Uma estrutura básica para rituais

Fonte: Arquivo pessoal

Ricos em simbologia e diversos em seus propósitos, os rituais são parte viva e integrante da prática das mais diversas vertentes, ordens, tradições e religiões. Neste contexto, eles são cerimônias onde se atribuem significados específicos a gestos, atos, fórmulas e símbolos com a intenção de se produzir determinados efeitos e resultados, ligando o seu praticante a expressão de espiritualidade que este professa.

Como sistemas de atividades organizadas, rituais tem sempre uma estrutura certa a ser seguida. Envolvendo ritos, etiquetas, regras, normas, costumes e estilos distintos dependendo da vertente e da cultura onde eles se encontram. Aqui no Guia darei uma estrutura básica e neutra que pode ser usada por praticantes da Mão Esquerda. A veja como um esqueleto, onde você poderá a ter como base para a organização da sua prática pessoal. Vamos lá?

1 – O estabelecimento do propósito

Todo ritual tem uma função específica. Seja celebrar alguma data ou período, entrar em contato com espíritos ou mesmo atrair ou repelir certas energias ou situações da vida daquele que o pratica, a finalidade é a primeira coisa a ser estabelecida. Saiba o que você deseja fazer e o por quê.

2 – A escolha do momento adequado

Sabendo o que exatamente você deseja fazer e por quais motivos, o próximo passo é escolher o melhor momento. Escolha sempre o período do ano, a fase da lua, o dia da semana e o horário mais adequados ao que você deseja fazer. Deseja fazer um ritual para atrair mais prosperidade a sua vida? Que tal uma noite de lua crescente num horário de Júpiter? Ou em um dia de domingo, em um horário de Mercúrio? Deseja causar prejuízos e doenças na vida de alguém? Você pode tentar a noite de uma terça, numa lua minguante, em um horário de Saturno. Deseja manipular uma situação ou alguém? Tente em um dia da Lua, em um horário de Mercúrio. Quer comungar com seus ancestrais? O Dia de Finados pode ser uma excelente data. Solstícios e equinócios tem, cada um deles, suas possibilidades. Assim como momentos astrológicos específicos. Se programe com antecedência e com intencionalidade.

4 – A organização

Na data escolhida, algumas horas antes, comece a organizar o espaço onde o ritual será realizado. O limpe fisicamente, dispondo nele todos os utensílios que serão utilizados. Vai usar ervas, velas, óleos, pantáculos? Já os separe. Vai vestir alguma túnica específica? Já deixe ela pronta. Todos os materiais e instrumentos do ritual devem ser adquiridos ou feitos com antecedência, estando separados e prontos a sua disposição.

3 – A purificação

Com tudo já devidamente arranjado, faça a purificação do local e de si mesmo. Faça a defumação adequada no ambiente, tome um banho simples ou um com as ervas mais apropriadas ao seu propósito. Se for usar alguma vestimenta específica, a coloque após seu banho.

5 – O Círculo

Com tudo devidamente pronto, no horário escolhido, comece então a fazer o Círculo adequado a sua operação. Pode, inclusive, ser o Círculo básico de Mão Esquerda disponibilizado aqui no Guia.

6 – O cerne do trabalho

Aqui é onde o trabalho de fato será feito. Comungue com as forças que você escolheu. Faça a sua magia viver. Lance as suas intenções e decrete os seus desígnios.

7- A despedida e o encerramento

Ao final do trabalho, agradeça e despeça as energias e seres convidados adequadamente. Desfaça o Círculo e encerre sua ritualística.

9 – O aterramento

Um ritual performado de forma adequada ergue e manipula uma grande soma de energias. É importante que, ao final de cada um, possamos nos desconectar de forma saudável deles, voltando nossa consciência ao mundano novamente. Para isso, o aterramento é essencial. Na estrutura do Círculo básico já temos bons exemplos a serem feitos então não deixe de os fazer.

8 – A limpeza

No final de uma ritualística, além do aterramento, é importante purificar o ambiente energeticamente mais uma vez e, em seguida, organizar novamente as coisas. Guarde o que precisar ser guardado, limpe fisicamente o que precisar o ser e arrume novamente as coisas.

10 – O registro

Fez o aterramento, limpou e organizou as coisas novamente? Descanse um pouco e faça o registro do seu ritual. Escreva todos os detalhes dele, o que você sentiu e a experiência que você teve. Anote também os efeitos e resultados que você sentir ou não nos próximos dias. Isso será muito importante para que você possa, aos poucos, saber com qual tipo de operação você consegue ter mais sucesso e aquelas que não dão tão certo assim para você. Com o tempo, através da observação e dos registros dos nossos erros e acertos é que refinamos as nossas práticas.

Nestes dez passos temos uma base simples, organizada e funcional para realizarmos uma verdadeira infinidade de ritualísticas. Podemos a usar para realizar desde rituais com objetivos mais básicos até para a adaptação de cerimoniais mais complexos como os da Goetia, por exemplo.

Em seu esqueleto operatório, a Goetia também inicia com o estabelecimento do propósito. O que você deseja e por qual motivo você deseja? Tendo seu intento claro em sua mente você então consultará, entre os 72 daemons, qual seria o mais indicado ao seu objetivo. Após a escolha entra o período de pesquisa mais aprofundada sobre o daemon em questão. Onde pesquisamos sua história, de qual cultura ele se origina, quais são suas correspondências (hierarquia, elemento, metal, cor, incenso, planeta, direção e etc), o que cada uma delas significa e o que elas dizem sobre sua natureza, em quais livros e obras ele aparece, vemos relatos de outras pessoas que já lidaram com este daemon antes e todo o mais possível. Isso ajudará não só na preparação mas a termos certeza de que o daemon escolhido é, de fato, o mais adequado para o que temos em mente.

Depois desse período de pesquisa o estabelecimento do momento adequado também é importante. As fases da lua, por exemplo, são destacadas como essenciais para o sucesso de uma operação goetica. Após a escolha do dia e da hora, entramos na preparação dos materiais, que são diversos. Com todos eles feitos (preferencialmente) ou adquiridos, entramos na organização e na purificação de nossos corpos e do ambiente como preparações para o rito. Então temos o estabelecimento do Circulo e o convite ao daemon escolhido. O cerne do trabalho aqui será o próprio contato com o daemon em si. Onde ele pode aceitar, negar ou negociar com você a realização do objetivo que você tem em mente. Com isso feito, temos a despedida do espírito e o encerramento do ritual. Onde o aterramento, a limpeza e o registro da sua experiência também são essenciais.

Então estude bastante e seja sempre criativo! Até mais.

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Primeiros passos – O estado de gnose

Fonte: Arquivo pessoal

Como já falamos em nosso texto introdutório sobre gnose, quando nos referimos ao estado de gnose nos referimos a estados alterados e não-duais de consciência que visam facilitar o nosso acesso ao plano espiritual, nos predispondo a termos nossas próprias vivências e experiências espirituais. As técnicas para se alcançar esse estado são inúmeras, não tendo uma só maneira correta ou mais certa que todas as outras. Existem as inibitórias, que visam o silenciamento da mente para a obtenção de foco (como as técnicas meditativas) e as excitatórias, onde entramos em transe por estímulos elevados ao nosso físico ou a nossa mente. Nisso, vamos desde métodos que vão exigir mais do corpo e do psicológico do praticante, sendo mais arriscadas, até as mais simples, feitas visando a realidade dos iniciantes.

Aqui, colocarei as que se encaixam aos que estão começando. Dando dois exemplos simples de métodos inibitórios e dois de métodos excitatórios. Afinal, o Guia é feito para ajudar justamente quem quer dar os primeiros passos! Vamos lá?

Método 1 – Contemplando uma fonte de fogo

Este método é perfeito para os piromaníacos de plantão. Sente-se em um local seguro e em uma posição que seja confortável e natural ao seu corpo. Coloque a sua frente, em uma altura adequada, uma vela acesa em suporte estável. Ou, se preferir, coloque fogo em um pequeno caldeirão ou panela que possua a devida resistência. Então, simplesmente admire as chamas. Faça-o até sentir que entrou em um ligeiro estado de transe, perdido em sua própria admiração.

Método 2 – Usando um mantra

Escolha um mantra de sua preferência e, de forma concentrada, o repita até que suas palavras comecem a perder o sentido para você. É nesse momento que a sua mente, suavemente, entrará em transe. Se desejar, use uma japamala ou um colar de contas para te ajudar!

Método 3 – Dançando

O método da dança serve também para demais atividades físicas. Aqui a lógica é colocar o corpo em movimento, em exercício, até você não estar pensando mais. Até você estar totalmente imerso em seu próprio movimento, apenas sentindo e não mais raciocinando. O estilo de dança, o tipo de música, o tipo de exercício, aí vai de você. Podemos ir desde a dança ao redor de uma fogueira ao som de cânticos pagãos até uma roda punk no meio do show da sua banda favorita. Apenas garanta que seja algo pelo qual você possa simplesmente se deixar levar, de uma forma positiva.

Método 4 – Se masturbando

O método mais clássico da classe caoísta. Se masturbe até o ponto do gozo. Sabe aquela sensação de “barato” que você tem nos segundos após gozar? É a “janela da gnose” deste método, o ponto de transe dela. Muito usado para carregar sigilos e dentro da magia sexual como um todo.

Viu como não precisa ser excessivamente complicado? Esses são exemplos simples, mas muito eficientes. Teste com calma e experimente até encontrar o que melhor funciona com você.

Até mais!

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Círculo básico de Mão Esquerda

Fonte: Arquivo pessoal

Continuando o post anterior sobre Círculos, aqui coloco uma estrutura básica que pode ser facilmente usada por aqueles que estão no começo de suas práticas na Mão Esquerda. Sua composição é inspirada tanto na Cruz Cabalística do RmP quanto no Rito Menor Luciferiano, então, não deixe de ver também o post sobre eles aqui para se orientar melhor! Inicie a realização deste Círculo, assim como nos outros dois do post anterior, começando com a purificação ambiente.

Purificação

Inicie limpando e organizando o seu espaço fisicamente. Você pode varrer o chão, mudar um pouco os móveis de lugar para criar espaço, e arrumar quaisquer coisas que você precise para a sua ritualística. Feito isso, a purificação espiritual pode ser feita tanto através de defumação quanto através de sons ou da aspersão de líquidos. Se você escolher a defumação, escolha ervas apropriadas para a limpeza do seu ambiente e passe a fumaça delas com cuidado por todo a área falando que quaisquer energias e seres não convidados ou não alinhados ao propósito do ritual que você fará estão, naquele momento, sendo retirados do local.

O mesmo vale se você escolher fazer o purificação por som, onde você pode usar mantras, o som de um sino ou etc decretando o mesmo propósito. A aspersão, geralmente, é feita com um pouco de água com sal. Da mesma forma da defumação, você aspergirá gotas da água salgada por todo ambiente falando e visualizando que qualquer coisa não convidada ou alinhada sairá do ambiente, ficando ele limpo e puro. Após a organização e limpeza do seu espaço, se concentre, trazendo sua consciência para o momento presente, e comece pela Cruz Luciferiana:

Se coloque no centro de onde o Círculo será feito e, voltado para o Oeste, visualize uma esfera branca e brilhante acima da sua cabeça. Sua energia é fria, mas poderosa. Toque o centro da sua testa com seus dedos indicador e médio e, assim que sua visualização sobre ela estiver firme, vibre: Yaltabaoth-Samael!

Agora, a esfera de luz seguirá os seus dedos. Toque a região a frente dos seus genitais e vibre: Aeshma-Taromati!

Toque seu ombro direito e vibre: Do-Mar!

Toque seu ombro esquerdo e vibre: Dehak!

Então, visualize a esfera de energia indo até o centro do seu peitoral, se tornando um brilhante pentagrama reverso vermelho, te energizando, enquanto você cruza seus braços sobre a região e vibra: Andar!

Agora, com sua adaga ritual ou com seus dedos indicador e médio, comece a traçar o Círculo. Em cada quadrante você visualizará uma chama colorida diferente, representando as direções e forças que serão convidadas. Enquanto faz a visualização e chama pelos nomes, faça com a ponta da sua adaga, ou dos seus dedos, o traçado de um pentagrama de invocação no ar, da mesma cor de cada chama que você visualizar.

Traçado do Círculo

Se volte para o Oeste e visualize uma chama azul, de centro escuro, a sua frente. Trace o pentagrama de invocação com calma diante da chama, e o visualize no mesmo azul que ela. Inspire profundamente e diga: Que das profundezas abissais venha Leviatã! Que pelo seu corpo este Círculo seja circundado e que pela intensidade feroz dos seus negros mares ele seja inundado, para que daqui a minha Vontade flua penetrante pelas correntes do Universo sem o que lhe resista!

Se volte para o Sul e visualize uma chama vermelho escuro a sua frente. Trace o pentagrama de invocação diante da chama, e o visualize no mesmo vermelho que ela. Inspire novamente e diga: Que de escaldantes desertos venha Azazel! Que o fogo da sua divina inspiração resplandeça no meu espírito e em meus atos para que deste Círculo o meu Poder incendeie mundos!

Se volte para o Leste e visualize uma chama amarelo clara, quase branca, a sua frente. Trace o pentagrama de invocação diante da chama, e o visualize no mesmo amarelo que ela. Inspire profundamente e diga: Que da mais cálida luz celeste venha Lúcifer! Que seu brilho ilumine minha mente e os meus pensamentos para que deste Círculo Sabedoria se professe e livre se cumpra!

Se volte para o Norte e visualize um chama de fogo negro a sua frente. Trace o pentagrama de invocação diante da chama e o visualize no mesmo negror que ela. Inspire e diga: Que do selvagem e desolado venha Lilith! Que sua pulsão conduza meus sentidos e instintos para a manifestação perfeita dos anseios do meu Desejo!

De volta ao Oeste, com os olhos fechados, visualize cada uma das energias que você invocou. Veja as entidades personificadas, cada uma delas, ao seu redor, em cada quadrante. Abra os braços, sentindo a energia ao seu redor, e diga: Me circulam o poder de Leviatã e Azazel e me cercam as essências de Lúcifer e Lilith. Anuncio o meu intento sagrado como essência divina encarnada enquanto ascendo sobre os céus e me firmo sob a terra. Assim acima como abaixo!

O Círculo está formado. Faça sua ritualística sem pressa e, quando terminar, novamente se coloque no centro do espaço, dizendo: Encerro aqui o meu trabalho e agradeço aos poderes de Leviatã e Azazel, assim como as essências de Lúcifer e Lilith, por terem me auxiliado. Anunciei meu intento sagrado e, a partir de agora, ele se cumpre. Pois acima dos céus alcancei e abaixo da terra me firmei. Assim como é acima, é abaixo!

Com sua adaga, ou com a ponta dos seus dedos indicador e médio, agora volte aos quadrantes. Faça o pentagrama de banimento em cada um deles, imaginando suas chamas se dissolvendo lentamente enquanto diz

ao Oeste: A Leviatã agradeço pela presença e pelo poder. Vá em paz!

ao Norte: A Lilith agradeço pela presença e pelo poder. Vá em paz!

ao Leste: A Lúcifer agradeço pela presença e pelo poder. Vá em paz!

e ao Sul: A Azazel agradeço pela presença e pelo poder. Vá em paz!

Se colocando de novo ao Oeste, repita a Cruz Luciferiana para te centrar mais uma vez, realinhando e harmonizando as energias que ainda estão em você e ao seu redor. Caso sinta necessidade, repita também a purificação espiritual do ambiente, organizando o local de volta, e está feito!

Aterramento

Durante esse passo a passo você limpou o ambiente, retirando tudo o que não era adequado, se alinhou, chamou pelos nomes de poder e fez sua ritualística erguendo uma boa quantidade de energia. Depois de repetir o banimento é importante que você se desconecte do ritual que você acabou de performar de forma saudável, voltando sua consciência ao mundano novamente. Para isso, temos o aterramento. Sem ele, você pode ficar sobrecarregado psicologicamente pelo excesso de emoções que você trabalhou ou pelas experiências que você teve durante a sua ritualística. Meu método favorito de aterramento é simplesmente tomar um banho relaxante e ir comer alguma coisa.

No banho, foque nas sensações físicas. Respire devagar. Solte qualquer tensão que possa ainda estar em você. Imagine qualquer excesso, ou impureza que seja, indo pelo ralo junto com a água enquanto você relaxa e volta a si mesmo. Coma algo que você goste, que reponha suas energias caso você precise, e não esqueça de beber algo para se hidratar. Depois disso, descanse! Você fez um bom trabalho.

Observação: Dependendo da linha e do autor, não será incomum você ver os nomes associados as direções mudarem. Tanto Samael quanto Satã algumas vezes são colocado ao Sul como Senhores do Fogo, assim como Belial ou Naamah podem ser colocados ao Norte como Senhores da Terra. Sendo um ponto em comum entre diversas tradições sempre colocar Lúcifer ao Leste, pela sua simbologia como Estrela da Manhã e Senhor do Ar, e Leviatã a Oeste, por ser ele o Senhor dos Mares Abissais. Então estude sempre, estando atento as diferenças e ao significado que é dado a cada detalhe.

Até mais!

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Primeiros passos – Sobre Círculos

Fonte: Arquivo pessoal

Dentro da estrutura ritualística de diversas tradições, práticas e vertentes esotéricas temos a presença dos Círculos Mágicos. Sendo extremamente diversos em seus usos e formas, eles criam e delimitam um espaço específico para a realização de inúmeros tipos de trabalhos espirituais, fundamentando e estruturando o propósito e a natureza daquilo que dentro deles é feito. Existe uma imensa variedade de Círculos através de diferentes tradições. Cada um alinhado a um tipo de propósito, filosofia e trabalho.

Representando o fundamento e a circunferência daqueles que os operam, eles formam, por essência, um espaço mágico que estará, como uma encruzilhada viva, entre mundos. Cada elemento usado e cada nome entoado neles são chaves, abrindo portais e chamando energias específicas para fins igualmente específicos.

O Círculo de trabalho que existe dentro da Goetia Salomônica, por exemplo, não é o mesmo e nem possui os mesmos efeitos e propósitos que o Círculo que temos dentro da Goetia Luciferiana. Apesar de ambos serem Círculos usados para se entrar em contato com um mesmo tipo de entidade (os demônios da Goetia), a postura, filosofia e entendimento de ambas as linhas são distintas, tornando seus Círculos estruturas para tipos de ofício muito diferentes.

Apesar do grande foco sobre eles ser o efeito protetivo que muitos deles podem ter, Círculos primariamente concentram o poder que você chama dentro deles apenas ali, no interior dos limites do seu espaço, para que você não perca energia para o ambiente e possa o direcionar de forma mais focada. Assim, toda energia que você angariar irá apenas para onde você quer, devidamente focalizada e concentrada. O Círculo adequado pode, desta forma, ser o elemento chave para o sucesso de um bom ritual. No entanto, você deve saber, antes de lançá-los, exatamente qual a linha que você irá querer seguir e qual abordagem você irá querer usar.

Os Círculos de cada linha ou tradição carregam em si os símbolos, as chaves de poder e a representação dos mistérios de cada uma delas. Usando o Círculo da tradição em que você está inserido você se alinha ao poder dela e a corrente energética da qual ela faz parte. Na Mão Esquerda, os Círculos te alinharão a corrente do Adversário e as energias da Via Sinistra. E a experiência de abrir um Círculo para trabalhar apenas um propósito pessoal, como saúde ou prosperidade, é totalmente diferente da experiência de abrir um Círculo para trabalhar com a energia das Qliphas e com seus poderes.

Existirão Círculos que começarão ao Leste, remetendo ao movimento natural da passagem do Sol, com propósitos construtivos. Igualmente, existirão Círculos cujo movimento será o oposto, para criar energias de desconstrução ou até mesmo de destruição. Alguns deles manterão determinados espíritos longe de você, mas a maioria se encarregará apenas de que ao seu redor estejam unicamente as correntes de energia no qual você se alinhar. Dando assim a vazão para que, perfeitamente, o micro e o macrocosmo se nivelem, para que você execute o seu propósito.

Lembre-se, então, que chaves diferentes abrem portas diferentes e use cada tipo de Círculo para o propósito apropriado que eles possuem em si, sendo mestre do universo que neles você construir.

Estruturas básicas

Agora que já sabemos o que os Círculos são, darei aqui no blog três opções de estrutura básica para eles. Na primeira estrutura você usará apenas a sua visualização. Na segunda, evoluindo um pouco, contaremos com a força dos Quatro Elementos e enfim, na terceira, que colocarei no próximo post, desenvolveremos um Círculo básico mas efetivo para trabalhos introdutórios na Mão Esquerda. Como os três são focados em iniciantes, se você desejar algo mais específico e profundo, busque evoluir o que aqui está em seus estudos, sempre sob a luz da vertente com a qual você se alinha, ok?

Círculo Simples

Escolha um local onde você não será perturbado e o purifique. Você pode varrê-lo e em seguida usar a fumaça de um incenso com as propriedades adequadas, por exemplo. Com isto feito, sente-se onde for fazer o Círculo e respire profundamente pelo menos três vezes, se concentrando no momento presente e no que você está prestes a fazer.

Quando se sentir confortável e centrado, feche os olhos e visualize uma esfera de energia branca acima da sua cabeça. A energia dela é suave, agradável e pura. Aos poucos, respirando com calma, visualize ela se expandindo cada vez mais até que ela abarque, em sua circunferência, todo espaço ao seu redor. Se veja dentro da bolha de energia delicada que ela é.

Neste momento você estará a projetando, então, não precisa ter pressa. Leve o tempo que precisar, sempre respirando profunda e calmamente, se atentando as sensações ao seu redor. Quando sua visualização estiver clara e bem formada diga, em voz alta ou mentalmente: Em harmonia se forma Círculo Mágico ao meu redor. Neste espaço sagrado apenas as energias que eu convidar comigo estarão, em verdade e equilíbrio, para o bom funcionamento da obra que aqui realizarei. Que assim seja!

Pronto. agora você pode convidar as energias que você precisar, como as dos seus guardiões e guias, para estarem com você. Quando terminar, agradeça. E visualize a esfera lentamente se desfazendo, com sua luz se fundindo ao ambiente em que você está. Como este Círculo foca apenas na visualização, comece por ele. Treine e treine bastante! Até se sentir seguro para ir para os próximos. Aqui você pode realizar meditações mais específicas, pequenos rituais e até mesmo alguns feitiços.

Círculo Elemental

Neste Círculo, assim como fizemos no Básico, comece pela purificação ambiente. Depois dela, se coloque no centro do local onde o Círculo será feito. Respire fundo pelo menos três vezes, se concentrando no momento presente e naquilo que você irá fazer. Com a ajuda da sua adaga cerimonial, se você a tiver, ou com os dedos indicador e médio da mão com o qual você escreve, trace um círculo ao seu redor, a partir do Leste. Imagine uma luz branca e suave saindo da ponta da sua adaga, ou da ponta dos seus dedos, formando um círculo de luz a sua volta, enquanto você o traça. Firme essa visualização de forma clara e bem definida em sua mente e então diga: Um espaço sagrado ao meu redor se forma…

Para o Leste … perante o Leste eu convido para estarem comigo as forças do Ar, elemento de sabedoria, para que o meu raciocínio neste rito seja lúcido e que minhas palavras sejam claras, precisas e apropriadas

Se virando para o Sul … perante o Sul eu convido para estarem comigo as forças do Fogo, elemento de poder e transmutação, para que a minha vontade seja clara e poderosa, sem nunca esmorecer

Se virando para o Oeste ... perante o Oeste eu convido para estarem comigo as forças da Água, elemento de fluidez e sensibilidade, para que aqui meu propósito possa fluir claro e irresistível sem nunca se corromper

Se virando para o Norte … e perante o Norte eu convido para estarem comigo as forças da Terra, elemento de estabilidade e criação, para que as obras que aqui forem feitas tenham potência e firmeza para florescerem da melhor forma, se manifestando no mundo

E de volta ao Leste, erguendo sua adaga ou dedos para cima e seu outro braço para baixo … pois aqui me coloco em verdade e força. Que acima de mim o Universo em evolução me abençoe e que abaixo de mim a força daqueles que me precederam possa firmar e proteger os meus passos. Que assim seja!

A partir deste momento, o Círculo Elemental estará ativo e aberto. Faça o seu trabalho com calma e, ao terminá-lo, se coloque no centro do espaço novamente, dizendo: Aqui encerro meu intento, agradecendo a todas as forças que abaixo me firmaram e que acima me abençoaram, assim como agradeço a todos que comigo estiveram…

Para o Norte… as forças da Terra, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Para o Oeste… as forças da Água, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Para o Sul… as forças do Fogo, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

E para o Leste… as forças do Ar, obrigado por sua presença e ajuda, partam em paz

Novamente com a ajuda da sua adaga, ou com os dedos indicador e médio da mão com a qual você escreve, gire ao seu redor, desta vez em sentido anti-horário, imaginando que o círculo de luz se desfaz, dizendo: … pois feito está!

As direções aqui empregadas são as mais comumente usadas para cada um dos Quatro Elementos, indo inicialmente em sentido horário. Portanto, em sentido de criação e crescimento. Apenas para desfazer o Círculo usamos o movimento contrário, o dispensando e dando liberdade para que as energias possam ir para onde determinamos durante o nosso trabalho. Neste Círculo você pode fazer ritualísticas um pouco mais complexas com tranquilidade, convidando suas divindades de culto ou seus guias se assim desejar.

Boas práticas e até mais!

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Primeiros passos – O Altar

Fonte: Arquivo pessoal

Nossos altares sempre são os maiores pontos de foco dentro das nossas práticas espirituais. Como já coloquei aqui, neles nos lembramos de quem realmente somos, do que nos guia, professamos nossas crenças, e projetamos nossa Vontade sobre o Universo.

Como elementos vivos, eles se moldam e se desenvolvem junto conosco, refletindo nosso caminho e nossa jornada espiritual. Se estamos dentro de religiões, ordens ou templos específicos, geralmente seguimos as diretrizes que nos são passadas sobre como montá-los e sobre como cuidar deles como Adeptos das vertentes específicas onde estamos inseridos. Sendo praticantes solitários, no entanto, desfrutamos de mais liberdade em nossas escolhas e atos. E aqui irei colocar algumas ideias para guiar aqueles que, como eu, são lobos solitários da Mão Esquerda. Me baseando nos meus estudos e nas minhas experiências particulares como luciferiana. Então, não trate nada aqui como o único jeito de se fazer nada nem como uma verdade absoluta, mas como uma sugestão!

Em primeiro lugar, escolha um local prático e seguro para montá-lo. Pode ser uma mesa num quarto que você separou apenas para suas práticas espirituais, pode ser uma boa prateleira em alguma parte segura da sua casa. Pode até mesmo ser uma maleta, como o altar itinerante que eu sugeri aqui. O importante é que seja um local funcional e adaptado a você, afinal, você vai tê-lo como seu local de desenvolvimento pessoal e, conforme você progredir, ele progredirá com você, se tornando um ponto onde o véu entre o mundano e o espiritual se tornará mais fino.

Em segundo, realize a limpeza do local escolhido. Inicie com a limpeza física mesmo e, logo após, faça uma limpeza energética. Para isso, como se fosse fazer um chá, coloque 150ml de água para ferver. Assim que começar a ebulição, desligue o fogo e coloque de duas a três colheres de sopa de folhas de eucalipto na água, dizendo: “Que o espírito das águas e do eucalipto aqui possam despertar e se unir, criando uma infusão única, capaz de purificar tudo aquilo que, com ela, limpo for.” Tampe a panela, ou chaleira, que você estiver usando e espere esfriar. Quando já estiver frio, coe, e passe essa infusão com a ajuda de um pano limpo no seu altar em formação. Você não precisa molhar demais o pano, apenas o umedeça e o passe. Faça isso com concentração, imaginando que o local está sendo limpo de todas as energias que nele estavam até o momento. Logo após, faça a energização.

Para isso, coloque um pequeno disco de carvão em brasa dentro de um suporte seguro e apropriado. Em cima dele, queime um pouco de resina de sangue de dragão. Quando a fumaça começar a subir, a passe por todos cantos do seu futuro altar, visualizando força e proteção sendo nele imbuídos. Quando terminar a defumação, coloque o suporte em cima do altar e, queimando um pouco mais de resina, com os dedos indicador e médio da mão com o qual você escreve acima da fumaça, desenhe um pentagrama invertido no ar. Feche os olhos. Inspire e expire profundamente três vezes enquanto visualiza o pentagrama no ar, em meio a fumaça, brilhando em fogo negro. Se concentre. Então diga:

“Pelo poder evolutivo que em mim se ergue e pela força da rebelião que meus atos perpetuam eu consagro este espaço como meu altar sagrado. Ponte física entre mim e os mistérios que se escondem além das minhas crenças, além dos meus desejos, além daquilo que atualmente sou. Ao Adversário que se ergue acima, portanto a Luz, reinando abaixo do Abismo. Que haja curiosidade, que haja questionamento, que venha a subversão, a bravura, o crescimento, a sabedoria e o poder. Que minha Arte aqui flua em indomável corrente. Me consumindo, me transformando, me erguendo e me forjando em negra chama. Pois em sabedoria, consciente e constantemente, me batizo.”

Erga sua mão direita para cima, enquanto estende a esquerda para baixo, com os dedos indicativo e médio estendidos e os dedos anular e mindinho dobrados enquanto finaliza:

“Pois assim é acima como abaixo. Está feito!”

Pronto. Agora caberá a você o que colocar ou não no seu novo altar. Por regra, ele deve ser adornado e construído como um reflexo da sua prática, do seu trabalho e de quem você realmente é. Refletindo a sua personalidade e a sua jornada. Pense nele como um símbolo, no microcosmo, do que você desenvolve no macrocosmo. Uma representação simbólica, no físico, dos poderes que estão além.

Eu sempre indico ter, em primeiro lugar, uma toalha de bom tecido para cobri-lo. Pode ser uma toalha preta com um pentagrama simples, como a da foto que ilustra esse texto. Castiçais ou suportes seguros onde acender velas também são importantes. As cores das velas que você vai usar dependerão bastante da sua prática e da intenção dos rituais que você for performar. Rotineiramente, você pode ter duas velas negras, uma de cada lado do altar, representando a sabedoria oculta e a Chama Negra. Ou duas brancas, representando a Luz do Espírito e os aspectos elevados da mente.

Incensários ou suportes para defumação também são importantes. Afinal, assim como as velas trazem o calor e a iluminação do Fogo, os incensos trazem a qualidade sutil e ativa do Ar. Dependendo das suas propriedades, eles trazem energia e movimento para o que fazemos, definindo o ânimo e a energia de nossos trabalhos. A Água pode estar presente em um cálice, trocada todos os dias para estar sempre limpa e fresca, trazendo fluidez para o seu espaço. A Terra pode ser representada pelo próprio pentagrama invertido, trazendo a materialização e a valorização saudável da nossa existência física.

Fora os Elementos, você pode colocar todos os instrumentos da sua prática em seu altar. As adagas, punhais e espadas, carregando a simbologia do Fogo ou do Ar, podem ser símbolos ativos e consagrados de Azazel, aquele que ensinou a humanidade a como forjá-los. Varas e bastões, trazendo a força do Fogo e da energia projetiva, podem trazer a força ígnea do próprio participante ou serem representações de Satã, caso estejam ali como o Forcado do Diabo. Espelhos, principalmente os negros, podem ser consagrados como portais para o contato com o plano espiritual, mitologicamente associados a Lilith por serem tidos como passagens para suas cavernas. Além dos incensos, para o Ar, elemento tradicional de Lúcifer, sinos também podem ser usados, Iniciando e fechando rituais, chamando ou despedindo forças e espíritos. Ainda no domínio do Ar e do intelecto, você pode reservar um espaço para o seu Diário Mágico e para os livros que você está estudando no momento. Para as forças das Águas, domínio de Leviatã, além do cálice você pode ter conchas e simbologias ligadas as serpentes e aos oceanos.

Os símbolos e sigilos relacionados ao que você desenvolve podem sempre estarem decorando tanto o altar quanto a parede atrás dele também. Você pode comprar bandeiras ou toalhas com eles para pendurar ou até mesmo os desenhar ou imprimir. Ativados, eles sempre estarão emanando sua energia tanto para você quanto para o espaço. Essas energias podem ser protetoras, defensivas, podem conferir bênçãos ou etc. Os mistérios daquilo que você faz estarão sempre com você.

Sugestões: Apesar da resina de Sangue de Dragão ser a mais indicada para esse pequeno ritual eu sei que ela não é uma resina fácil de se achar em muitos lugares aqui no nosso país então, se você não tiver acesso a ela, é possível queimar alecrim seco como substituição. Mas atenção, só faça essa substituição se realmente não tiver como usar a resina de Sangue de Dragão, ok? Além disso, outra sugestão é que você pode, ao invés de apenas desenhar o pentagrama invertido no ar com os dedos, criá-lo com as suas mãos. Para isso, posicione os dedos indicativo e mindinho de cada uma das suas mãos para cima enquanto abaixa os dedos médio e anelar, deixando os polegares retos. Aponte os dedos indicativo e mindinho para baixo e, para unir as mãos, junte ambos os dedos mindinhos. Você verá que os seus polegares formarão as duas pontas de cima do pentagrama, os indicadores serão as pontas direita e esquerda e os mindinhos, unidos, a ponta de baixo. Faça isso acima da fumaça, se concentrando e proferindo os dizeres da consagração da mesma forma.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Primeiros passos – Instrumentos

Fonte: Arquivo pessoal

Dentro das práticas do ocultismo, da magia e da feitiçaria temos a utilização de inúmeros aparatos e materiais. Eles, em seus vastos usos, servem para ancorar, trabalhar, levantar e direcionar energia das mais diversas maneiras. Aqui, irei falar brevemente sobre alguns deles, junto com seus significados e utilizações mais comuns. Lembrando sempre que podem existir pequenas variações dentro de vertentes específicas e o que eu trago aqui é uma visão geral, ok? Vamos lá!

As velas: Amplamente usadas, as velas fazem parte fundamental da maioria das práticas espirituais. Usadas para manifestar o Elemento Fogo, elas podem ser o ancoramento dos mais diversos tipos de trabalhos. Acendemos velas para nos comunicar com nossos deuses e guias, para ofertar aos nossos ancestrais, para pagar promessas e acordos com espíritos auxiliares, para ativar sigilos, para alimentar amuletos e para trazer a energia e as qualidades ígneas do fogo ao que fazemos. Elas representam a luz do Espírito.

O que difere uma vela comum, usada apenas como ponto de iluminação, de uma vela usada para fins espirituais é, como sempre, a intenção que depositamos em nossos atos de forma consciente. Apenas acender uma vela normalmente e a colocar em um ponto onde vamos nos beneficiar da sua luz não tem em si poder para além disso. Agora, se a acendemos em um altar pedindo pela proteção de nossos guardiões, a situação muda. Aquela vela passa a ser um ponto de energia, nos conectando a força que ali chamamos e emanando o que pedimos. Velas podem ser usadas untadas com óleos específicos, ter símbolos nelas desenhados, serem polvilhadas com pós e ervas. O limite de suas utilizações dependem da vertente e da criatividade do praticante.

A taça: Representando o Elemento Água, as taças e cálices são comumente usadas para a realização de ofertas líquidas, dentro e fora de rituais. Elas podem representar também, dentro de algumas ritualísticas, o útero e a polaridade receptiva, enquanto bastões e punhais geralmente representam o falo e a polaridade projetiva. Cálices e taças contendo água, vinho ou outras bebidas consagradas muitas vezes são compartilhadas entre membros e participantes de liturgias e cerimônias para formar e demonstrar unidade assim como para o compartilhamento das energias que ali estão sendo estabelecidas e partilhadas igualmente por todos. A presença de um cálice com água em um altar sempre traz as qualidades e a fluidez da Água para o espaço, mantendo as energias que ali circulam limpas e correntes.

Os incensos: Representando o Elemento Ar, a fumaça dos incensos limpam, purificam e consagram. A queima de determinadas ervas, resinas e madeiras pode auxiliar na criação de um espaço leve e íntegro para a realização dos mais diversos tipos de rituais e cerimônias. Eles podem ser utilizados como ofertas, como meios de comunicação entre nós e o espiritual, podendo trazer e afastar energias e criando assim espaços mais elevados e energizados onde são manipulados.

O sino: Também sendo um representante do Elemento Ar, temos no som produzido pelos sinos desde o preparar e purificar de ambientes como o chamar de forças, energias e espíritos. Seu tinido, claro e limpo, pode iniciar e encerrar rituais. Sendo um sinal claro, dependendo de como são consagrados e usados, convidam e chamam a atenção do que queremos e dispensam aquilo que não desejamos.

O espelho: Espelhos tem, junto com as velas, os usos mais variados e versáteis possíveis. Eles podem ser usados, dependendo de como são consagrados e trabalhados, para ampliar e multiplicar forças, para enviar energias de volta as suas origens, para proteção, para divinação e, em seu uso mais comum, para a criação de portais espirituais. Os espelhos negros são especialmente usados como objetos de divinação e como portais para o outro lado. Esses portais podem ser usados para que projetemos o nosso espírito até o astral através deles, assim nos dando acesso a diversas camadas e locais, mas também para que puxemos e chamemos espíritos e seres do astral até o nosso plano. O espelho negro central de um triângulo de manifestação da Goetia, por exemplo, tem essa exata função. O da foto que ilustra esse texto sendo um exemplo de triângulo da Goetia Luciferiana. Como portais de entrada e saída para o abismo, devem ser sempre bem cuidados, manuseados com respeito e cautela.

O caldeirão: Como um item clássico da bruxaria, caldeirões podem ser usados para o preparo de poções e feitiços líquidos, assim como para a queima de velas, ervas e outros materiais. Sendo um elemento receptivo, ele germina ou consome tudo que nele é feito e trabalhado. Idealmente ele é feito de ferro, mas caldeirões de barro curado também cumprem perfeitamente seu trabalho. O importante é que ele seja de um material forte e resistente ao fogo para que sua utilidade não seja comprometida. Você pode encher um caldeirão de água e ter assim um espelho negro natural, assim como, em ambientes urbanos, eles podem ser usados como substitutos as fogueiras, para a realização de queimas. E elas podem ser positivas ou não, como nos fervedouros tradicionais da feitiçaria ibérica, que são comumente para destruição.

A vassoura: Outro item clássico dentro da bruxaria, as vassouras são ótimas para limpezas e banimentos. Assim como as usamos de forma mundana e comum, podemos as consagrar para, além de varrer poeira e sujeira, também “varrer” e afastar energias que não desejamos em nossos espaços e perto de nós. Tendo sua presença muito marcada no folclore de diversas culturas como o instrumento usado para o voo das bruxas até o Sabá, sua utilização como veículo, segundo as lendas, se devia a unguentos de ervas específicas, possuidoras de efeitos alucinógenos, que eram passadas em seus cabos. Quando as bruxas montavam nesses cabos, em geral nuas, as substâncias eram absorvidas pela mucosa vaginal, proporcionando assim as tão famosas viagens.

Adagas, punhais e espadas: Ligados ao Elemento Ar em boa parte das vertentes, as adagas, punhais e espadas são as armas do praticante. Sendo de polaridade projetiva e agressiva, elas auxiliam em evocações, no traçado de Círculos, no rompimento de barreiras astrais e na projeção da Vontade de quem as empunha. Podem ser usadas para defesa e para ataque. Lâminas são elementos de corte e é ideal que sejam bem afiadas, capazes de tirar sangue se necessário for, cumprindo suas funções literais e simbólicas. Podendo, para isso, serem feitas das mais diversas formas e nos mais diversos formatos.

Tesouras: Sendo também elementos de corte, tesouras são muito usadas em trabalhos de feitiçaria. Principalmente as feitas de ferro. Quando consagradas para tal, elas podem cortar energias nocivas ao praticante, bem como romper os efeitos de trabalhos contrários, laços entre pessoas e muito mais. Elas podem proteger, como objetos afiados podem, e desunir as mais variadas coisas com sua capacidade de corte e rompimento.

Varas e bastões: Sendo, assim como as adagas, punhais e espadas, também de polaridade projetiva, varas e bastões geralmente carregam em si a simbologia do falo e do Elemento Fogo. Eles representam a Vontade, a força, e a autoridade de quem as empunha. Sendo usadas como uma extensão do braço do praticante, elas projetam sua energia e poder, o fogo do seu espírito, sendo usadas para direcionar energias e realizar comandos. Suas propriedades variam bastante conforme a madeira usada em sua confecção, que geralmente é aconselhada a ser feita pelo próprio praticante, já que ela deve ser uma extensão da sua energia e do seu comprometimento com sua própria prática. Em muitas vertentes as varas bifurcadas também são usadas para simbolizar o Homem de Preto, sendo chamadas de Forcado do Diabo, por suas pontas representarem os chifres dessa figura segundo crenças folclóricas mais tradicionais.

Chaves: Assim como usamos chaves de forma mundana, abrindo e fechando portas e cadeados, também podemos as usar de forma simbólica para causar os mesmos efeitos. Bem consagradas e utilizadas, elas podem destrancar e nos abrir acessos, assim como fechá-los. Com elas podemos abrir e fechar caminhos, rotas e portais. Sendo excelentes amuletos para ambas finalidades.

Estátuas: Sendo representações e expressões físicas das mais diversas ideias e forças imateriais com as quais podemos nos identificar e nos relacionar, a presença das estátuas em nossos altares e locais de trabalho espiritual nos lembram das nossas crenças, das nossas devoções e das energias que escolhemos ter em nossas vidas. Podemos comprar ou encomendar estátuas das nossas divindades e dos nossos guardiões, por exemplo, as consagrando devidamente, assim como podemos ter estátuas para ancorar espíritos familiares e auxiliares. Tudo depende da sua prática e da relação que você tem com a sua própria espiritualidade.

Oráculos: O campo das artes divinatórias é vasto e está intimamente ligado a magia e a espiritualidade, como já vimos aqui. Eles são nossos grandes aliados quando queremos nos comunicar mais diretamente com nossos guias, quando precisamos ver situações com mais clareza, saber qual é o melhor rumo e postura a se tomar e por onde ir. Independente de qual você escolha, tenha um oráculo próprio em sua prática. Sempre o estude e desenvolva. E nunca deixe de anotar jogos e experiências importantes! O que nos leva ao nosso último instrumento:

Diários mágicos: Como já vimos aqui, Diários Mágicos são essenciais em nossas jornadas. É neles que escrevemos nossas experiências, estudos e reflexões, sendo essenciais para o nosso desenvolvimento ao longo do tempo. Em seus registros, compreendemos melhor nossos passos. Sabemos o que deu certo ou não dentro das nossas práticas, e nos entendemos melhor. Tenha o seu e nunca deixe de o atualizar!

Esses são apenas alguns dos muitos instrumentos que usamos amplamente dentro da magia e do ocultismo. Crânios e ossos, laços de fita e barbantes, ervas e cristais, pós e garrafas, talismãs, pantáculos e amuletos, tinturas e óleos, correntes e cadeados também são muito comuns e variam de praticante para praticante, conforme vertente e linha de trabalho aplicadas. Estudo, criatividade e versatilidade são sempre a chave para montarmos nossos arsenais conforme avançamos em nossos caminhos. Lembre-se sempre que você, o conhecimento que você constrói e a sua força de vontade são o seu principal instrumento e as únicas coisas que realmente não podem faltar dentro daquilo que você faz.

Até mais!

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Primeiros passos – A lua e suas fases

Fonte: Arquivo pessoal

A lua, em toda sua mutabilidade, é o corpo celeste mais próximo da Terra. Sendo a primeira esfera sideral acima de nós, na astrologia clássica, todo o nosso mundo é tido como sublunar. Sendo ela, em suas transformações, que atua como o portal para a descida ou subida de todas as outras energias até o nosso plano, sendo crucial para as suas manifestações ou desmaterializações.

Sendo ela a intermediadora entre os mundos inferiores e superiores, é ela que distribui as forças de cima e de baixo em nosso plano, recebendo e partilhando as influências dos fluxos do nosso Universo conosco, aqui onde estamos. Sendo sutil, mas mais próxima do material, temos em seu ciclo o respirar do mundo, ditando o ritmo das marés e de tudo que é limítrofe, sendo espiritual mas também podendo afetar o físico, como poltergeists e outros fenômenos semelhantes.

Desta forma, o sobrenatural a ela se associa, assim como a clarividência e o plano dos sonhos. Tudo que não é apenas matéria mas tem a capacidade de a tocar tem em si a benção e a regência lunar. E é nisto que entendemos por qual motivo o estudo sobre a sua complexidade sempre foi tão importante dentro da magia. Afinal, nela estudamos e aprendemos com os fluxos do mundo para poder manifestar mudanças materiais através daquilo que não é só matéria.

Na magia astrológica clássica, por exemplo, a magia com constelações e estrelas fixas deve sempre ser feita observando as condições lunares. Além, é claro, da análise das demais conjunções, como algum trígono ou sextil, que pode existir no momento entre a lua e os demais corpos celestes. Tendo-se em consideração também o signo onde, no momento, ela se apresentar. Nisto, temos que os períodos onde a lua se encontra fora de curso, ou seja, quando ela está nos últimos graus de um signo, isolada, não fazendo nenhum aspecto com outros corpos celestes, sejam ruins para se começar qualquer coisa que você deseje que vingue. Assim como temos, dentro da grande maioria dos grimórios clássicos, recomendações de quando fazer ou evitar certos tipos de operações.

Não é necessário que você domine todos os saberes da Astrologia, principalmente da Tradicional, para que a sua magia tenha resultados satisfatórios. No entanto, é muito interessante que você tenha uma base básica de conhecimento sobre para fundamentar e aprimorar ainda mais suas técnicas. Principalmente para entender que a lua, como um lumiar, é interpretada pelo movimento da sua luz. Sendo a luz significadora da vida, do movimento e da força divina, temos sua ausência como paralisação, seu crescimento como progresso, seu ápice como poder e seu minguar como perecimento.

Assim, conforme a lua se esvazia e se enche da luz solar, temos o ritmo pelo qual vitalidade é doada ou retirada do mundo.

Sendo assim, quando ela se encontra em sua fase nova, ela está ausente de luz. E como ausência de luz é ausência de força e vida, paralização, não temos então sua influência de forma pronunciada. Estando o mundo no escuro, não somos vistos. Portanto, trabalhos que você não deseja que sejam notados ou detectados aqui podem surtir um ótimo efeito. Limpezas e descarregos podem ser beneficiados no sentido de se livrar de tudo aquilo que você não quer que siga com você por mais um ciclo lunar. Então coloque o lixo pra fora e trabalhe ausências. Se você desejar agir no escuro ou mesmo trabalhar com as sombras, o faça com cuidado.

Na fase crescente, coma a sua luz está em aumentando, podemos trabalhar naquilo que igualmente desejamos que progrida ou aumente em força e potência. Tudo que desejamos que avance ou que queremos que experimente ampliação e crescimento é favorecido. Sua palavra chave é o desenvolvimento.

Na fase cheia encontramos o ápice da luz e, assim como ela está em sua maior potencia, tudo que desejamos potencializar se beneficia. Repare que aqui não falamos de crescimento e nem de diminuição, mas de potência. O fortalecimento é sua palavra chave. E você pode fortalecer tanto trabalhos positivos quanto trabalhos negativos. Tudo depende de como você direciona o que você faz.

E na fase minguante, assim como a lua se esvazia de luz, podemos tirar a força antes outorgada as coisas, as fazendo minguar até sua morte. Aqui finalizamos trabalhos, e damos término aos mais diversos tipos de situações. Feitiços de reversão ganham uma força especial nessa fase. Assim como maldições que tenham por intuito minar, diminuir e decrescer as forças rivais. O enfraquecimento é a chave dessa fase.

Sabendo trabalhar na lógica da movimentação da luz, na sua ausência, no seu crescimento, na sua potência e no seu enfraquecimento podemos realizar nossos movimentos de acordo com o movimento dos fluxos do mundo. Não é obrigatório, claro, mas acrescenta e enriquece. Então, saiba como deseja agir.

Sobre a questão dos eclipses, em particular, veja aqui.

Até mais!

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Primeiros Passos – A importância dos oráculos

Cartas do Tarô das Sombras de Linda Falorio e do Goetia – Tarot in Darkness de Fabio Listrani

Como colocado no post Oráculos – O que são?, as artes divinatórias sempre estiveram em destaque quando falamos de espiritualidade. E aqui, no Guia prático da Mão Esquerda, seria impossível não falarmos delas.

Se você não possui nenhum oráculo e está começando no seu caminho espiritual agora conforme estuda esse Guia, essa é uma excelente hora para pesquisar e adquirir o seu primeiro. Mesmo que você não pense em se especializar profundamente e nem queira futuramente ser capaz de atender outras pessoas, é importante que você tenha um método divinatório que você consiga usar consigo mesmo. É através de nossos oráculos que verificamos nosso desenvolvimento espiritual, ampliamos a nossa consciência sobre nós mesmos e sobre as situações que nos cercam e conseguimos nos comunicar com nossos guias, guardiões e divindades.

Principalmente se você estiver sozinho no momento, sem uma Ordem ou grupo específico que te guie, é importante que você cultive a autonomia de poder consultar o que precisar por si mesmo. Quando eu comecei minha jornada espiritual, anos atrás, não tive logo de cara a ajuda de um sacerdote ou comunidade confiável, muito menos possuía dinheiro para me consultar com algum oraculista de fato. Foi em meio a necessidade de me virar por mim mesmo que eu me deparei e me apaixonei pelo meu primeiro oráculo, um Petit Lenormand. Eu não tinha com quem contar, então precisava ser capaz de buscar minhas respostas e verificar as coisas por mim mesmo. Com o tempo, eu fui fazendo contatos e desenvolvendo minha própria rede de apoio. No entanto, esse início independente me ajudou sobremaneira a não depender demais dos outros e a saber me virar sozinho. E isso é essencial nas nossas jornadas.

Irão existir muitos momentos em que será bom que você consulte alguém de confiança, mas terão muitos outros em que isso simplesmente não será possível e você deverá saber como suprir suas próprias necessidades sozinho. Isso vai desde verificar se aquele sonho ou aquela experiência destacados do comum que você acabou de ter foram ou não um sinal ou alerta até coisas mais complexas que, pela seriedade, é bom que você não compartilhe com ninguém. Vão existir detalhes e pontos no seu trabalho com seus guias que devem ficar apenas entre eles e você. Assim como feitiços e trabalhos que, para a sua segurança, só você deve saber que os realizou. Então não dependa exclusivamente de outras figuras para fazer a ponte entre o espiritual e o material e verificar as coisas para você, escolha um oráculo para si, o estude, pratique e tenha sua própria autonomia.

Isso se faz valioso principalmente dentro da Mão Esquerda, onde trilhamos vias de independência e de autossuficiência. Justamente por ser um caminho individual ao invés de coletivo, a Via Sinistrae exigirá que você ande com suas próprias pernas. Mesmo que você tenha um guia, um templo ou faça as coisas acompanhado de outras pessoas o seu processo será único e a forma como você irá vivenciar a Mão Esquerda será exclusivamente sua. O seu trajeto terá simbolismos, cores, informações e momentos só seus então você deve saber os interpretar e dialogar com sua própria jornada por si mesmo.

Se você gosta de cartas, assim como eu, neste post eu disponibilizei alguns pontos para te ajudar a escolher o seu primeiro baralho. E neste aqui está um pequeno exercício de conexão que você pode fazer com ele todos os dias dentro da sua rotina espiritual diária. Espero que te ajudem!

Até mais.

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Primeiros passos – Sobre energização e aterramento

Carta Dois de Ouros do Goetia – Tarot In Darkness – Acervo pessoal

Seguindo o cronograma dos nossos primeiros passos, agora veremos sobre energização e sobre aterramento. Se você possui o RmP como parte da sua prática diária, como vimos no último post, você já irá ter uma base de purificação e fortalecimento pessoal, treinando com ele visualização, geração e direcionamento de energia. Aqui, expandiremos um pouco a conversa. Principalmente no que se refere ao aterramento.

É importante que você tenha todos esses pontos logo no começo porque sem eles você não terá condições de avançar com sucesso em seu caminho. Ter uma base de purificação, fortalecimento e proteção energética e aterramento garantirá que você não faça nada de forma desprotegida e desbalanceada, o que evitará que você se prejudique no processo dos seus futuros rituais e trabalhos espirituais. E, como veremos, são passos simples, que focam num primeiro momento na sua concentração e na sua visualização.

Exercícios de energização focam em erguer e fortalecer sua energia pessoal. Sem eles, não desenvolvemos nossa força espiritual e também não conseguimos trazer para nossos rituais o poder necessário para que eles de fato funcionem e se manifestem como planejamos. Sem esse passo, entramos em nossos Círculos apenas para realizar performances vazias.

E, nos exercícios de aterramento, nos desfazemos do excesso de energia que manipulamos para que esse excesso não nos cause nenhum desequilíbrio a curto ou longo prazo. Você pode até mesmo pensar no campo da eletrônica. Se o seu corpo, por algum motivo, acumular uma carga de eletricidade estática um pouco maior que o habitual, assim que você encostar numa maçaneta de metal essa eletricidade será descarregada e você tomará um choque.

Da mesma forma, se você realizar qualquer ritualística em que você se carregue de muita energia espiritual sem se aterrar devidamente você poderá desencadear em si efeitos físicos e psicológicos de sobrecarga. Afinal, não “voltamos ao normal” imediatamente quando encerramos trabalhos espirituais. Assim como o ir é um processo, o voltar também o é. E se não tivermos um bom auto cuidado para nos desligarmos do que foi feito e voltarmos a nós mesmos com segurança após certos tipos de trabalho isso pode sim nos custar muito tanto para o nosso corpo como para a nossa cabeça.

Se na falta de energização podemos não produzir resultados, na falta de aterramento podemos adoecer e perder o contato devido com o mundo que nos cerca, não “desligando” devidamente do espiritual. Com isso podemos nos sentir desconectados da nossa própria vida mundana e das pessoas ao nosso redor, tendo problemas para operar em nossa vida prática. Dores de cabeça podem ser comuns, assim como falta de concentração e tonturas. Podemos ter perturbações do nosso sono, assim como oscilarmos entre um extremo cansaço ou uma agitação e um nervosismo que não passam. Instabilidades no apetite também podem ser sentidas, para mais ou para menos. Assim como quadros de ansiedade, estresse e desconexão com a realidade.

Existem muitas técnicas diferentes tanto para a energização quanto para o aterramento. E, assim que você entender como funciona o processo de cada uma delas, você poderá até mesmo criar suas próprias técnicas autorais! No começo, no entanto, faça aquelas que forem mais práticas e fizerem mais sentido dentro da sua prática pessoal. Aqui eu irei citar dois exemplos bem simples que você pode praticar, mas se sinta livre para pesquisar por outros e, com o tempo, desenvolver seus próprios métodos.

Energização

Estando de pé, feche os olhos e imagine que o ponto onde você se encontra no momento é o centro do universo ao seu redor. De um céu estrelado, acima de você, desce uma luz branca e suave sobre seu corpo, que irá o preencher e o atravessar até descer infinitamente pela escuridão abaixo de você. Ela é levemente fria, e te faz sentir em paz em harmonia. Em seguida, das profundezas abaixo, imagine subir outro feixe de luz. Desta vez, ele é vermelho. Sua sensação é mais quente do que a sensação da luz branca, te fazendo se sentir desperto, energizado e estimulado. Essa luz passará por você, te preenchendo de vida, até subir infinitamente pelo céu acima de você. Assim que você terminar o processo de visualizar e sentir ambas as luzes, abra os olhos com calma e volte ao seu ambiente. Se feito de forma correta, esse método te fará sentir revigorado e ativo após a sua execução.

Aterramento

Uma das técnicas mais famosas, simples e eficazes de aterramento usa justamente a conexão com a própria terra e com o simbolismo do enraizamento. Para a realizar, pare onde você se encontrar e, se voltando ao momento presente e as sensações físicas do seu corpo, imagine raízes saindo de seus pés e se alongando por metros abaixo de você até a terra, onde o excesso de energia será descarregado dos seus corpos físico e espiritual. Ela é melhor realizada se você a fizer descalço e com os pés na terra, para que justamente você possa a sentir abaixo de você, prestando atenção em sua textura e temperatura. Mas você também pode fazê-la em outros ambientes. Apenas não esqueça de focar no seu próprio corpo. Voltando sua atenção para o momento presente. Focando na sua respiração, nas batidas do seu coração, nas suas sensações físicas. Bem como no ambiente ao seu redor.

Após esse pequeno exercício você pode se voltar ainda mais a sua materialidade. Você pode tomar um banho, que já é por si só uma atividade muito sensorial, imaginando que a água também te limpa de qualquer excesso que ainda esteja em você. Você pode comer alguma coisa que você goste, se hidratar, andar um pouco pela terra, ter contato com a natureza como te for possível e, é claro, não se esqueça de se dar o devido descanso.

Até mais!

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Primeiros passos – Sobre limpezas e proteções

Fonte: Arquivo pessoal

Depois de estabelecermos nossos estudos, nossas rotinas e começarmos a nos cuidar melhor, limpezas e proteções são próximo tópico base para mantermos a saúde e o bem estar das nossas práticas pessoais. Vamos ter bastante da necessidade de organização que vimos nos textos anteriores, mas agora estabelecendo o que para nós é ou não bem vindo e quais são os nossos limites. Vamos lá?

Limpeza

Quando falamos sobre limpeza nos referenciamos a tudo o que podemos fazer para afastar quaisquer energias ou influencias que não desejamos, seja em nós mesmos, em um ambiente ou até mesmo em um objeto, através de atos de purificação. Existem inúmeras formas de limpeza que você pode fazer dependendo da sua linha ou vertente. A limpeza mundana, física, sempre é o primeiro passo. Depois dela, então, você realiza a limpeza energética. Você pode usar a fumaça da queima de determinadas resinas ou ervas e o cantar ou o entoar determinadas palavras de poder ou mantras como formas de limpeza, por exemplo.

Podemos usar a limpeza em instrumentos novos que compramos para as nossas práticas espirituais como velas, adagas, túnicas e etc assim como, periodicamente, em nossos lares, nos ambientes em que ritualizamos e em nós mesmos para garantir regularmente nossa higiene energética. Nos desfazendo daquilo que não mais nos cabe e garantindo que tudo flua de forma alinhada e saudável.

Pense na limpeza energética como você pensa na limpeza física. Depois de um dia cheio onde você sujou bastante seu corpo físico é natural que você queira tomar um bom banho e vestir roupas limpas, certo? Da mesma forma, é aconselhável que você tome um banho de ervas ao voltar de uma visita a um cemitério, por exemplo. E assim como limpamos e organizamos nossas casas após receber muitas visitas, é comum também que limpemos e organizemos ambientes em que fazemos os nossos rituais. Se nos deixamos viver numa casa suja fisicamente, ao longo do tempo, com certeza vamos atrair algumas companhias nada agradáveis para nossa convivência como moscas, baratas, ratos e demais pragas domésticas. No mesmo princípio, se nos deixamos viver em ambientes sujos espiritualmente, também podemos atrair companhias nada agradáveis como larvas astrais e espíritos de baixa vibração que podem nos trazer uma miríade de problemas.

Então, assim como você limpa sua casa e tira o lixo regularmente para evitar que baratas, moscas e similares achem a sua casa muito interessante e propícia, tenha uma rotina básica de limpeza energética! Nas rotinas diárias, que já vimos aqui, temos o RmP que é muito indicado como limpeza e proteção numa base diária, mas é muito bom se, por exemplo, você fizer um banho de ervas em você mesmo, uma lavagem de chão e uma defumação na sua casa pelo menos uma vez por mês. O básico, se bem feito e feito com constância, tem efeitos maravilhosos e nos salva da maior parte dos problemas. Um ambiente que se mantem devidamente limpo e protegido raramente vai atrair espíritos e seres nocivos aos seus habitantes, da mesma forma que um lar bem cuidado raramente vai sofrer com algum tipo de praga. O princípio é o mesmo e pede de nós o mesmo comprometimento e cuidado, afinal, é para o nosso próprio bem estar.

  • Sobre banimentos: Banir, por definição, é o ato de expulsar algo ou alguém de algum lugar. Tendo isso em mente, banir não é a mesma coisa que purificar. Pense que um banimento é expulsar uma visita chata da sua casa. Por mais que ela fique muito melhor só de estar livre daquela figura inconveniente a louça continua na pia, entende? Um banimento pode conter em si alguns efeitos purificativos também. No entanto, tenha em mente que eles são mais fortes e para situações mais focadas do que é a limpeza comum. Você toma banho todos os dias como forma de limpeza, por exemplo, e apenas dentro de circunstâncias específicas expulsa algo ou alguém da sua casa. Com o banimento é a mesma coisa. Enquanto limpeza é asseio e manutenção daquilo que te é saudável, banimento é despejo. É o enxotar, o escorraçar, e o exilar de algo. Nem toda limpeza é um banimento, mas através do banimento cortamos o que não queremos, desalojamos espíritos que podem ter se infiltrado em nossas moradias e expelimos energias mais densas que a limpeza sozinha não abarcaria. Então o use de forma mais pontual quando a necessidade pedir.

Proteção

Depois que efetuamos nossas limpezas, ou ao realizarmos algum banimento, a proteção entra em jogo. E proteções são defesas. É o que você faz para defender a si mesmo, ou ao seu espaço, etc, de algo externo. Elas evitam que o que mandamos embora em nossas limpezas e banimentos tenham como voltar e nos salvaguardam. Uma boa proteção pode ser simples ou ter em si diversas camadas dependendo da sua função. Então, antes de qualquer coisa, determine:

  • O que ela será? Ela vai ser um feitiço com velas, um amuleto, uma garrafa de bruxa?
  • Do que ela será feita? O que você vai precisar para fazê-la?
  • Para que ela será feita? O que motivará a existência dela?
  • Como atuará? Qual será seu exato efeito?
  • Para quem/contra quem? Ela é para você, seu lar ou algum ente querido? Contra o que?
  • Em quais níveis atuará? No material? No espiritual? Terá algo a mais?
  • Por quanto tempo? Qual será sua duração?
  • Ela precisará ser refeita ou reforçada? Se sim, por quais motivos e de quanto em quanto tempo?
  • Existirão gatilhos? Ela se ativará apenas em certas circunstâncias? Algo acontecerá para te avisar se ela for quebrada? Algo acontecerá com quem a quebrar?

Respondendo essas questões você tem desde a forma mais despretensiosa de magia de proteção até as mais complexas e intrincadas. Assim como em relação a limpeza, recomendo que as suas proteções estejam sempre em dia. Você pode proteger as portas e janelas da sua casa com sigilos ou símbolos de proteção. Pode tomar um chá feito de ervas específicas para que, enquanto você dormir, seus sonhos estejam protegidos de qualquer manipulação externa. Você pode fazer uma garrafa de bruxa que absorva, no seu lugar, determinadas energias nocivas. Algum amuleto, como um anel ou um colar, para que você não seja assaltado enquanto o usar. As possibilidades são praticamente infinitas e, se forem bem executadas, seus efeitos serão visíveis.

Você não precisa começar com nada muito difícil. Acenda uma vela branca e queime galhos de arruda nela, pedindo pela sua proteção ou pela proteção daqueles que você ama. Está andando por algum local que não te inspira confiança? Visualize uma bolha de energia protetora ao seu redor que seja espelhada por fora para passar desapercebido. Quer afastar as pessoas ao redor além de não ser notado? Imagine que a bolha possui espinhos enormes por todos os lados. O ato adequado no momento oportuno é tudo do que você precisa. Estabeleça o que você não deseja e imponha os seus limites.

Múltiplas camadas

Conforme sua prática for avançando, naturalmente, suas proteções irão ficar cada vez mais precisas e complexas. Para seguir a Via Sinistra eu indico que você tenha múltiplas camadas de proteção e que elas passem a possuir gatilhos que te avisem quando algo bater nelas, ou mesmo quando algo conseguir as derrubar. Aqui você precisará não só saber como se proteger efetivamente mas também como jogar o jogo.

Cuidar da limpeza e da ordem dos seus ambientes tornará fácil para você identificar quando algo estiver fora de lugar. Assim como conhecer sua própria energia e a manter sempre alinhada tornará imediato para você sentir quando algo tentar te influenciar ou mexer com você. Nisto, proteções e banimentos também são, além de como você estabelece os seus limites, como você se defende e como você aplica consequências e a expulsão do que os ultrapassar. Desenvolva complexidades e nuances que sejam próprias suas em seu trabalho, de forma que nunca seja óbvio para outros desarmar aquilo que você tem.

Combine o mundano com o espiritual. Faça aquela faxina completa na sua casa enquanto também a limpa energeticamente. A proteja com sua magia e estabeleça limites para quem pode ou não entrar nela. Nunca deixe qualquer pessoa estar no seu espaço pessoal. Faça banhos de ervas para limpar e proteger seu corpo e seu espírito. Aprenda a encantar sua alimentação e se fortaleça energeticamente assim como fisicamente. Aprenda a dizer não como uma forma de proteção, tanto mundana quanto espiritual. Assim como você não deve aceitar qualquer tipo de comportamento de um espírito você não o deve aceitar de uma pessoa, seja ela quem for.

Assim que você se estabelecer energeticamente e começar a ter o trabalho de manter o seu próprio alinhamento será natural não querer mais admitir qualquer coisa, de qualquer forma, na sua vida. Assim como deve ser natural determinar consequências para o que tentar contra elas. Afinal, elas foram criadas para a sua segurança, e você deve levar a sua segurança a sério. Seja ela física, emocional ou espiritual. Não tenha medo de se impor e de se defender. Estando na Mão Esquerda, você não deve temer embates. Eles sempre são oportunidades para que você aprenda uma coisa ou duas. Então, estude cada situação ao seu redor e aprenda a se garantir, fazendo bom uso da sua inteligência e da sua própria complexidade.

Até mais!

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