Herbário – Rosas

Fonte: Acervo pessoal

Extremamente populares, as rosas estão entre as flores mais referenciadas ao redor do mundo. Seja na área estética, na medicina, na culinária ou na espiritualidade, seus usos são célebres e vastos. No texto de hoje do Herbário vamos ver um pouquinho mais sobre elas!

Nome científico: Rosa gallica L.

Uso medicinal: Na parte medicinal termos majoritariamente o uso das suas pétalas, que apresentam propriedades anti bactericidas, adstringentes e tonificantes. Sendo usadas, de diversas formas e em diversas quantidades, no tratamento de resfriados, dores de garganta, bronquites, gastrites, feridas leves, problemas de pele e também contra depressão e letargia. Sendo usadas na fabricação de xaropes, pomadas, licores e perfumes.

Uso na magia: Sendo uma das principais flores com regência de Vênus, espiritualmente as rosas podem trabalhar desde limpezas e cura até beleza, prosperidade, proteção, amor e desejo sexual, a depender da sua cor. Inflamar paixões, dominar desejos, ampliar carisma e desenvolver força pessoal também estão entre suas especialidades!

Ideias de usos

Na variedade das suas cores, conseguimos trabalhar a energia das rosas de formas super diversas. Desde as mais tradicionais, incluindo as áreas do amor e da beleza, até saindo do óbvio sobre suas possibilidades como em trabalhos de dominação e manipulação!

Rosa vermelha: Quando falamos de amor, paixão, intensidade e romance as rosas vermelhas geralmente estarão envolvidas. Nada como a sua energia para incendiar trabalhos cujo foco é criar aquela energia de um amor intenso, profundo, cheio de felicidade, beleza , doçura e prazer. E aqui podemos direcionar isso tanto entre duas pessoas que já se amam, ou pelo menos tem uma certa inclinação uma para a outra independentemente de sexualidade e gênero, quanto para fazer com que esse sentimento brote de onde antes ele não existia. Trabalhos de reconciliação também são possíveis com ela, para reacender a chama de onde ela se apagou.

Se você deseja estimular alguém a ser mais apaixonado em relação a você, te tratando de forma mais romântica, ardente, generosa e entusiasmada ela é a sua pedida. Aqui você tem aquela sensação do início de uma nova paixão onde tudo é mais empolgante, onde você vê a outra pessoa como a mais divertida, atraente e fascinante que você já conheceu e onde a química sexual está lá nas alturas. A afeição magnética que ela cria pode gerar desde as borboletas no estômago e as risadas fáceis e soltas até uma fascinação fervorosa e fiel dependendo de como ela é trabalhada. Afinal, sua intensidade pode arrebatar os sentidos e gerar devoção em quem está sob a sua influência. Inclusive, essa conotação de adoração fervorosa e entregue não está só dentro dos relacionamentos mas também em sua aplicação espiritual como uma flor que pode ser ofertada aos deuses nas mais diversas culturas para simbolizar a intensa e sincera veneração de seus adeptos.

E é essa intensidade, essa força, que pode também ser empregada para trabalhos de fortalecimento pessoal, por exemplo! Assim como as rosas brancas, das quais falo ali abaixo, elas também podem ser usadas em feitiços de cura para restabelecer a força perdida de um doente. Assim como melhorar a relação de uma pessoa consigo mesma, sendo ótima para trabalhos de amor próprio e auto estima em geral. Onde é a sua própria força, a sua beleza e o seu magnetismo que são fortalecidos e ampliados. Afinal, assim como as rosas podem fazer com que outras pessoas notem essas qualidades em você e se encantem, ela também pode fazer com que você as note em si mesmo, direcionando essa afeição para dentro.

Poucas flores trazem e constroem força como a rosa vermelha consegue fazer. Com a intensidade que ela consegue fazer. Ela pode te dar determinação, aumentar o seu vigor, a sua libido, a sua auto estima, a sua coragem, assim como pode dominar o coração de alguém, dizendo para essa pessoa o que ela deve adorar e ao que ela deve se dedicar sem hesitação. Aqui damos impulso aos apaixonados para se declararem e tomarem iniciativa. Aqui trabalhamos com a obstinação dos amantes que lutam pelo seu amor sem se importar com quaisquer obstáculos, sacrifícios ou perigos. Aqui temos a mais pura devoção. Se você deseja dizer a alguém pelo que essa pessoa deve viver, e até mesmo pelo que ela deve morrer, é com a rosa vermelha que você deve contar. E, pela sua ferocidade, o que ela conquista ela também é capaz de proteger. Sendo os espinhos das rosas vermelhas os mais usados em trabalhos de proteção, como falaremos mais abaixo. Tornando o vermelho da paixão no vermelho do sangue facilmente.

Rosa cor de rosa: Quando falamos sobre influência social, beleza, glamour, boa sorte e sobre fazer as circunstancias se aliarem ao que você quer falamos das rosas cor de rosa. Menos impetuosa do que a rosa vermelha, é a sua energia que é usada quando trabalhamos o amor e o afeto não no sentido da paixão visceral que as rosas vermelhas mais facilmente trabalham mas sim no amor platônico e no afeto genuíno e desinteressado de uma amizade, por exemplo. Sendo assim, ótima para questões que envolvem popularidade, ser querido pelas pessoas nos meios em que você precisa o ser, garantindo apreciação e admiração por onde você for.

Se você quer que as portas se abram por onde você passar, com as pessoas involuntariamente sorrindo ao te ver, é o charme das rosas cor de rosa que você deseja. Elas nos auxiliam a construir fama, prestígio e afetos. Podendo atrair até nós aqueles que realmente irão nos querer bem, com os quais poderemos criar laços de irmandade e de afinidade genuína. Afinal, ela pode trabalhar o amor e o carinho de forma mais ampla e vasta do que apenas o romântico. Sendo as rosas ideais também para trabalhos relacionados a nossa aparência, aqui podemos colocar em nós o magnetismo encantador de uma sereia. Trabalhos para mantermos, ou recuperarmos, a juventude funcionam muito bem com ela. Afinal, toda sua energia é muito jovial, amável, doce e extrovertida num geral. Se você for a usar em trabalhos com conotação romântica mesmo, escolha trabalhos que mantenham esse tom. O tom da gentileza, do amor jovial, da amizade e dos encantos de uma certa mocidade. Sua conotação é toda primaveril, tendo frescor e amabilidade de sobra para oferecer.

Rosa amarela: Aqui temos a melhor rosa para se trabalhar em questões de prosperidade, dinheiro e trabalho. Sendo uma flor venusiana, seu maior forte está no interpessoal e no magnetismo, em certa semelhança a rosa cor de rosa, com o poder de aprimorar sua parte social. Aqui, com ela, podemos trabalhar boa sorte e fortuna principalmente através da obtenção de favorecimentos e na ampliação do seu carisma social, te trazendo amizades interessantes e aliados que ajudem a te alavancar.

Você pode com sucesso colocá-la em feitiços e trabalhos de abertura de caminhos, por exemplo, para que você encontre e faça as melhores amizades no seu meio de atuação. Abrindo oportunidades para que você firme boas conexões, ampliando seu carisma, seu brilho, melhorando seu magnetismo e ampliando seu campo de influência.

A energia amanteigada de uma boa rosa amarela sempre torna as coisas mais suaves, mais agradáveis. Você pode fazer um entrevistador simpatizar mais com você do que com os seus concorrentes em uma entrevista de emprego para passar nela. Você pode fazer seu chefe ou superiores gostarem de você, te ajudando a obter aumentos, promoções, estabilidade em momentos de crise (os outros podem ser demitidos, mas não você), e muito mais. Se você for autônomo, seus clientes podem se sentir atraídos por você, pelos seus produtos e trabalho, mais do que pelos seus concorrentes. E você pode conquistar clientes realmente fiéis por não te verem apenas como mais um mas sim como um amigo, como uma pessoa agradável, que eles legitimamente gostem de estar por perto.

Esse efeito pode ser muito bom, inclusive, para aumentar resultados em redes sociais! Afinal, você precisa transmitir simpatia nelas, gerar afinidade com seu público para que eles se inclinem a você e ao jeito como você se expressa. Aqui geramos essa admiração, essa afeição, até mesmo esse apego a você com a finalidade de te garantir sucesso, oportunidades, boas redes de contatos e prosperidade em retorno.

Rosa branca: Nas rosas brancas temos as rosas ideais para trabalhos ligados a limpeza, a purificação, a cura, a castidade, a inocência, a ingenuidade, a integridade, a graça, a leveza e a suavidade num geral.

Sua maior associação é a sua pureza. O que a liga diretamente a trabalhos de harmonia e de limpeza. Em questões de saúde você pode usá-la para afastar doenças e energias impuras de si mesmo ou de outras pessoas (até mesmo de locais!) para que a vitalidade e o bem estar sejam restituídos. Ela pode, inclusive, acalmar a angústia e o estresse do doente neste processo, deixando a pessoa mais calma e confiante. Este uso em locais pode incluir, por exemplo, trabalhos para trazer calma e equilíbrio de volta a um lar muito afetado por brigas, sejam essas brigas fruto de problemas mundanos ou espirituais. Afinal, recuperar a paz e a integridade são grandes fortes dessa rosa!

Sua segunda maior associação é o perdão. Trabalhos onde você deseje que alguém te perdoe podem se beneficiar muito da energia serena que as rosas brancas trazem. Pois a sua pureza tem a capacidade de diminuir a raiva, o ressentimento e a angústia que o outro pode sentir por você, acalmando seu coração, e o ajudando a olhar a situação entre vocês com uma cabeça mais fria, com um coração mais acalmado, e de uma forma mais objetiva e racional, deixando o passional de lado. Dessa forma você cria uma abertura ao diálogo e também a chance de obter o perdão daquela pessoa. Limpando qualquer ressentimento, bloqueios emocionais e tirando qualquer falta de confiança que possam querer interferir no caso.

De uma perspectiva mais manipulativa, elas podem ser usadas para que você seja visto como uma pessoa inocente, genuína e honesta, fazendo com que as pessoas pensem, mesmo que você tenha sim culpa, que você não teve a intenção. Afinal, você é uma pessoa boa, não é verdade? Então só pode ter sido algum mal entendido. No fundo, você não é realmente culpado, outras circunstancias e pessoas que são. Assim, você pode sair ileso através dessa aura de pureza e de inocência que a rosa branca pode te conferir.

Outro detalhe interessante sobre os possíveis usos da rosa branca está em seu uso tradicional em casamentos. Seja na ornamentação em geral ou mesmo nos buquês das noivas. aqui temos o simbolismo não só da pureza e da retidão sexual em relação a noiva mas também do comprometimento. Em um trabalho feito para que você finalmente seja pedido em casamento pelo seu parceiro, por exemplo, você pode incluir rosas brancas nessa exata intenção, para que a pessoa deseje se comprometer de forma mais séria e profunda com você, afinal, você é o tipo correto de pessoa para isso. Sendo essa nova etapa devidamente abençoada por felicidade, amor e, claro, pela fidelidade também.

Os Espinhos

Quando falamos sobre espinhos estamos falando, em geral, sobre um mecanismo de defesa das plantas que o possuem. Algumas tem espinhos menores, mais discretos, e outras possuem espinhos grandes e afiados o suficiente para causar verdadeiros estragos se não tivermos o devido cuidado. Sendo como for, espinhos geram dor. Espinhos como os das rosas podem ser usados como elementos de uma proteção mais defensiva, para efetivamente ferir aqueles que tentarem te causar mal, mantendo seres hostis tanto encarnados quanto desencarnados a uma distancia segura. Da mesma forma, eles podem ser usados para infligir dor, seja física ou emocional, podendo ser usados em feitiços de separação e também em trabalhos para restringir movimento. Um feitiço de broxamento feito com espinhos, entre outros ingredientes, causará dores e imobilidade no membro na vítima, por exemplo.

Vamos a algumas sugestões simples de usos para cada uma delas?

Um feitiço de proteção

Sabe quando precisamos proteger o nosso relacionamento de forças externas e de gente muito mal intencionada contra a nossa felicidade? É aqui que esse pequeno, mas muito eficiente, feitiço serve como uma luva. Para ele, separe duas velas vermelhas, um pedaço de fita vermelha e uma rosa vermelha com o cabo bem espinhento. Quanto maior forem os espinhos melhor.

Em uma das velas escreva o seu nome e, na outra, o nome da pessoa com a qual você se relaciona, sendo em um namoro, noivado ou casamento. Segure a vela com o seu nome e diga: “Que neste trabalho que aqui inicio você me represente. Em carne e em espírito, me represente”. Faça o mesmo com a vela do seu parceiro. Segure-a e diga: “Que neste trabalho que aqui inicio você represente ___. Em carne e em espírito, o represente.” Então, pegue o pedaço de fita vermelha em mãos e amarre firmemente ambas as velas dizendo: “O laço que existe entre mim e ___ por este laço de fita neste momento é representado e também reforçado. Pois o que nos uniu foi o amor genuíno em nossos corações, e é este amor que aqui celebro e protejo para que nada externo a nós interfira. Unidos estamos e unidos estaremos enquanto verdadeiro for.”

Coloque as velas em um suporte apropriado, que resista ao fogo. Então, com cautela para não se ferir, pegue a rosa. Coloque-a em seu peito, feche os olhos, e pense em todo amor que você sente. Se lembre de como vocês se conheceram, de como vocês começaram a se relacionar, de todos os bons momentos que tiveram juntos. Se permita ser realmente preenchido pelo sentimento. Então, com cuidado, coloque apenas as pétalas ao redor das velas, dizendo:

“Neste momento, abençoo e fortaleço o nosso amor. Que a afeição e o carinho que sentimos um pelo outro cresça a cada dia mais em intensidade e profundidade. Assim como afinidade entre nós, de forma que a conexão e a compatibilidade que possuímos um com o outro não seja igualada por nada mais. Que o desejo e a paixão entre nós se incendeie, de forma que o maior prazer que possamos experimentar seja o que sentimos dentro dos braços um do outro. Em ardor, desejo e paixão doce e irresistivelmente queimamos, em devoção e zelo nos unimos, de forma tão plena que nada, nem acima e nem abaixo, seja capaz de ofuscar o brilho e o calor da nossa chama.”

Agora, com o auxílio de uma pequena faca, corte os espinhos do cabo para os colocar ao redor das pétalas formando um círculo de proteção ao redor delas. Dependendo de como o cabo estiver, se for melhor, você também pode cortar o próprio cabo em várias partes menores para formar esse círculo protetor. E, com ele formado, diga:

“Assim como os espinhos protegem a bela rosa, aqui os desperto para proteger o relacionamento que existe entre mim e ___, em toda sua sinceridade, virtude e amor. Que os olhos contra nós mal intencionados, que nos direcionam inveja e maldade, por eles possam ser perfurados e cegados. Que as más línguas, que contra nós e a nossa união destilam veneno, mentiras e intrigas por eles sejam cortadas e rasgadas até seu permanente silêncio. Que as mãos que agem contra nós e contra a nossa felicidade e progresso por eles sejam penetrados, quebrando seus ossos até sua inutilização. E que os pés daqueles que buscam a nossa derrota por eles sejam pregados um ao outro, de forma que caiam sobre suas faces e orgulho, envergonhando a si mesmos, sem poder mais nos perseguir ou em nosso caminho sequer estar. Que de nós se afastem os falsos, os maliciosos e os perversos!”

Neste momento, acenda ambas as velas. dando vida ao feitiço. Imagine você e o seu amor felizes, juntos e apaixonados, em meio as pétalas da rosa enquanto os espinhos formam uma verdadeira barreira externa de proteção contra quem deseja o mal contra vocês. Quando a visualização estiver firme a vívida, termine dizendo “Que assim seja!” e deixando as velas queimarem até o fim. Os restos de cera e fita podem ser descartados no lixo e o que sobrar da rosa pode ser devolvido a terra.

Um banho de beleza

O momento ideal para fazer esse banho é as sextas, principalmente durante a lua crescente. E, para ele, separe as três rosas cor de rosa mais bonitas que você puder encontrar. Ferva um litro de água potável e, quando já estiver borbulhando, apague o fogo. Pegue as três rosas em mãos e, com toda delicadeza e ternura, sussurre perto delas:

“A beleza que reside em mim desperta. Resplandecendo como o alvorecer de uma manhã de primavera. Iluminando o meu ser. Restaurando o frescor do meu espírito. Em sua graça eu caminho. Agradável e doce como licor, suave e magnético como um perfume, cintilando tão belamente quanto a primeira estrela no céu, na harmonia das mais amáveis melodias. Que ela me adorne como uma joia preciosa, cujo brilho nunca cessa.”

Então, com cuidado e carinho, pressione levemente os lábios em cada uma delas como em um pequeno beijo e coloque suas pétalas na água quente. Tampe a panela e deixe amornar por pelo menos meia hora. Depois, pode coar o líquido em algum recipiente e ir com ele para o seu banho. Tome seu banho higiênico sem pressa. Um daqueles bem demorados e completos. E, ao final, jogue a água das rosas pelo seu corpo de baixo para cima, para que sua energia cresça em você. Primeiro pelos seus pés, depois pelas suas pernas, subindo até sua cabeça. Imagine sua beleza despertando em você, as marcas do tempo e do cansaço sendo suavizadas e suas qualidades brilhando em cada mínimo detalhe do seu corpo. Deixe que o banho seque naturalmente no seu corpo, sem se enxaguar depois. Você pode dispensar os restos das rosas na terra, agradecendo, em algum lugar bem cuidado e agradável.

Passe na entrevista!

Aqui iremos usar a boa sorte da rosa amarela para passar na entrevista daquele emprego ou oportunidade que tanto desejamos! Separe uma rosa amarela, uma vela palito laranja e um suporte que seja devidamente resistente ao fogo. O momento certo para se fazer esse pequeno feitiço é no dia em que faremos entrevista, pelo menos ali de três até umas nove horas antes dela.

Segure a vela laranja entre as suas mãos, feche os olhos, e imagine tudo dando absolutamente certo. Do momento em que você colocar seus pés pra fora de casa até o final do processo, em cada detalhe. Coloque-a então perto dos seus lábios e diga: “Os caminhos para o meu sucesso hoje se abrem.” Coloque a vela no suporte e, então, pegue a rosa amarela.

Feche os olhos novamente, e imagine todas as pessoas no seu caminho simpatizando com você. Sendo receptivas ao que você tem a dizer. Enxergando o seu potencial e querendo apostar nele. Beije delicadamente a rosa e sussurre para ela tudo que você imaginou. Fale no momento presente. Diga que hoje as pessoas se encantam por você, que seu entrevistador vê em você a pessoa perfeita para a vaga, que a boa sorte te acompanha e as portas certas se abrem diante de você. Então, com delicadeza, coloque as pétalas em volta da vela sem as rasgar.

Acenda a vela e repita: “Os caminhos para o meu sucesso hoje se abrem.” Observando a chama da vela, agora imagine-se já tendo passado na vaga. Se imagine já trabalhando nela. Sua nova rotina, suas novas atribuições, se imagine já em uma nova vida. Por fim, diga: “Os caminhos para o meu sucesso hoje se abrem, e eu agradeço.” deixando então a vela queimar até o fim. Ao final, os restos de cera podem ser descartados no lixo e as pétalas podem ser entregues a terra, em algum lugar verde e bem cuidado. Boa sorte!

Um chá para cura

Aqui usaremos as pétalas das rosas brancas, aliando seu uso medicinal como antifúngicas e antibacterianas, aos seus usos espirituais. Lembrando que, como serão usadas para ingestão, confira sempre nos locais se as rosas que você está comprando são orgânicas e comestíveis ou não, pelo possível uso de agrotóxicos em seu cultivo. As medidas são de 10g de pétalas de rosas (cerca de duas rosas) para 500ml de água potável.

Deixe a água ferver e, quando ela começar a borbulhar, desligue o fogo. Segure as rosas com cuidado perto dos seus lábios e diga: “Que o que for impuro de mim se desprenda e que minha saúde seja restaurada a sua força original. Curados sejam meu espírito e meu corpo para que meu viço seja restabelecido em harmonia e em graça.” Coloque suas pétalas com cuidado na água e deixe abafando por pelo menos uns 10 minutos antes de tomar. Os restos das pétalas podem ser devolvidos a terra, com respeito, e o chá pode ser tomado até três vezes por dia. Não estranhe se der um pouquinho de sono, afinal, as rosas brancas possuem um bom efeito calmante!

E aí, você já conhecia toda essa versatilidade das rosas?

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Primeiros passos – Sobre Círculos

Fonte: Arquivo pessoal

Dentro da estrutura ritualística de diversas tradições, práticas e vertentes esotéricas temos a presença dos Círculos Mágicos. Sendo extremamente diversos em seus usos e formas, eles criam e delimitam um espaço específico para a realização de inúmeros tipos de trabalhos espirituais, fundamentando e estruturando o propósito e a natureza daquilo que dentro deles é feito. Existe uma imensa variedade de Círculos através de diferentes tradições. Cada um alinhado a um tipo de propósito, filosofia e trabalho.

Representando o fundamento e a circunferência daqueles que os operam, eles formam, por essência, um espaço mágico que estará, como uma encruzilhada viva, entre mundos. Cada elemento usado e cada nome entoado neles são chaves, abrindo portais e chamando energias específicas para fins igualmente específicos.

O Círculo de trabalho que existe dentro da Goetia Salomônica, por exemplo, não é o mesmo e nem possui os mesmos efeitos e propósitos que o Círculo que temos dentro da Goetia Luciferiana. Apesar de ambos serem Círculos usados para se entrar em contato com um mesmo tipo de entidade (os demônios da Goetia), a postura, filosofia e entendimento de ambas as linhas são distintas, tornando seus Círculos estruturas para tipos de ofício muito diferentes.

Apesar do grande foco sobre eles ser o efeito protetivo que muitos deles podem ter, Círculos primariamente concentram o poder que você chama dentro deles apenas ali, no interior dos limites do seu espaço, para que você não perca energia para o ambiente e possa o direcionar de forma mais focada. Assim, toda energia que você angariar irá apenas para onde você quer, devidamente focalizada e concentrada. O Círculo adequado pode, desta forma, ser o elemento chave para o sucesso de um bom ritual. No entanto, você deve saber, antes de lançá-los, exatamente qual a linha que você irá querer seguir e qual abordagem você irá querer usar.

Os Círculos de cada linha ou tradição carregam em si os símbolos, as chaves de poder e a representação dos mistérios de cada uma delas. Usando o Círculo da tradição em que você está inserido você se alinha ao poder dela e a corrente energética da qual ela faz parte. Na Mão Esquerda, os Círculos te alinharão a corrente do Adversário e as energias da Via Sinistra. E a experiência de abrir um Círculo para trabalhar apenas um propósito pessoal, como saúde ou prosperidade, é totalmente diferente da experiência de abrir um Círculo para trabalhar com a energia das Qliphas e com seus poderes.

Existirão Círculos que começarão ao Leste, remetendo ao movimento natural da passagem do Sol, com propósitos construtivos. Igualmente, existirão Círculos cujo movimento será o oposto, para criar energias de desconstrução ou até mesmo de destruição. Alguns deles manterão determinados espíritos longe de você, mas a maioria se encarregará apenas de que ao seu redor estejam unicamente as correntes de energia no qual você se alinhar. Dando assim a vazão para que, perfeitamente, o micro e o macrocosmo se nivelem, para que você execute o seu propósito.

Lembre-se, então, que chaves diferentes abrem portas diferentes e use cada tipo de Círculo para o propósito apropriado que eles possuem em si, sendo mestre do universo que neles você construir.

Estruturas básicas

Agora que já sabemos o que os Círculos são, darei aqui no blog três opções de estrutura básica para eles. Na primeira estrutura você usará apenas a sua visualização. Na segunda, evoluindo um pouco, contaremos com a força dos Quatro Elementos e enfim, na terceira, que colocarei no próximo post, desenvolveremos um Círculo básico mas efetivo para trabalhos introdutórios na Mão Esquerda. Como os três são focados em iniciantes, se você desejar algo mais específico e profundo, busque evoluir o que aqui está em seus estudos, sempre sob a luz da vertente com a qual você se alinha, ok?

Círculo Simples

Escolha um local onde você não será perturbado e o purifique. Você pode varrê-lo e em seguida usar a fumaça de um incenso com as propriedades adequadas, por exemplo. Com isto feito, sente-se onde for fazer o Círculo e respire profundamente pelo menos três vezes, se concentrando no momento presente e no que você está prestes a fazer.

Quando se sentir confortável e centrado, feche os olhos e visualize uma esfera de energia branca acima da sua cabeça. A energia dela é suave, agradável e pura. Aos poucos, respirando com calma, visualize ela se expandindo cada vez mais até que ela abarque, em sua circunferência, todo espaço ao seu redor. Se veja dentro da bolha de energia delicada que ela é.

Neste momento você estará a projetando, então, não precisa ter pressa. Leve o tempo que precisar, sempre respirando profunda e calmamente, se atentando as sensações ao seu redor. Quando sua visualização estiver clara e bem formada diga, em voz alta ou mentalmente: Em harmonia se forma Círculo Mágico ao meu redor. Neste espaço sagrado apenas as energias que eu convidar comigo estarão, em verdade e equilíbrio, para o bom funcionamento da obra que aqui realizarei. Que assim seja!

Pronto. agora você pode convidar as energias que você precisar, como as dos seus guardiões e guias, para estarem com você. Quando terminar, agradeça. E visualize a esfera lentamente se desfazendo, com sua luz se fundindo ao ambiente em que você está. Como este Círculo foca apenas na visualização, comece por ele. Treine e treine bastante! Até se sentir seguro para ir para os próximos. Aqui você pode realizar meditações mais específicas, pequenos rituais e até mesmo alguns feitiços.

Círculo Elemental

Neste Círculo, assim como fizemos no Básico, comece pela purificação ambiente. Depois dela, se coloque no centro do local onde o Círculo será feito. Respire fundo pelo menos três vezes, se concentrando no momento presente e naquilo que você irá fazer. Com a ajuda da sua adaga cerimonial, se você a tiver, ou com os dedos indicador e médio da mão com o qual você escreve, trace um círculo ao seu redor, a partir do Leste. Imagine uma luz branca e suave saindo da ponta da sua adaga, ou da ponta dos seus dedos, formando um círculo de luz a sua volta, enquanto você o traça. Firme essa visualização de forma clara e bem definida em sua mente e então diga: Um espaço sagrado ao meu redor se forma…

Para o Leste … perante o Leste eu convido para estarem comigo as forças do Ar, elemento de sabedoria, para que o meu raciocínio neste rito seja lúcido e que minhas palavras sejam claras, precisas e apropriadas

Se virando para o Sul … perante o Sul eu convido para estarem comigo as forças do Fogo, elemento de poder e transmutação, para que a minha vontade seja clara e poderosa, sem nunca esmorecer

Se virando para o Oeste ... perante o Oeste eu convido para estarem comigo as forças da Água, elemento de fluidez e sensibilidade, para que aqui meu propósito possa fluir claro e irresistível sem nunca se corromper

Se virando para o Norte … e perante o Norte eu convido para estarem comigo as forças da Terra, elemento de estabilidade e criação, para que as obras que aqui forem feitas tenham potência e firmeza para florescerem da melhor forma, se manifestando no mundo

E de volta ao Leste, erguendo sua adaga ou dedos para cima e seu outro braço para baixo … pois aqui me coloco em verdade e força. Que acima de mim o Universo em evolução me abençoe e que abaixo de mim a força daqueles que me precederam possa firmar e proteger os meus passos. Que assim seja!

A partir deste momento, o Círculo Elemental estará ativo e aberto. Faça o seu trabalho com calma e, ao terminá-lo, se coloque no centro do espaço novamente, dizendo: Aqui encerro meu intento, agradecendo a todas as forças que abaixo me firmaram e que acima me abençoaram, assim como agradeço a todos que comigo estiveram…

Para o Norte… as forças da Terra, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Para o Oeste… as forças da Água, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Para o Sul… as forças do Fogo, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

E para o Leste… as forças do Ar, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Novamente com a ajuda da sua adaga, ou com os dedos indicador e médio da mão com a qual você escreve, gire ao seu redor, desta vez em sentido anti-horário, imaginando que o círculo de luz se desfaz, dizendo: … pois feito está!

As direções aqui empregadas são as mais comumente usadas para cada um dos Quatro Elementos, indo inicialmente em sentido horário. Portanto, em sentido de criação e crescimento. Apenas para desfazer o Círculo usamos o movimento contrário, o dispensando e dando liberdade para que as energias possam ir para onde determinamos durante o nosso trabalho. Neste Círculo você pode fazer ritualísticas um pouco mais complexas com tranquilidade, convidando suas divindades de culto ou seus guias se assim desejar.

Boas práticas e até mais!

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A arte da Bruxaria – Como começar

Fonte – Acervo pessoal

Quando começamos a nos interessar pela bruxaria sempre vem aquela dúvida: Como começar? O que precisamos ver ou entender primeiro? Como, num ramo tão diverso, podemos escolher por onde iniciar nossas buscas e onde encontrar as respostas para nossas maiores questões sobre o tema?

Primeiramente, é importante entender que o ponto inicial mais fundamental de todos é o estudo. Se você não gosta de imergir por horas e horas na leitura de livros, conhecendo autores e suas obras, bem como estudando diversos movimentos e suas implicações é bom que você saiba de antemão que, caso você queira ter uma prática substancial e profunda, isso será necessário. Você passará muito mais tempo lendo, pesquisando e fazendo anotações do que em qualquer outra atividade. Em segundo, você precisará saber se organizar. Principalmente no âmbito mental. Ter clareza do que você pensa e saber estruturar o que você deseja de forma prática é essencial para que você não se afogue num mar de informações desconexas que você não saberá utilizar e nem sequer te darão qualquer firmeza.

Para isso, comece no mais básico:

O que você acha que a bruxaria é? Onde e como você ouviu a palavra ”bruxaria” pela primeira vez? Quais caminhos você tomou entre essa primeira vez e ideia que você tem dela hoje em dia? Você pensa algo de diferente? Ainda pensa a mesma coisa? Muitas pessoas entram em contato com diversas ideias sobre o que seriam tanto a bruxaria quanto a magia em literatura, filmes, séries, jogos e desenhos bem cedo na vida, por exemplo. Seja qual tiver sido o seu caminho tente o traçar claramente dentro da sua cabeça. Entenda o que e quais histórias e acontecimentos compõe sua visão do que a bruxaria é.

Sabendo o que você pensa que a bruxaria é, defina o segundo princípio mais básico:

O que te move para perto dela agora? Dependendo da sua concepção algo está te movendo até ela. O que te faz querer se aprofundar nela? Entenda qual é a raiz do seu impulso. É apenas simples curiosidade? Você conheceu alguém que pratica e achou essa pessoa legal o suficiente para entender mais do que ela faz? Alguém te inspira? Você está se movendo por alguma necessidade particular? Basicamente, aqui você precisa entender qual é a sua história. Raras pessoas vão ter um contexto familiar prévio para começarem na bruxaria. Mesmo aqueles que tem uma família profundamente espiritual, na maioria das vezes, não terão seus familiares chamando o que fazem de bruxaria, visto que é um termo que ainda carrega sobre si um peso social discriminatório muito forte. Então, primeiramente, entenda o que te move para cá.

Com isto feito é que você poderá definir melhor o que, baseado na sua visão, você quer com a bruxaria. Afinal, algo dentro das suas visões e do que te move desperta seu desejo. Você quer alguma coisa com a bruxaria. É autoconhecimento? É desenvolver sua espiritualidade? Ganhar poder? Ter mais dinheiro? Ser desejável? Você quer se proteger de alguma coisa? Quer se vingar de alguma coisa? As vezes as pessoa começam atrás de amor, as vezes apenas por estética, porque é bonito, porque de alguma forma está na moda, ou porque querem atender alguma demanda pessoal que se falassem em alto poderia soar egoísta ou até mesmo bobo. Identifique o que você pensa e o que você quer sendo sincero com você mesmo. Você tem que saber de onde está partindo antes de começar. Sendo esse ponto qual for.

Agora, em terceiro, é onde sua busca de fato vai começar.

Inicie justamente pesquisando o que a bruxaria é. Isto é a primeira coisa que você de fato deve saber. E a resposta será bem mais complexa do que você poderia imaginar num primeiro momento. Cada cultura ao redor do mundo e cada época da história humana definiu tanto a magia quanto a bruxaria e a feitiçaria de forma diversa e multifacetada. Muitas vezes todos esses termos se encontram como sinônimos e muitas vezes eles se distinguem de formas muito particulares. Esses são os primeiros pontos que você deve desenvolver. Nunca fique com uma definição só. Sempre procure no mínimo três visões diferentes para não começar sua jornada já com uma visão parcial e reducionista.

Você logo verá que, para realmente formular algum conhecimento nesta primeira tarefa, você terá que ter o mínimo de pesquisa cultural e histórica. Procure sim livros de História. Leia-os antes de ler livros de autores do meio esotérico e ocultista. Eu sei que muitas vezes nosso primeiro impulso é procurar autores do meio, mas confie em mim neste ponto, não comece por eles, comece por obras escritas por historiadores. A maioria dos livros do meio ocultista deixa muito a desejar no que se refere a pesquisa histórica porque a maior preocupação de muitos autores do meio é mais defender suas próprias vertentes e visões do que se aterem a veracidade dos fatos. Eles estão apenas vendendo o próprio peixe, e não necessariamente vão te ensinar a pescar. Se você tiver uma boa pesquisa histórica prévia, quando você começar a pegar de fato livros sobre ocultismo, será fácil identificar quais autores são bons e quais não o são. Então inicie tendo uma boa base histórica.

Uma excelente indicação que eu tenho para essa fase inicial é o livro História da Bruxaria de Jeffrey B. Russel e Brooks Alexander. Além de belissimamente ilustrado, sua leitura é fluida e agradável, dando um excelente contexto sobre a diversidade do que é a bruxaria e sobre quem historicamente é a figura da bruxa em diversas culturas e períodos até os dias de hoje, onde temos os movimentos do neo paganismo e o surgimento da Bruxaria Moderna após o fundamento da Wicca na década de 50 pelas mãos de Gerald Gardner.

Depois de terminada esta primeira busca, compare o que você sabe após o seu estudo com o que você pensava antes. Algo te surpreendeu? Foi muito diferente do que você pensava no começo? Alguma coisa mudou em você agora que você sabe melhor do que se trata a bruxaria? Você ainda acha que conseguirá com ela as mesmas coisas que você achava que conseguiria antes? Se algo mudou, tente identificar o que. Você pode querer parar neste momento, vendo que não era nada do que você esperava, e está tudo bem. Você pode querer continuar agora muito mais do que antes, e está tudo bem também. Se você quer continuar, procure escrever sua própria definição do que é tanto a magia quanto a bruxaria para você, agora que você tem bases mais firmes para isso. Eu, por exemplo, coloquei um pouco da minha definição aqui.

Agora, com as coisas um pouco mais claras diante de você, se pergunte se você ainda quer as mesmas coisas que você queria no começo. Talvez você precise ajustar seus desejos agora que você tem mais conhecimento. Descartando alguns e quem sabe até mesmo acrescentando outros. A definição do que para você é a bruxaria e o que você deseja com ela é essencial para estabelecer seu próximo passo que é a escolha da vertente ou da área mais adequada para os seus interesses. Nem todas vertentes terão a mesma visão do que é a bruxaria, então você precisa encontrar aquelas cujo ponto de vista se alinhe ao seu. Assim como nem todas as áreas de desenvolvimento da bruxaria servem para te ajudar com seus objetivos iniciais. Procure aqueles que te ajudarão de forma mais prática no momento. Se você não quer uma abordagem religiosa ou filosófica agora no seu início não faria sentido você entrar de cara na Wicca ou na Thelema, por exemplo. Apesar de serem fascinantes são correntes que te colocarão sua própria visão sobre o divino, com seus próprios dogmas, liturgias e iniciações necessárias.

Se alinhe a você mesmo através das visões e metas que você estabeleceu na sua primeira pesquisa.

Quase que sem notar, a partir de agora, você já começou seu caminho de forma consciente e prática. Você já sabe, ou pelo menos já faz ideia, de para onde ir e o que você quer fazer com mais propriedade. A construção dos seus próximos passos dependerá apenas das suas próprias metas e interesses. Encontre vertente, ou a área, que mais se alinha as suas necessidades e comece pelos seus autores de referência. Construa seu conhecimento aos poucos, sem pressa. Quando sentir que já dominou suficientemente a teoria vá fazendo pequenos experimentos práticos. Anote sempre seus resultados, ou a falta deles. Isso vai te orientar sobre o que dá ou não certo para você. Nem todo mundo é bom com tudo, e você só vai saber quais são seus pontos fortes colocando a mão na massa. Muitos bruxos são incríveis trabalhando com o Fogo, outros são muito melhores com o Ar. Temos entre nós necromantes maravilhosos, outros dominam diversos tipos de divinação com uma precisão quase que assustadora. Você pode descobrir que é muito bom com sigilos, ou com mantras. Assim como pode conhecer bruxos que são dotados de uma verdadeira mão de ouro, que sabem mover prosperidade como ninguém, bem como aqueles que naturalmente tem uma habilidade notável para curar e para amaldiçoar. Se colocando em movimento você naturalmente achará o seu lugar. E, a partir dele, tudo se tornará possível.

Até a próxima!

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Um pouco sobre eclipses

Carta A Lua do Tarot de Marselha – Fonte: Arquivo pessoal

Eclipses, no cenário ocultista que temos contemporaneamente, são eventos que dividem opiniões. Sempre nos dias que antecedem um deles temos de um lado aqueles que não trabalham com eles e do outro os que trabalham. Os argumentos variam muito dependendo de vertente para vertente. Como praticante de bruxaria, tenho minhas opiniões sobre o assunto, e minhas experiências pessoais também. São elas que colocarei aqui, de forma não a configurarem uma verdade absoluta, mas a apresentarem um ponto de vista. E, ao contrário do que pode parecer natural, meu discurso não começará comigo falando como a bruxa que sou hoje, mas sim como a jovem que eu fui antes que a bruxaria entrasse na minha vida.

É comum entendermos os fins pelos começos, e eu entendo como minha espiritualidade se desenvolveu da forma como se desenvolveu através dos anos quando olho para a criança que fui, conversando com as árvores da minha vizinhança, com o sol e a lua, correndo em redemoinhos de vento junto com os pequenos seres que os adultos julgavam na época que eram meus amigos imaginários e tratando o mar como se ele fosse um ser por si só. Depois, conforme fui crescendo, com minha habilidade de “conversar com o céu” para ele segurar a chuva enquanto eu estivesse na rua, voltando da escola, porque tinha esquecido o guarda-chuva naquele dia e em como eu agradecia quando realmente só começava a chover depois que eu abria o portão de casa. Em como minhas explosões de raiva na adolescência sempre traziam tempestades, assim como acontecia com a minha avó. E em como eu fui tendo sonhos premonitórios com cada vez mais frequência assim como minha mãe e meu avô podiam ter.

A espiritualidade na minha família sempre foi muito forte, mas muito sutil ao mesmo tempo. E eu aprendia com eles a vivenciar as coisas de forma discreta para evitar comentários ou mesmo preconceito. Nada era tido como magia ou como bruxaria, afinal, eles eram em sua maioria cristãos, mas sim como dons do Espírito. De certa forma meu primeiro grimório foi a Biblia, e assim continuou sendo por muito tempo. Eu só comecei a pesquisar e a ler sobre bruxaria em 2014, com 22 anos. Não fui então uma adolescente que procurou sobre magia ou ocultismo, sempre consegui me comunicar com o mundo e manipular suas energias sem sair da base de crença da minha família. Foi apenas por forte necessidade que saí da minha zona de conforto para campos desconhecidos. No começo, tudo foi incrivelmente confuso. Não só pelo fato de que eu estava conhecendo novas crenças e paradigmas mas também porque muita coisa não se encaixava com a maneira como eu experienciava a natureza desde criança. E os eclipses eram o maior destes pontos.

Sempre tive uma relação muito forte com a lua. Forte a ponto de ter minha noção própria de correspondência de suas fases apenas observando seus efeitos no mundo ao meu redor e em mim. Eu sabia que quando ela estava crescendo eram os dias em que eu mais tinha sorte, que quando ela estava cheia tudo se tornava mais intenso e violento e que quando ela minguava ou sumia do céu eram os períodos onde eu tinha mais azar. Os eclipses eram absolutamente horríveis. Se eu pudesse desaparecia da face da terra nos dias em que algum acontecia. Não só tudo dava errado como psicologicamente eu passava por grandes abalos. De forma que quando comecei a ler sobre vertentes modernas de bruxaria, dentre elas a Wicca, eu até consegui pegar o conceito da utilização das fases da lua (geralmente lua nova para abrir caminhos e começar coisas novas, crescente para prosperidade e fazer coisas crescerem, cheia para intensificação e minguante para banimentos) mas nunca a forma como tratavam os eclipses como portais energéticos para causar mudanças ou até mesmo realizar desejos.

Eu lia autor após autor, livro após livro, via a animação das pessoas nos grupos em que eu participava e as discussões sempre para se fazer algum ritual especial e me animava para participar também. Não dava para negar que era um evento que trazia um fluxo de energia muito intenso. Se bem trabalhado podia render de fato grandes resultados. A visão wiccana de se ter o Sol como o Deus e a Lua como a Deusa eram a base do discurso, portanto eclipses eram a união das duas polaridades, do feminino e do masculino. Muito se fazia para celebrar ambas polaridades, para fazer feitiços de amor, de prosperidade, proteção e algumas vezes limpezas também. A escuridão momentânea do céu era tida como um ponto onde tudo se desligava no mundo por alguns instantes para que logo após a luz voltasse, assim sendo interpretado como um momento que podia ser usado para causar um antes e depois, uma mudança em alguma coisa, como se fosse um botão de reiniciar. Resolvi dar algumas chances para essa abordagem então. Podia ser só cisma boba minha no final das contas e talvez eu tivesse boas surpresas se me permitisse tentar.

Comecei a fazer pequenos rituais com cuidado, e observar se teriam resultados ou não. Em todas as vezes nada acontecia. Repare bem que eu não digo que me aconteciam coisas ruins, ou que acontecia o oposto do que eu tinha intencionado, mas que nada acontecia. Para alguém que, independente de crença, sempre conseguiu falar claramente com o mundo e ter respostas fluidas e positivas aquilo era estranho. O silêncio era estranho. A falta de resultados era estranha. Comecei então a procurar outras abordagens, outras vertentes, e vi quanta diversidade existe dentro do ocultismo em relação a como ver e se relacionar com eclipses. Geralmente quanto mais recente e moderna é a vertente, mais a sua postura é a de se trabalhar sim com o evento e mais positivamente eles são tratados. Existe uma cisma muito grande entre a abordagem moderna e as mais antigas e tradicionais.

Conforme fui estudando outros pontos de vista fui aos poucos tentando diversificar o que eu fazia. E os únicos e raros rituais com a energia dos eclipses que eu fiz e que deram certo dentro da minha prática foram os poucos que eu fiz enquanto aprofundava meu trabalho dentro da Mão Esquerda. Estes trabalhos foram completamente distintos dos meus primeiros quando minha visão ainda era muito guiada pelo paradigma da Wicca. Ali eu já estava trabalhando não apenas com as polaridades masculina e feminina mas com forças de destruição. Eu estava desenvolvendo meu conhecimento sobre demonologia e sobre as Artes Negras e usava o que estudava sobre astrologia para identificar quais eram os períodos mais oportunos para diversos tipos de evocações. Foi quando aprendi a não olhar só para em quais signos estariam a lua e o sol durante esses eventos como também prestar atenção em conjunções com estrelas como Algol, a “Cabeça do Demônio” (e uma das estrelas com as quais eu desenvolvi os trabalhos mais fascinantes).

Ali eu senti que as coisas fluíram corretamente. Ali eu falei com o mundo e ele me respondeu como sempre respondeu, de forma natural e positiva. Ali eu senti que era de novo a criança que eu fui, sentada no colo do meu avô, um dos homens mais fortes espiritualmente que eu já conheci, observando o céu e as estrelas com um binóculo, falando de mitos, fazendo anotações, dançando conforme os astros também dançam e nos sussurram o que acontece num nível muito acima do humano. E este ponto, no que se refere a magia astrológica, que fazemos com a força de determinados astros, estrelas e eventos celestes, é importante de se colocar. A maioria das coisas nos céus não são nem sobre e nem para nós. Muitas vezes eventos grandes como um eclipse podem ter efeitos sobre a humanidade, mas nunca de forma individual, sempre de forma coletiva. Como indivíduos, se sabemos como fazer, podemos aproveitar uma pequena parte destas energias para os nossos próprios propósitos. Mas eles em si não atuam numa esfera individual, atuam na esfera coletiva.

Na Astrologia Tradicional, com a qual me alinho, eclipses são sim eventos que apontam para riscos a nível coletivo pois são fenômenos maléficos. É raro que a ocultação da luz, que é um símbolo da vida a da consciência, dos nossos maiores lumiares (a lua e o sol) possa trazer algo de positivo. Podemos arriscar uma interpretação positiva se o evento estiver sendo governado por um planeta benéfico, em condições muito específicas. Mas mesmo assim, sempre através de turbulências. O mapa de um eclipse pode ser válido de poucas semanas a até mesmo anos dependendo da sua duração. E a sua importância depende de como ele irá interagir com outros astros no céu, tendo seus maiores efeitos sempre onde ele de fato é visível. Trabalhar com eles energeticamente traz riscos, porque tudo que fazemos em sua duração não é observado pela luz. Quando temos o enfraquecimento dos doadores de Vida (sol e lua) temos que saber muito bem o que fazemos ou simplesmente não fazer nada.

É muito comum ter dentro da Astrologia Moderna análises de como a energia de um determinado eclipse irá afetar os nascidos de cada signo solar, mas sempre serão análises rasas e superficiais porque toda análise que só leva em consideração signo solar ao invés de se analisar o mapa inteiro de cada pessoa individualmente se marcará por ser raso e superficial. Não somos nem de longe só nossos signos solares. E eventos celestes complexos como eclipses não são tão simples assim de se ler. Se desejamos saber se algum eclipse pode nos afetar individualmente temos que ir até um astrólogo que irá analisar todo nosso mapa e não apenas partes dele. Mas, na maioria das vezes, eclipses trarão eventos sobre governos, sobre a política dos países sobre os quais incide, e não sobre nossas vidas cotidianas. É maior que nós.

A postura de se ser um pouco mais observador do mundo antes de se procurar ser um ator ativo aqui é muito aconselhada. É comum e natural, quando somos novatos, queremos participar de tudo, fazermos tudo, consumirmos todo tipo de conteúdo, irmos na onda e aprendermos por imitação das figuras que mais observamos. Eu fui assim no meu começo. Ignorei minhas experiências anteriores a entrar nos meios que discutiam sobre bruxaria e magia porque queria me misturar ao meio. Seguir o fluxo. E fazer o que as pessoas que eu tinha como referência na época indicavam. Foram experiências válidas? Sim, claro. É testando que vemos o que combina ou não com a gente. Precisamos colocar as informações que recebemos a prova. Mas meu caminho até as práticas que realmente se alinham comigo teria sido mais curto se eu não tivesse ignorado meus próprios instintos e conhecimento anterior em prol do zumbido do meio. Hoje em dia eu não costumo trabalhar com eclipses. Voltando as minhas raízes, apenas me protejo. Se necessário for, por motivos que realmente precisam ser muito específicos, eu posso fazer muito mais. Mas apenas nestes casos. Do contrário você me verá apenas relaxando em casa, pedindo uma pizza e vendo algo na Netflix. É o único ritual que eu de fato indico, para todos, em eclipses. (A não ser que você prefira outro tipo de fast food, claro.)

Quer fazer algo a mais? Não faça só porque você vê outras pessoas fazendo. Pare um pouco, analise, veja como você se sente em relação ao assunto, e só coloque a mão na massa quando você tem certeza do que fará, de como o fará, e por qual abordagem você o fará.

Até a próxima!

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Altares Itinerantes – Como criar o seu

Fonte: Acervo pessoal

Que altares são pontos de conexão e de harmonização entre nós e nossa espiritualidade já vimos aqui. Porém, nem sempre conseguimos espaço ou temos as condições ideais para ter um altar fixo como gostaríamos, não é mesmo? Podemos estar morando no momento em locais onde não temos a liberdade ou a segurança para termos o nosso espaço, e isso nos leva a usar nossa criatividade e saber trabalhar dentro não só das nossas possibilidades mas das nossas limitações também.

A ideia de construir um altar itinerante me veio por fruto da necessidade. Nos últimos meses, por questões pessoais e familiares, eu precisei viajar muito entre o interior de dois estados diferentes, me dividindo entre passar metade de um mês em um local e a outra metade em outro. E a vida em constante viagem fez com que eu precisasse adaptar a minha estrutura a algo mais prático e mais fluido. Como é um recurso que pode auxiliar não só os viajantes como eu mas também pessoas em outras situações resolvi trazer a sugestão aqui para o blog!

A proposta é a de poder levar consigo, ou manter de forma discreta, uma composição básica com a qual você possa estruturar sua prática pessoal onde desejar. Um altar portátil. Vemos um conceito semelhante quando nos deparamos com a sugestão de, se por algum motivo ou período de tempo nos vemos tendo que esconder nossas práticas, podermos montar altares básicos em gavetas ou caixas. Como aqui a intenção é que você possa se mover livremente e viajar com ele irei indicar que você adquira uma maleta. Não precisa ser uma muito grande. Na verdade seu tamanho dependerá das suas preferências e condições pessoais. Eu comprei uma de um tamanho que considerei médio, de madeira, simples. Você pode procurar outros tipos. O importante é a praticidade.

O que você colocará na sua maleta dependerá do seu caminho espiritual e de como você pratica a sua própria magia. Eu pratico primariamente magia com o Elemento Água então coloquei meu pequeno cálice de cobre e algumas conchas, mas também adicionei alguns cristais para o Elemento Terra, meu castiçal de pentagrama e algumas velas para o Elemento Fogo e uma pena para o Elemento Ar. Também coloquei uma caixinha onde posso levar alguns amuletos mágicos meus como colares e pulseiras e alguns dos meus óleos. Sempre levo comigo um óleo de banimento, um de proteção, um para saúde/cura, e um para prosperidade/atração/sucesso. Como sou oraculista sempre tenho um Tarot e minhas runas comigo. Outras coisas que posso carregar são cadernos e canetas para minhas anotações, minha adaga ritualística, meu isqueiro, pequenas vasilhas para realizar ofertas, pequenos frascos com ervas e o que mais eu sentir que vou precisar.

Então, primeiramente, pense no que é essencial na sua prática. Se você tivesse que viajar hoje, o que você colocaria na sua maleta? Pense não só apenas no que é o básico para você mas também no que você precisaria para não ficar desprevenido perante as necessidades que você possui. Neste quesito, independente da sua vertente, carregue sempre consigo o que você precisará para realizar banimentos e realizar as suas proteções. Após tomar essas decisões e se organizar veja qual será o tamanho e o material mais indicado para sua maleta, pesquise locais e preços, e a adquira. Veja inclusive os tipos de fechadura. Se você pode ter uma com um fecho simples ou vai precisar de uma que você possa trancar com um cadeado ou similares. A limpe fisicamente primeiro quando a tiver em mãos, depois faça sua limpeza e consagração espiritual.

Pode ser simples como colocar suas mãos sobre ela e, fechando seus olhos, imaginar uma luz branca saindo de suas palmas e se espalhando sobre ela enquanto diz: “Que neste momento esta maleta possa ser purificada e limpa de todas as energias que ela possa ter retido ou entrado em contato em seu caminho até mim, até este momento, para que agora, em nome daqueles que me guiam e me protegem, pela força evolutiva que existe dentro de mim, ela possa servir como meu altar itinerante. Que através dela eu possa ter sempre comigo o que preciso para desenvolver meu poder e meu caminho espiritual. E que ela, nunca se perdendo de mim e estando sempre sob a proteção dos meus guias, me ajude a nunca me perder de mim mesmo, independente de para onde a vida possa me levar.” E pronto!

Se você preferir, pode usar algum outro método próprio também. O importante é que você tenha este momento para dar a ela sua nova utilidade. A imbuir da nova energia e propósito que ela terá daqui para frente. Nunca se esqueça que a intenção é essencial na magia. Então, você pode montar e organizar dentro dela o que você guardará e levará nela. A foto no começo deste texto foi tirada bem no começo da minha prática com a minha própria maleta. Eu a adaptei um pouco mais com o tempo, colocando pintados alguns símbolos de proteção e sigilos pessoais dentro dela também. Use sua criatividade, se adapte, e viva sua própria Arte!

Até mais.

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

O que são as Runas

Meu primeiro conjunto de runas, feito manualmente e especialmente para mim como um presente – Arquivo pessoal

As runas, como as conhecemos hoje em dia, constituem um alfabeto que era usado para se escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte (com destaques para a Escandinávia, as Ilhas Britânicas e a Alemanha) do séc II ao XI. Sua descoberta se deve aos achados arqueológicos das runsten, grandes pedras com inscrições rúnicas, datadas desde a Época Viquingue até o séc XII. Foram encontradas até agora aproximadamente 6.000 delas com destaque para a Suécia (onde foram encontradas aproximadamente 2.500) e para a Noruega (onde temos o achado de 500 pedras rúnicas diferentes). Em menor quantidade também existem achados de ossos, pergaminhos, placas metálicas e peças de madeira com inscrições rúnicas. As inscrições mais antigas que temos delas datam do ano 150. E mediante o avanço do cristianismo na Europa Central, por volta do séc VI, elas foram aos poucos sendo substituídas pelo alfabeto latino.

O alfabeto germânico primitivo possuía 24 runas, sendo usado principalmente no que hoje é a Alemanha, a Dinamarca e a Suécia. É ele ao qual nos referimos atualmente como Futhark Antigo. O nome deriva do fato de suas primeiras seis letras formarem literalmente ‘F’, ‘U’ ‘Th’, ‘A’, ‘R’, e ‘K’ (ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ). Também temos o Futhark Recente, que sucedeu o Antigo na Escandinávia a partir do séc XI, possuindo apenas 16 runas e sendo conhecido também como Runas Escandinavas.

Seu uso para fins oraculares vem de algumas linhas de interpretação de trechos da Edda Poética, uma coleção de poemas em nórdico antigo preservados no manuscrito medieval islandês Codex Regius, datado como pertencente ao séc XIII. Em sua composição temos 11 poemas mitológicos e 19 poemas sobre figuras heroicas tanto nórdicas quanto germânicas. Mesmo com sua autoria permanecendo desconhecida até o presente momento ela é uma das mais importantes fontes históricas que possuímos sobre a mitologia nórdica em si, junto com a Edda em Prosa de Snorri Sturluson, historiador e poeta da Idade Média. E é em suas linhas que temos o mito da origem mágica das runas, provindo do auto sacrifício do deus Odin, que agonizou dependurado e mortalmente ferido na Árvore do Mundo, Yggdrasil, por nove dias e nove noites:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,

Lá balancei por nove longas noites,

Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odim,

Eu em oferenda a mim mesmo:

Amarrado à árvore

De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,

Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,

Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,

E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar

E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,

conduziram-me à terceira,

De um feito para outro feito.”

Com este mito, tendo sido os frutos do sacrifício de uma divindade, as runas teriam também uma conotação espiritual e sagrada. Ressuscitado e restabelecido, Odin as teria dado como um presente a humanidade. Elas são a benção da própria escrita. Mas também, para quem se relaciona com elas de forma anímica, elas podem ser portais de energia com as quais podemos ouvir o sussurro dos deuses e acessar sua sabedoria e magia.

Só é importante, no entanto, termos sempre em mente que tanto a Edda Poética quanto a Edda em Prosa surgiram muito tempo depois da Era Viquingue, sendo um erro histórico comum dizer que os Vikings usavam de fato as runas como os instrumentos divinatórios que as consideramos modernamente. Seus registros se ligavam muito mais a assuntos da vida comum como questões comemorativas, literárias, funerárias e laudatórias.

Existem aqueles que gostam de usar o seguinte trecho da obra Germânia de Tácito (98 d.C.) para apoiar um uso mais antigo das runas como oráculo: “(…) cortam uma vergôntea retirada de uma árvore frutífera em pequenos ramos e estes, diferenciados por certos caracteres, eles espalham a esmo e fortuitamente sobre um tecido branco (..) apanha um a um dos pequenos ramos por três vezes. Feito isso, ele os interpreta segundo o sinal gravado neles anteriormente” (Andrade, 2011, p. 19). Porém, aplicar esta descrição de Tácito a uma suposta leitura de runas é por si só bastante problemático pois a descrição dele seria de um período anterior ao que conhecemos como o período da criação e uso do alfabeto rúnico por no mínimo dois séculos.

Até onde temos comprovado, as runas enquanto oráculo são muito mais recentes, sendo difundidas principalmente nos meios neo pagãos. O surgimento da controversa “runa branca”, por exemplo, é oriunda do livro The Book of Runes de Ralph Blum, de 1987, um sucesso nos meios esotéricos de sua época e tido como referência até hoje, apesar do autor nunca ter afirmado que seus métodos eram comprovados historicamente. Sendo estudadas como oráculo ou como as preciosidades históricas de comunicação gráfica que são, as runas são fascinantes do seu próprio jeito. Principalmente para quem se interessa pela cultura nórdica e germânica! E você, já teve algum contato ou experiência com elas?

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

A Magia das Sereias – Como montar seu altar

Um pouquinho de um dos primeiros altares que eu já tive para o Elemento Água e para as sereias! – Fonte: Arquivo pessoal

Depois de já termos visto aqui no blog quem são as sereias, de termos colocados alguns pontos sobre o contato com elas e de também de termos visto algumas sugestões de como iniciar nossa conexão com elas, se realmente começamos a nos relacionar com estes seres fantásticos e poderosos muitas vezes podemos querer ter um cantinho só para elas e para desenvolver nosso trabalho com elas, não é verdade?

Altares, do latim altare ou ara, na sua concepção clássica eram plataforma elevadas, ou mesas construídas sobre rochas, que eram usadas por sacerdotes ou líderes religiosos, nas mais diversas culturas como a grega e a judaica, para que sobre elas fossem feitas ofertas sacrificiais aos deuses ou a seres espirituais sagrados. E cada religião, até hoje, tem sua própria relação com eles. Na bruxaria natural, caminho que eu trilho, altares são pontos de harmonização entre nós e as forças com as quais trabalhamos e cultuamos. Como pontos de foco, e também de força espiritual, são espaços sagrados. Quando estamos diante deles nos lembramos de quem somos, de quem nos guia, e do que fazemos. Reforçamos nossa fé, nos renovamos e aumentamos nossas forças estando sob influência direta do que nos sustenta.

Quando fui aprofundando cada vez mais meu relacionamento com as sereias e também com Iemanjá, durante a época em que eu estive no axé, logo foi ficando claro para mim que minha conexão com aquelas forças era profunda demais, grande demais, em minha vida para que eu não tivesse um local próprio para o seu desenvolvimento. Eu comecei aos poucos, despretensiosamente, e fui evoluindo um passo por vez. Deixo aqui algumas dicas que foram úteis para mim, e alguns pontos que eu vivenciei. De forma alguma pretendo que você use minhas informações como exclusivas ou me tenha como a única dona da razão. Pesquise outras fontes, estude e, claro, tenha suas próprias experiências.

Primeiramente, escolha um bom local. Não precisa ser muito grande, pode ser uma pequena mesa de canto, uma prateleira, desde que seja um local prático e seguro. Se você pretende ter seu altar como mesa de trabalho espiritual e não apenas como devocional é bom que ele não seja muito alto, de forma que você possa se sentar diante dele para trabalhar. Seja sempre funcional em suas escolhas. Pense que aquele ponto que você escolher, além de precisar ser utilitário para você, também será um ponto onde o véu entre o mundo espiritual e o físico se tornará mais fino, pela energia que será construída dia após dia ali, então escolha com calma e com sabedoria.

Em segundo, limpe muito bem o local escolhido. Fisicamente mesmo. Depois, dependendo se você está montando seu altar numa superfície de vidro, madeira, mármore, granito ou outros, escolha como limpar espiritualmente aquele espaço. Nem todos materiais podem ser limpos com água com sal grosso, por exemplo, sem provocar danos. Então adeque seu método ao que você tem em mãos. Incensos e defumações com ervas costumam ser coringas. Você pode, se optar por defumação, usar ervas que sejam ligadas ao Elemento Água e que também possuam propriedades de limpeza e harmonização como a lavanda, a alfazema, o manjericão e a hortelã. Se você pode aspergir líquidos sobre a superfície que você escolheu, ou mesmo passar um pano molhado sobre ela, você pode usar uma infusão forte destas mesmas ervas. Outras opções são Água da Flórida, perfumes de alfazema, misturas de água potável com rum branco e claro, água do mar. Faça a limpeza, seja pelo método que for, sempre com foco e concentração. Visualize o local se tornando limpo, puro, livre de todas as energias que nele antes estavam.

Em seguida, molhe levemente seus dedos em água fresca (se você está usando água do mar em sua limpeza, pode ser nela). Trace no ar, acima do seu espaço, o símbolo alquímico do Elemento Água (que consiste em um triângulo invertido, com a sua mais alta ponta para baixo). Agora, no mesmo espaço em que você fez o símbolo no ar, coloque suas mãos. Una seus polegares e indicadores para formar o triângulo, com os indicadores apontando para baixo para deixá-lo invertido. Visualize o símbolo brilhando no espaço formado pelos seus dedos com clareza, em uma luz azul forte. Dentro do símbolo, como se ele fosse uma janela, visualize o mar. Não como na praia, da areia. Mas sim como na proa de um navio no meio do oceano. Veja o mar aberto. Sem terra alguma a vista ou por perto, só a imensidão das águas.

Feche os olhos e continue com a visualização. Procure ouvir o barulho das águas, imaginar o perfume salgado delas, sentir o balanço característico do oceano. Tenha esse momento para se conectar com a visão, com as sensações, com a energia do mar. Então, com voz clara e limpa, diga: “Eu convido aqui e agora a força das Águas, o poder de todos os sete mares. Que este espaço que eu abençoo agora seja um portal seguro entre mim e ti. Que aqui eu possa trabalhar com seus mistérios e com suas criaturas. Que haja cura, que haja harmonia, que haja aprendizado, descobertas e sabedoria. Pela benção das Águas e pela força evolutiva que existe em mim, que assim possa ser.” Respire fundo, abra os olhos, e sopre através do espaço entre seus dedos para a superfície do seu novo altar. Imagine por um momento que você sopra não só o seu próprio folego mas também os ventos que agitam os mares, e que a água que você visualizou na janela entre seus dedos agora cai sobre seu altar, o banhando e o consagrando.

Pronto. Agora caberá a você o que será ou não colocado no seu novo altar. Como um espaço consagrado as Águas e aos mares, você poderá colocar conchas, cálices com água, pedras que você recolheu em suas viagens a praia, e o que mais desejar. Este será um bom espaço para que você trabalhe com as ondinas e claro, com as sereias também. Chame-as para este espaço, faça o convite. Coloque estátuas ou pinturas de sereias em sua decoração. Faça tudo com beleza e carinho.

Uma das primeiras organizações que eu fiz no meu altar, no seu comecinho, foi como está na foto deste texto. Eu cobri minha mesa com uma toalha branca, coloquei um castiçal, minha estátua de sereia, meu cálice, algumas pedras, e o potinho com conchas e lascas de água marinha com a japamala que eu já tinha para as ondinas. Você pode ver que eu também coloquei o Diário Mágico que eu uso apenas para a Magia da Água, o livro sobre o tema que eu lia na época, e meus dois oráculos das sereias lá. O potinho com o líquido vermelho escuro é desta receita querida aqui do blog. Eu usava meu espaço também como um local de estudo, além de ser ali onde eu fazia meus rituais e meditações. Se eu oferecia algo as sereias, como flores, deixava-as em um vaso ao lado da minha estátua. E lá as coisas fluíam num tempo e num ritmo completamente únicos. Era como se eu de fato submergisse, e tudo que eu fazia e vivenciava naquele espaço fosse na verdade em outro plano. Com o tempo, como é natural, minha organização mudou várias vezes. Altares dedicados a Água costumam ser muito mutáveis. Fluem, crescem e se transformam. Junto conosco e para além de nós também.

Cuide do seu altar. Procure colocar nele apenas coisas que tenham sentido para você, que se conectem com a sua jornada e com o que você desenvolve espiritualmente. Deixe-o sempre limpo e organizado. Afinal, nossos altares costumam refletir, e serem um reflexo, de nossas próprias vidas. E viva plenamente a sua própria espiritualidade.

Até mais!

A Magia das Sereias – Quem pode entrar em contato com elas?

Carta Guide do Oracle of the Mermaids de Lucy Cavendish – Arquivo pessoal

Este texto veio do questionamento de alguns leitores e amigos, tanto aqui do blog como também do meu Instagram, que já quiseram saber: “Mas enfim Ellen, eu poderia ter contato com as sereias?”

Sempre sorrio ao receber essa pergunta. Não por quem está me perguntando, mas pelo fato de que a questão correta seria, na verdade, a oposta. Você sabe se as sereias teriam o desejo de ter contato com você?

É muito comum, de certa forma, quando olhamos para a espiritualidade e para seres espirituais pensarmos que as coisas dependem apenas da nossa iniciativa. Da nossa atitude. De fazermos o ritual adequado, com os ingredientes corretos, e de termos o poder necessário. Focamos muito em nós mesmos, e pouco naqueles que desejamos alcançar.

Criaturas como as sereias, e outros seres mitológicos, pertencem não ao nosso plano físico mas sim ao plano espiritual. Elas tem suas vidas, suas rotinas, e seus assuntos. Elas são seres independentes e possuem muita vontade própria. Por mais que existam rituais que podem facilitar o contato entre nós aqui deste plano material e elas no plano astral todo ritual é e sempre será uma via de mão dupla.

Imagine que em uma tarde você escuta alguém te chamando, batendo na sua porta, e você espie pelo olho mágico quem é. Observando quem te chama é uma decisão sua atender ou não o chamado, não é mesmo? Quantas vezes você já fingiu não estar em casa para uma visita que você não queria atender? E quantas vezes já não abriu a porta feliz, com um sorriso no rosto?

Saiba que no plano espiritual muitas vezes acontece o mesmo. Nós estudamos, nos dedicamos, organizamos materiais e um dia na nossa agenda para tentar estabelecer contato com quem desejamos. Seja com elementais, com divindades, com espíritos ou outros seres. Mas depende deles, e só deles, atender ou não nosso chamado. Querer ou não também ter contato conosco.

Os relacionamentos entre nós e seres espirituais é sempre baseado no livre arbítrio. As vezes, se estamos trilhando algum caminho ou trabalhando nossa espiritualidade, são eles que vem até nós. Nos mandam sinais, sonhos, sincronicidades. E é uma escolha nossa dizer sim ou não para a presença deles em nossa vida. As vezes somos nós que os procuramos, pelos mais variados motivos, e igualmente então é uma escolha deles dizer sim ou não para nós. Como em qualquer amizade, nós estendemos nossa mão, ou eles estendem a deles, e a reciprocidade é a receita para fazer as coisas acontecerem.

Se você deseja entrar em contato com elas procure, primeiramente, estudar muito! Mergulhe em livros, consuma conteúdo sobre diversas mitologias ao redor do mundo, procure fontes! Pesquise, além delas, também sobre o Elemento Água, sobre a magia deste elemento, sobre a magia dos mares, sobre as Ondinas, sobre os Tritões. Aqui mesmo no blog existem indicações de livros sobre elas e, quando você já se sentir seguro o bastante no seu conhecimento, também existem indicações de rituais para um primeiro contato!

E sim, todos podem fazer isso. Todos podem estudar, todos podem buscar, sem ser necessário nenhum grande poder ou habilidades extraordinárias. Todos podem tentar! Agora, tendo feito nossa primeira tentativa, cabe a nós esperarmos a resposta delas. Se elas vão nos corresponder ou não depende única e exclusivamente delas. E devemos respeitar isso. Elas sempre escolheram livremente, ao longo de toda história, nos mais diversos continentes, para quem se revelar e quem evitar. Dê uma chance e veja o que acontece! Você só descobrirá se tentar, não é mesmo?

Quer saber como foi que eu entrei em contato com elas pela primeira vez? É só espiar aqui:

Até a próxima!