir seu canto seria uma experiência tão assombrante quanto sedutora, podendo tanto transformar a vida daqueles que a escutam quanto levar a morte. Sendo capaz de abençoar ou levar até os mais terríveis delírios, suas vozes amedrontam tanto quanto fascinam, nos convidando até o desconhecido. Contendo em si mesmas todo o poder espiritual dos mares, através de suas canções elas tem a capacidade de manipular os sentimentos humanos como bem entendem, entoando melodias capazes de conceder a felicidade e a prosperidade bem como pânico e ruína.

Não são poucos os relatos, principalmente nas lendas inglesas, de que elas poderiam tanto agitar os mares, desencadeando tempestades mortais, quanto também ajudar navios que se perdem no meio das tormentas marinhas a sobreviverem. No Speculum Regale, ou The King’s Mirror, um antigo texto norueguês datado de cerca de 1.250, encontramos sereias podendo, através de seus atos, dizer se uma navegação sobreviveria ou morreria durante uma tempestade.

Assim como o próprio mar, elas são representadas tendo tanto faces benevolentes quanto destrutivas. Mudando e fluindo, sensíveis assim como as águas. Temos na figura de La Sirena, poderosa Lwa do Voodoo, uma figura amistosa especialmente com mulheres, que ela ajudaria abaixo da água, e concederia fortuna e poderes especiais. Grande parte das divindades ligadas ao oceano, as águas, são tanto instrutoras quanto protetoras da humanidade.

No livro The Woman’s Dictionary of Symbols and Sacred Objects, de Barbara G. Walker, temos a teoria de que o famoso gesto das sereias de se pentearem diante de um espelho poderia significar muito mais que simples vaidade (como defendia a Igreja Católica sobre elas na Idade Média), mas sim um tipo de magia. Como os cabelos, em muitas culturas, são símbolos de força, cuidar deles, e tê-los longos, seria também cuidar e aumentar seu próprio poder pessoal. Em Lusty Ladies: Mermaids in the Medieval Irish Church, de Patricia Radford, temos também a possibilidade do pentear dos cabelos como um rito de purificação, libertando o corpo e a alma do excesso de energia nociva que podemos contrair do nosso meio ou de outras pessoas e seres.

Em diversas linhas da magia, e do ocultismo, também temos os espelhos, um de seus grandes ícones, como artefatos de poderes especiais. Podendo serem usados tanto para magias de glamour e amor, como também como portais para outras dimensões, sendo muito perigosos de serem manipulados por quem não tem o devido conhecimento e preparo.

Claramente existe muito mais sobre as sereias e seus poderes para serem analisados e vistos, em todas as particularidades que elas assumem em cada cultura e país diferente em que aparecem, sendo necessário um mergulho muito mais profundo do que apenas um texto daria conta. Abaixo darei uma indicação de leitura introdutória sobre o tema então, ouse ir mais fundo!

 

Indicação de livro 

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Mermaids – The Myths, Legends, & Lore de Skye Alexander

Para todos aqueles que querem se aprofundar tanto nas lendas quanto nos mitos das sereias eu recomendo muito o livro Mermaids – The Myths, Legends & Lore de Skye Alexander. Sendo um livro relativamente curto, e lindamente ilustrado, ao longo das suas 226 páginas podemos conhecer desde as mitologias europeias até as africanas e sul-americanas sobre as sereias ao redor de todo o globo. Com uma leitura fácil e fluida, somos transportados para diversas épocas e sociedades, com toda sua riqueza de costumes e também de superstições. Nele você poderá encontrar todas as informações que coloquei nesse texto e muito mais então, fica a dica.

Quer saber como entrar em contato com elas? Veja este texto aqui.

Até mais!

Elementais da Natureza – As Ondinas

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Cartas do Tarot dos Orixás de Zolrak

Contido em cada um dos Quatro Elementos da natureza (Água, Terra, Fogo e Ar) existe uma energia e uma força específicas que ajudam na composição e no equilíbrio do nosso universo. Surgindo da emanação divina de cada um desses elementos, incorporando suas qualidades e cuidando de seu mantenimento, existem os Elementais. Seres que existem no plano etéreo de cada um dos elementos, cuidando tanto deles quanto da natureza em si.

De acordo com Papus, um dos mais famosos ocultistas franceses da virada do séc XX e fundador da Escola Hermética de Paris: ”O caráter essencial dos elementais é animar instantaneamente as formas de substância astral que se condensa em volta deles. Seu aspecto é variável e estranho: ora são como uma multidão de olhos fixos sobre um indivíduo; ora são pequenos pontos fixos luminosos rodeados de aura fosforescente.”

Cada um dos Elementos possui um tipo distinto de Elemental, com suas particularidades e personalidades únicas. Os Elementais da Água são as Ondinas. O nome delas é citado pela primeira vez por Paracelso, médico e alquimista renascentista suíço-alemão, na sua obra póstuma Liber de Nymphis, sylphis, gnomes et salamandris et de caeteris spiritibus, de 1658. A palavra Ondina seria uma derivação da palavra latina Unda , que significa onda. Com sua iconografia sendo muito ligada a das Ninfas gregas, elas são descritas como espíritos geralmente femininos que habitam as águas, sendo elas os mares, as nascentes, os rios, as cachoeiras ou os lagos. Dentro de sua classificação podemos encontrar quase todos os seres mitológicos ligados ao seu elemento, como as sereias e as nereidas.

Sendo muito conhecidas por sua beleza e sua habilidade com as artes (principalmente com a música), elas carregam uma personalidade naturalmente criativa e sensível. Seja em águas salgadas ou doces, quentes ou frias, rasas ou profundas, elas trabalham na manutenção do equilíbrio da Água em tudo que ele é, age e representa em nosso universo. Nelas temos todo o potencial do emocional, incluindo a sedução e a sensualidade. Em seu aspecto destruidor elas podem comandar furacões e tempestades, onde as marés e as enchentes invadem a terra, reclamando de volta o equilíbrio que foi perturbado seja por causas naturais ou por ação humana.

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Espaço do meu altar pessoal reservado para o contato com as Ondinas, com água, conchas e algumas pedras ligadas ao Elemento Água

Como se conectar com as Ondinas

Como regentes das águas, podemos entrar em contato com a força incrível das Ondinas através de nossos próprios sentimentos e emoções, com destaque para todos os locais naturais do seu elemento. Estar descalço a beira do mar, de alguma cachoeira, rio ou lago, bem como entrar na água nestes locais já nos aproxima delas, afinal, é o lar delas! Estar perto da chuva, de locais úmidos, de vapores, ou mesmo na cozinha enquanto a água é manipulada também pode ajudar.

Dentro do ocultismo, e da bruxaria natural, é comum usarmos cálices, conchas e velas brancas e azuis para as representar e chamar sua presença em nossos altares e rituais. Podemos reservar um pequeno espaço para elas em nossos lares, com representações e objetos ligados a água e aos seus seres, onde podemos com delicadeza chamar sua presença e energia para mais perto de nós. Naturalmente comunicativas e receptivas aos sentimentos humanos, elas reconhecem de forma sensível nossa presença quando tomamos a iniciativa de nos aproximamos delas. Podemos pedir seu auxílio para quaisquer assuntos que tenham ligação com os seus domínios, como por exemplo para harmonizarmos nosso psicológico e emocional, nos ajudando nos problemas que temos em nossas relações e também com nós mesmos.

Donas de uma sensitividade ímpar elas também podem nos ajudar com magias ligadas a intuição, vidência, sonhos e glamour. Bem como também podem auxiliar em nossos processos de limpeza e purificação, afastando de nós aquilo que nos causa dano. Sendo pelo método que for, sempre seja delicado, honesto e sincero com elas. Donas de uma grande compaixão, podem se ressentir muito com a mentira e a desonestidade, sendo quase impossível recobrar sua confiança uma vez que foi perdida. Então seja cuidadoso naquilo que faz e prudente naquilo que pede.