Luciferianismo – Um breve resumo histórico

Fonte: Arquivo pessoal

O Luciferianismo é um sistema de crença, ou filosofia de vida, que busca se inspirar nas qualidades da figura de Lúcifer como portador de iluminação e conhecimento. Dentro da visão luciferiana, Lúcifer não é visto como o Diabo, mas sim como a representação de uma força libertadora que ilumina a consciência, trazendo discernimento e lucidez.

Para entendermos como esse conceito se constrói é importante analisarmos, em primeiro lugar, as próprias origens do nome Lúcifer em si. Vindo do latim lux, que significa luz, e ferre, que significa portador, Lúcifer significa literalmente O Portador da Luz. Ou, em outras interpretações, a Estrela da Manhã e o Filho D’alva. Expressões que, ao longo dos séculos, foram usadas inicialmente apenas para representar o planeta Vênus, um dos corpos celestes mais brilhantes que temos em nosso sistema, que mantém sua luz ao lado da lua até o raiar do dia.

Temos em Isaías 14: 12-15 a única menção ao nome Lúcifer dentro da Bíblia. Sendo ela fruto de um equívoco de tradução. Em todo capítulo, o profeta Isaías se concentra em condenar o rei que governava a Babilônia em sua época, dizendo que a sua soberba seria, futuramente, a causa de sua queda. Ele é referenciado como הֵילֵל בֶּן-שָׁחַר (Helel ben Shachar, “o brilhante, filho da manhã”, em hebraico). Quando o texto original em hebraico foi traduzido para o grego na Septuaginta, Helel ben Shacḥar se tornou Phosphorus, ou Hèosphóros, nomes divinizados pelos quais os gregos antigos chamavam Vênus, a Estrela da Manhã. E Phosphorus, por sua vez, quando foi traduzido pela primeira vez para o latim na Vulgata, foi então traduzido como Lúcifer, a partir do qual o nome começou a ser usado não mais como uma referência ao planeta Vênus mas sim como um dos nomes do Diabo cristão.

É dessa sucessão de traduções e da falta do contexto de que o profeta tecia uma crítica política a um governante de sua época que temos o versículo 12 de Isaías 14 criando a concepção, dentro do catolicismo, do Diabo como anjo caído. O conceito do belo anjo rebelde que caiu da graça de seu criador se tornou extremamente cativante, sendo absorvido rapidamente dentro do folclore popular ao redor do mundo, tornando Lúcifer uma figura muito mais complexa e rica culturalmente nos dias de hoje do que em seu original, apenas como um dos nomes de Vênus.

Temos sua presença marcada na Divina Comédia de Dante, no século XIV. Assim como no poema épico Paraíso Perdido, escrito por John Milton e publicado pela primeira vez em 1667, que tornou a figura do anjo caído em um um verdadeiro anti-herói, misturando a mitologia cristã com os próprios sentimentos republicanos de Milton contra o Rei da Inglaterra e a favor de uma melhor representação e poder parlamentar.

O termo luciferiano, no sentido de adorador de Lúcifer, foi usado pela primeira vez na Gesta Treverorum, uma coleção de histórias, lendas e registros dos Arcebispos de Trier, em 1231, relatando sobre um círculo religioso que teria sido liderado por uma mulher conhecida como Lucardis. Sua seita teria sido exposta por Konrad von Marburg e pela Inquisição Papal. Em 1234, o Papa Gregório IX também emitiu uma bula Vox in Roma pedindo uma cruzada contra os camponeses de Stedinger, no noroeste da Alemanha, que se rebelavam contra a Igreja, os acusando de luciferianismo. A bula teria uma descrição detalhada de supostos ritos e crenças desses camponeses, que hoje em dia é considerada como inteiramente fictícia.

Saindo da época medieval, onde luciferianos eram apenas algumas figuras marcadas que incomodavam e se rebelavam contra a Igreja, temos o surgimento da Lucifer the Lightbearer como um jornal anarquista publicado nos Estados Unidos no final do século XIX e começo do século XX por Moses Harman, que assim o nomeou para expressar a missão do jornal em levar luz e consciência política aos seus leitores. Sendo através da consciência política e do esclarecimento que um ”novo dia” poderia surgir. Lucifer também foi o título de uma revista independente publicada pela primeira vez por Helena Blavatsky, existindo de 1889 até sua morte em maio de 1891. Em seus escritos também temos Lúcifer como uma força intelectual positiva que poderia guiar a humanidade por um caminho mais equilibrado.

Madeline Montalban, astróloga e maga cerimonial, seria a próxima voz a tomar o termo luciferianismo para si ao fundar a Order of the Morning Star, ou Ordo Stella Matutina (OMS), em 1956 ao lado de Nicholas Heron, fotógrafo e jornalista. Dentro da OMS Lúcifer era venerado como uma entidade angélica benevolente e, em seu segundo material oficial, O Livro de Lumiel, escrito por Montalban, é relatada a compreensão da Ordem tanto sobre Lúcifer como sobre seu envolvimento com a humanidade.

Depois de Montalban, temos a Greater Church of Lucifer (GCoL), fundada em 2014 sob a liderança de Jacob Mckelvy e tendo como co-presidentes Michael W. Ford, ex-integrante da ONA, e Jeremy Crow, fundador da Luciferian Research Society. Seus ensinamentos, até o encerramento de suas atividades, foram mais seculares e focados no mundo prático do que no espiritual. Tendo sua filosofia definida pelos 11 Pontos Luciferianos de Poder, de autoria de Ford.

A Luciferian Research Society segue suas atividades até hoje, encabeçada por Crow, como uma plataforma independente e um podcast voltado ao Caminho da Mão Esquerda. Mckelvy, até onde se sabe, se converteu ao cristianismo. E Ford, por sua vez, segue como fundador da Order of Phosphorus, sendo autor de vários livros tanto sobre o Luciferianismo quanto sobre o Caminho da Mão Esquerda num geral.

Assim como no Satanismo, o Luciferianismo não possui uma igreja ou Ordem oficial, muito menos uma figura central. Seus adeptos são livres para estudar os diversos autores e obras que compuseram a filosofia ao longo do tempo de forma independente, criando seu caminho de forma autônoma. Existem aqueles que tem Lúcifer unicamente como um símbolo alegórico inspirador de luz e sabedoria, assim como os satanistas ateístas tem em Satã um símbolo de transgressão e liberdade. Mas também existem aqueles que se relacionam com Lúcifer como uma entidade real, complexa e multifacetada, por toda sua história e evolução ao longo do tempo, trabalhando com suas mais diversas faces.

Seja como for, a busca constante pelo conhecimento, pelo aprimoramento pessoal e pela independência marcam o caminho de todos os luciferianos. Afinal, como o Portador da Luz, Lúcifer dissipa quaisquer trevas lançadas pelo medo e pela ignorância.

Para ler mais ler mais sobre o tema eu indico os livros Lucifer: Princeps de Peter Grey, A Bíblia do Adversário de Michael W. Ford, Apoteose, do mesmo autor, e a dupla Rites of Lucifer e Lúcifer – O Despertar de Asenath Mason.

Até mais!

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Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

Satanismo – Um breve resumo histórico

Fonte: Arquivo Pessoal

A primeira coisa que devemos entender sobre o Satanismo, como a vertente de Mão Esquerda que ele apresenta ser nos dias de hoje, é que ele é um fenômeno moderno construído a partir da obra de Anton Szandor LaVey, que fundou a Igreja de Satã (Church of Satan) em 30 de abril de 1966. De lá até o presente momento a semente de LaVey deu origem a dois grandes braços do Satanismo: o ateísta, onde a doutrina LaVeyana se encontra, e o teísta. Ambos possuindo seus adeptos e suas organizações.

O Satanismo LaVeyano, como já citado, se configura como uma religião ateísta, ou seja, que não possui em si a crença em nenhuma figura divina. Segundo as crenças LaVeyanas o adepto é o centro da sua própria vida e a figura de Satã é tida apenas como um símbolo inspirador ao invés de ser visto como uma entidade que existe de forma literal. Então, se você perguntar a um satanista LaVeyano se ele crê ou adora Satanás de alguma forma, ele provavelmente só irá rir de você. Sendo portadora de uma visão que foca mais em ser racional do que em ser mística, a doutrina de LaVey foca no aqui e no agora, encorajando o hedonismo com responsabilidade e a autopreservação de seus adeptos. A Bíblia Satânica, sendo o principal livro da doutrina, é visto sim como um texto fundamental. Porém, cada adepto pode ter suas próprias opiniões e interpretações sobre ele, já que o pensamento independente é muito mais encorajado do que a obediência cega.

Como LaVey em si era ateu, ele desencorajava profundamente que seus seguidores adorassem ou se relacionassem com Satã como uma divindade, vendo a crença em forças sobrenaturais como uma falta de racionalidade. Para ele, Satã devia apenas ser um símbolo de não conformidade, rebeldia e poder autônomo. Para ele não existia nada além do mundo físico, nem vida além da morte. Sendo o agora tudo que existe, ele defendia que deveríamos o aproveitar ao máximo, com responsabilidade e segurança.

Justamente pela posição marcada que LaVey tinha em relação a crença literal em Satã existe uma inesgotável rixa entre Satanistas LaVeyanos e Satanistas teístas que, por sua vez, são aqueles que de fato o adoram como um ser real, vivo e dinâmico. A Church of Satan, inclusive, alimenta abertamente a rixa tendo a postura de que os únicos ”satanistas de verdade” que existem são os seus membros (ou pelo menos aqueles que se alinham a linha LaVeyana). O que a mantém isolada do desenvolvimento que o Satanismo teve, em suas diversas vertentes, da época de LaVey até hoje.

A primeira divisão formada entre os ateístas e os teístas dentro do Satanismo foi a rebelião de Michael Aquino, ex-integrante de alto escalão da Church of Satan, que dela saiu para fundar o Temple of Set, em 1975, após diversas discordâncias entre ele e LaVey. Aquino levou consigo todos que estavam descontentes com a forma como LaVey se colocava e administrava a Church of Satan e, assim, o Temple of Set já iniciou suas atividades com um bom contingente de participantes. Agrupando todos que sentiam em si a necessidade de dar uma ênfase maior ao lado espiritual e ritualístico de suas crenças.

O Temple of Set foi o primeiro grupo a se distanciar e a criticar as ideias de LaVey propondo novos conceitos sobre como o Satanismo poderia ser para continuar a evoluir ao invés de se tornar um culto a personalidade que LaVey foi. A partir dele inúmeras outras visões, interpretações e grupos surgiram, trazendo mais diversidade e multiplicidade de opiniões ao Satanismo do que ele teria se tivesse ficado engessado debaixo da sombra da sua organização fundadora. O que fez com que ele se tornasse um movimento diversificado, plural, formado por indivíduos de prezam pela individualidade e pela independência acima de dogmas e regras.

Não existindo apenas um único Satanismo, cada satanista é singular em si mesmo. Com total liberdade para criar seu próprio caminho e suas próprias visões. A Bíblia Satânica é considerada um livro de importância histórica e fundamental para o movimento como um todo porém, novamente reforço, ele é mais tido como uma sugestão do que um dever. O estudo, inclusive sobre os processos históricos do Satanismo enquanto movimento espiritual moderno, é muito mais crucial se você se interessa nele do que seguir unicamente um livro ou a obra de um único autor. Inclusive, para entender como ele se divide politicamente. O ONA (Order of Nine Angles), por exemplo, é um grupo satanista conhecido pela sua ideologia abertamente neo-nazi. Então, se aprofunde na história do movimento para não cair, desavisado, em locais dominados pela extrema direita.

Mas satanistas não existem desde a Idade Média?

Da forma como existem hoje em dia, não. O que dá para afirmarmos com certeza é que a Igreja Católica, se tornando a instituição poderosa que ela se tornou entre os séculos V e XV, perseguiu, caluniou e fez o possível para exterminar tudo que dessoasse dela própria ou, em sua visão, ameaçasse o seu poder. Com isso, todos aqueles que recusaram se submeter a ela, ou fossem considerados desviantes por qualquer que fosse o motivo, eram demonizados como diabólicos.

Temos apenas um único caso documentado de uma Missa Negra que, na verdade, foi mais uma expressão de anticristianismo do que de satanismo como hoje o compreendemos. Ele foi feito no século XVII por Catherine Deshayes, conhecida popularmente como Madame Voisin, ou La Voisin. Ela foi uma das maiores figuras do Caso dos Venenos, que agitou a corte francesa entre 1670 e 1682, sendo condenada a morte e queimada em praça pública em Fevereiro de 1680.

Se você se interessa pelo período procure estudar como a Igreja não só criou mas moldou a figura do Diabo para perseguir seus opositores religiosos e políticos, bem como procure estudar sobre a própria história da bruxaria em geral. E no que refere a ela eu sempre indico os livros O Calibã e a Bruxa de Silvia Federici e História da Bruxaria de Jeffrey B. Russell e Brooks como excelentes pontos de partida.

Mas e os casos criminais que eu vejo envolvendo satanistas na mídia?

Aqui entramos não no terreno do satanismo em si, mas sim no terreno do pânico satânico. Tendo origem no termo pânico moral, que foi criado pelo sociólogo e criminologista britânico Stanley Cohen no livro Folk Devils and Moral Panic, aqui nos referimos, novamente, a como pessoas, figuras ou objetos podem ser usados, em campanhas de difamação, como a origem de todos os males de uma sociedade. O pânico satânico é um tipo específico de pânico moral criado a partir da crença, muito infundida pelo cristianismo desde a Idade Média, de que existem pessoas diabólicas que praticam todos os tipos de crimes possíveis em rituais grotescos em honra a uma figura que, para eles, seria em si o mal encarnado. Esse medo joga o ódio do público em cima de bodes expiatórios que são perseguidos e sacrificados no lugar de se discutir as desigualdades e carências sociais que realmente estão acontecendo. Ele é, essencialmente, uma ferramenta de manipulação em massa usado para causar medo e gerar inimigos fictícios para controlar as pessoas moralmente.

E não apenas a Igreja Católica mas diversas vertentes cristãs usam largamente o pânico satânico até hoje para assustar as pessoas, gerar ódio e preconceito contra aqueles que se desviam da norma, e garantir assim uma perseguição moral de tempos em tempos a tudo que tente sair do controle que eles querem exercer sobre a sociedade. O pânico satânico foi fortemente atiçado contra os jogos de RPG nos anos 80 nos Estados Unidos. E, aqui no Brasil, o anime Yu-Gi-Oh já foi muito perseguido dentro desta mesma lógica. Todos nós já ouvimos lendas sobre a Xuxa, sobre animações da Disney e sobre estrelas da música cheias de pactos, rituais macabros e medo. Assim como já vimos casos onde pessoas influenciáveis, em momentos vulneráveis psicologicamente, acreditaram demais nestes contos e cometeram sim crimes, sendo presos por eles e recebendo assistência médica que precisavam em seus estados.

O Satanismo em si, e a Mão Esquerda como um todo, são caminhos espirituais de desenvolvimento pessoal que não existem para ser a encarnação do medo moral que líderes cristãos usam para controlar e manipular seus fiéis. Estude constantemente, vá além do que te dizem, e questione sempre.

Até mais!

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A arte da Bruxaria – Como começar

Fonte – Acervo pessoal

Quando começamos a nos interessar pela bruxaria sempre vem aquela dúvida: Como começar? O que precisamos ver ou entender primeiro? Como, num ramo tão diverso, podemos escolher por onde iniciar nossas buscas e onde encontrar as respostas para nossas maiores questões sobre o tema?

Primeiramente, é importante entender que o ponto inicial mais fundamental de todos é o estudo. Se você não gosta de imergir por horas e horas na leitura de livros, conhecendo autores e suas obras, bem como estudando diversos movimentos e suas implicações é bom que você saiba de antemão que, caso você queira ter uma prática substancial e profunda, isso será necessário. Você passará muito mais tempo lendo, pesquisando e fazendo anotações do que em qualquer outra atividade. Em segundo, você precisará saber se organizar. Principalmente no âmbito mental. Ter clareza do que você pensa e saber estruturar o que você deseja de forma prática é essencial para que você não se afogue num mar de informações desconexas que você não saberá utilizar e nem sequer te darão qualquer firmeza.

Para isso, comece no mais básico:

O que você acha que a bruxaria é? Onde e como você ouviu a palavra ”bruxaria” pela primeira vez? Quais caminhos você tomou entre essa primeira vez e ideia que você tem dela hoje em dia? Você pensa algo de diferente? Ainda pensa a mesma coisa? Muitas pessoas entram em contato com diversas ideias sobre o que seriam tanto a bruxaria quanto a magia em literatura, filmes, séries, jogos e desenhos bem cedo na vida, por exemplo. Seja qual tiver sido o seu caminho tente o traçar claramente dentro da sua cabeça. Entenda o que e quais histórias e acontecimentos compõe sua visão do que a bruxaria é.

Sabendo o que você pensa que a bruxaria é, defina o segundo princípio mais básico:

O que te move para perto dela agora? Dependendo da sua concepção algo está te movendo até ela. O que te faz querer se aprofundar nela? Entenda qual é a raiz do seu impulso. É apenas simples curiosidade? Você conheceu alguém que pratica e achou essa pessoa legal o suficiente para entender mais do que ela faz? Alguém te inspira? Você está se movendo por alguma necessidade particular? Basicamente, aqui você precisa entender qual é a sua história. Raras pessoas vão ter um contexto familiar prévio para começarem na bruxaria. Mesmo aqueles que tem uma família profundamente espiritual, na maioria das vezes, não terão seus familiares chamando o que fazem de bruxaria, visto que é um termo que ainda carrega sobre si um peso social discriminatório muito forte. Então, primeiramente, entenda o que te move para cá.

Com isto feito é que você poderá definir melhor o que, baseado na sua visão, você quer com a bruxaria. Afinal, algo dentro das suas visões e do que te move desperta seu desejo. Você quer alguma coisa com a bruxaria. É autoconhecimento? É desenvolver sua espiritualidade? Ganhar poder? Ter mais dinheiro? Ser desejável? Você quer se proteger de alguma coisa? Quer se vingar de alguma coisa? As vezes as pessoa começam atrás de amor, as vezes apenas por estética, porque é bonito, porque de alguma forma está na moda, ou porque querem atender alguma demanda pessoal que se falassem em alto poderia soar egoísta ou até mesmo bobo. Identifique o que você pensa e o que você quer sendo sincero com você mesmo. Você tem que saber de onde está partindo antes de começar. Sendo esse ponto qual for.

Agora, em terceiro, é onde sua busca de fato vai começar.

Inicie justamente pesquisando o que a bruxaria é. Isto é a primeira coisa que você de fato deve saber. E a resposta será bem mais complexa do que você poderia imaginar num primeiro momento. Cada cultura ao redor do mundo e cada época da história humana definiu tanto a magia quanto a bruxaria e a feitiçaria de forma diversa e multifacetada. Muitas vezes todos esses termos se encontram como sinônimos e muitas vezes eles se distinguem de formas muito particulares. Esses são os primeiros pontos que você deve desenvolver. Nunca fique com uma definição só. Sempre procure no mínimo três visões diferentes para não começar sua jornada já com uma visão parcial e reducionista.

Você logo verá que, para realmente formular algum conhecimento nesta primeira tarefa, você terá que ter o mínimo de pesquisa cultural e histórica. Procure sim livros de História. Leia-os antes de ler livros de autores do meio esotérico e ocultista. Eu sei que muitas vezes nosso primeiro impulso é procurar autores do meio, mas confie em mim neste ponto, não comece por eles, comece por obras escritas por historiadores. A maioria dos livros do meio ocultista deixa muito a desejar no que se refere a pesquisa histórica porque a maior preocupação de muitos autores do meio é mais defender suas próprias vertentes e visões do que se aterem a veracidade dos fatos. Eles estão apenas vendendo o próprio peixe, e não necessariamente vão te ensinar a pescar. Se você tiver uma boa pesquisa histórica prévia, quando você começar a pegar de fato livros sobre ocultismo, será fácil identificar quais autores são bons e quais não o são. Então inicie tendo uma boa base histórica.

Uma excelente indicação que eu tenho para essa fase inicial é o livro História da Bruxaria de Jeffrey B. Russel e Brooks Alexander. Além de belissimamente ilustrado, sua leitura é fluida e agradável, dando um excelente contexto sobre a diversidade do que é a bruxaria e sobre quem historicamente é a figura da bruxa em diversas culturas e períodos até os dias de hoje, onde temos os movimentos do neo paganismo e o surgimento da Bruxaria Moderna após o fundamento da Wicca na década de 50 pelas mãos de Gerald Gardner.

Depois de terminada esta primeira busca, compare o que você sabe após o seu estudo com o que você pensava antes. Algo te surpreendeu? Foi muito diferente do que você pensava no começo? Alguma coisa mudou em você agora que você sabe melhor do que se trata a bruxaria? Você ainda acha que conseguirá com ela as mesmas coisas que você achava que conseguiria antes? Se algo mudou, tente identificar o que. Você pode querer parar neste momento, vendo que não era nada do que você esperava, e está tudo bem. Você pode querer continuar agora muito mais do que antes, e está tudo bem também. Se você quer continuar, procure escrever sua própria definição do que é tanto a magia quanto a bruxaria para você, agora que você tem bases mais firmes para isso. Eu, por exemplo, coloquei um pouco da minha definição aqui.

Agora, com as coisas um pouco mais claras diante de você, se pergunte se você ainda quer as mesmas coisas que você queria no começo. Talvez você precise ajustar seus desejos agora que você tem mais conhecimento. Descartando alguns e quem sabe até mesmo acrescentando outros. A definição do que para você é a bruxaria e o que você deseja com ela é essencial para estabelecer seu próximo passo que é a escolha da vertente ou da área mais adequada para os seus interesses. Nem todas vertentes terão a mesma visão do que é a bruxaria, então você precisa encontrar aquelas cujo ponto de vista se alinhe ao seu. Assim como nem todas as áreas de desenvolvimento da bruxaria servem para te ajudar com seus objetivos iniciais. Procure aqueles que te ajudarão de forma mais prática no momento. Se você não quer uma abordagem religiosa ou filosófica agora no seu início não faria sentido você entrar de cara na Wicca ou na Thelema, por exemplo. Apesar de serem fascinantes são correntes que te colocarão sua própria visão sobre o divino, com seus próprios dogmas, liturgias e iniciações necessárias.

Se alinhe a você mesmo através das visões e metas que você estabeleceu na sua primeira pesquisa.

Quase que sem notar, a partir de agora, você já começou seu caminho de forma consciente e prática. Você já sabe, ou pelo menos já faz ideia, de para onde ir e o que você quer fazer com mais propriedade. A construção dos seus próximos passos dependerá apenas das suas próprias metas e interesses. Encontre vertente, ou a área, que mais se alinha as suas necessidades e comece pelos seus autores de referência. Construa seu conhecimento aos poucos, sem pressa. Quando sentir que já dominou suficientemente a teoria vá fazendo pequenos experimentos práticos. Anote sempre seus resultados, ou a falta deles. Isso vai te orientar sobre o que dá ou não certo para você. Nem todo mundo é bom com tudo, e você só vai saber quais são seus pontos fortes colocando a mão na massa. Muitos bruxos são incríveis trabalhando com o Fogo, outros são muito melhores com o Ar. Temos entre nós necromantes maravilhosos, outros dominam diversos tipos de divinação com uma precisão quase que assustadora. Você pode descobrir que é muito bom com sigilos, ou com mantras. Assim como pode conhecer bruxos que são dotados de uma verdadeira mão de ouro, que sabem mover prosperidade como ninguém, bem como aqueles que naturalmente tem uma habilidade notável para curar e para amaldiçoar. Se colocando em movimento você naturalmente achará o seu lugar. E, a partir dele, tudo se tornará possível.

Até a próxima!

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O que são as Runas

Meu primeiro conjunto de runas, feito manualmente e especialmente para mim como um presente – Arquivo pessoal

As runas, como as conhecemos hoje em dia, constituem um alfabeto que era usado para se escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte (com destaques para a Escandinávia, as Ilhas Britânicas e a Alemanha) do séc II ao XI. Sua descoberta se deve aos achados arqueológicos das runsten, grandes pedras com inscrições rúnicas, datadas desde a Época Viquingue até o séc XII. Foram encontradas até agora aproximadamente 6.000 delas com destaque para a Suécia (onde foram encontradas aproximadamente 2.500) e para a Noruega (onde temos o achado de 500 pedras rúnicas diferentes). Em menor quantidade também existem achados de ossos, pergaminhos, placas metálicas e peças de madeira com inscrições rúnicas. As inscrições mais antigas que temos delas datam do ano 150. E mediante o avanço do cristianismo na Europa Central, por volta do séc VI, elas foram aos poucos sendo substituídas pelo alfabeto latino.

O alfabeto germânico primitivo possuía 24 runas, sendo usado principalmente no que hoje é a Alemanha, a Dinamarca e a Suécia. É ele ao qual nos referimos atualmente como Futhark Antigo. O nome deriva do fato de suas primeiras seis letras formarem literalmente ‘F’, ‘U’ ‘Th’, ‘A’, ‘R’, e ‘K’ (ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ). Também temos o Futhark Recente, que sucedeu o Antigo na Escandinávia a partir do séc XI, possuindo apenas 16 runas e sendo conhecido também como Runas Escandinavas.

Seu uso para fins oraculares vem de algumas linhas de interpretação de trechos da Edda Poética, uma coleção de poemas em nórdico antigo preservados no manuscrito medieval islandês Codex Regius, datado como pertencente ao séc XIII. Em sua composição temos 11 poemas mitológicos e 19 poemas sobre figuras heroicas tanto nórdicas quanto germânicas. Mesmo com sua autoria permanecendo desconhecida até o presente momento ela é uma das mais importantes fontes históricas que possuímos sobre a mitologia nórdica em si, junto com a Edda em Prosa de Snorri Sturluson, historiador e poeta da Idade Média. E é em suas linhas que temos o mito da origem mágica das runas, provindo do auto sacrifício do deus Odin, que agonizou dependurado e mortalmente ferido na Árvore do Mundo, Yggdrasil, por nove dias e nove noites:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,

Lá balancei por nove longas noites,

Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odim,

Eu em oferenda a mim mesmo:

Amarrado à árvore

De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,

Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,

Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,

E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar

E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,

conduziram-me à terceira,

De um feito para outro feito.”

Com este mito, tendo sido os frutos do sacrifício de uma divindade, as runas teriam também uma conotação espiritual e sagrada. Ressuscitado e restabelecido, Odin as teria dado como um presente a humanidade. Elas são a benção da própria escrita. Mas também, para quem se relaciona com elas de forma anímica, elas podem ser portais de energia com as quais podemos ouvir o sussurro dos deuses e acessar sua sabedoria e magia.

Só é importante, no entanto, termos sempre em mente que tanto a Edda Poética quanto a Edda em Prosa surgiram muito tempo depois da Era Viquingue, sendo um erro histórico comum dizer que os Vikings usavam de fato as runas como os instrumentos divinatórios que as consideramos modernamente. Seus registros se ligavam muito mais a assuntos da vida comum como questões comemorativas, literárias, funerárias e laudatórias.

Existem aqueles que gostam de usar o seguinte trecho da obra Germânia de Tácito (98 d.C.) para apoiar um uso mais antigo das runas como oráculo: “(…) cortam uma vergôntea retirada de uma árvore frutífera em pequenos ramos e estes, diferenciados por certos caracteres, eles espalham a esmo e fortuitamente sobre um tecido branco (..) apanha um a um dos pequenos ramos por três vezes. Feito isso, ele os interpreta segundo o sinal gravado neles anteriormente” (Andrade, 2011, p. 19). Porém, aplicar esta descrição de Tácito a uma suposta leitura de runas é por si só bastante problemático pois a descrição dele seria de um período anterior ao que conhecemos como o período da criação e uso do alfabeto rúnico por no mínimo dois séculos.

Até onde temos comprovado, as runas enquanto oráculo são muito mais recentes, sendo difundidas principalmente nos meios neo pagãos. O surgimento da controversa “runa branca”, por exemplo, é oriunda do livro The Book of Runes de Ralph Blum, de 1987, um sucesso nos meios esotéricos de sua época e tido como referência até hoje, apesar do autor nunca ter afirmado que seus métodos eram comprovados historicamente. Sendo estudadas como oráculo ou como as preciosidades históricas de comunicação gráfica que são, as runas são fascinantes do seu próprio jeito. Principalmente para quem se interessa pela cultura nórdica e germânica! E você, já teve algum contato ou experiência com elas?

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Quem foi Marie Laveau

Fotografia de Marie Laveau – Crédito: Wikimedia Commons

Nova Orleans, no estado da Louisiana, foi uma das cidades norte-americanas que recebeu um grande influxo de navios com tráfico escravo por volta do séc. XIX. Com estes escravos, o Voodoo veio junto. E por mais que, em sua chegada, cada uma dessas pessoas escravizadas fossem batizadas como católicas e fossem retiradas de sua fé original, através de muito sacrifício, e do sincretismo, a sua espiritualidade se adaptou e continuou vivendo.

E uma das figuras mais notáveis, até os dias de hoje, da cultura Voodoo norte-americana foi sem dúvida alguma Marie Laveau. Com sua vida envolta por algumas boas doses de mistério, se crê que ela tenha nascido no Bairro Francês no dia 10 de setembro de 1801, filha de uma crioula liberta, Marguerite Henry D’Arsentel, e do quinto prefeito da cidade, Charles Laveau Trudeau. De sua mãe e avó, praticantes do Voodoo caribenho, ela teria aprendido os segredos da religião. E do seu pai, um político rico dono de fazendas e terras, ela teria tido a oportunidade de ter uma boa educação e uma vida confortável desde cedo.

Seu primeiro casamento teria sido em 1818, com o imigrante haitiano Jacques Paris. Após um ano, ou dois, ele viria a desaparecer, sob circunstâncias desconhecidas. Ficando com os bens que ele deixara para trás, Marie então abriu um salão de cabeleireira, e foi aí que sua carreira começou. Com seu salão sendo frequentado pelas mulheres mais influentes da região, e também atendendo a domicílio, ela não demorou a estar inteirada de todos os segredos da elite da cidade e, com isso, passou também a oferecer aos poucos pequenos serviços espirituais. Curas, leituras de cartas, alguns feitiços, tudo era feito por ela. E não somente as mulheres procuravam seus serviços como feiticeira como homens também, trazendo de pedidos de enriquecimento e destruição de inimigos a ajuda para abortos em casos de gravidez extra conjugal.

Com o tempo, uniu-se então ao Capitão Luis Christopher Duminy de Glapion, com quem viveu até a morte dele, em 1935. Eles teriam tido ao todo 15 filhos, das quais apenas duas chegaram a idade adulta, Marie Euchariste Eloise Laveau e Marie Philomene Glapion. A primeira, após a morte da mãe, assumiria o seu lugar como sacerdotisa de Voodoo na cidade.

Da sua carreira espiritual temos mais mitos hoje em dia do que fatos. Ela teria sido aluna de Dr. Jhon, um senegalês muito conhecido pela sua confecção de gris-gris (um tipo de amuleto para diversos fins no Hoodoo), aprendendo e aprimorando as técnicas do seu professor. Sabe-se também que em sua residência ela mantinha seus altares, numa mistura de crenças católicas com figuras africanas, e semanalmente realizava reuniões e oferendas com aqueles que desejassem participar, tanto negros quanto brancos. Fora seus atendimentos individuais as pessoas mais importantes da cidade, ela também participava e conduzia cerimônias de Voodoo na praça Congo, nos arredores de Nova Orleans. E pessoas de todas as classes a procuravam para os mais diversos fins.

O que se pode afirmar é a influência inegável que ela teve social e politicamente em sua época, graças a rede de informações ao qual tinha acesso e manipulava, através do seu trabalho dentro das casas mais abastadas da cidade. Usando todos os segredos aos quais tinha acesso para ganhar mais poder e influência.

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Túmulo de Marie Laveau no Cemitério St. Louis em Nova Orleans

Já em sua velhice, na década de 1860, ela aos poucos foi deixando de lado suas práticas públicas para ter uma vida mais recolhida e tranquila. Nunca deixando, no entanto, de fazer parte dos movimentos mais fundamentais da cidade. Segundo historiadores, ela morreu pacificamente, dormindo em casa, no dia 15 de junho de 1881. Seu grande funeral contou com a presença de toda elite da Louisiana, além de uma multidão de pessoas, e os jornais da época a retrataram como uma “mulher de grande beleza, intelecto e carisma, que também era piedosa, caridosa e uma hábil curandeira de ervas”.

O local da sua real sepultura não é muito conhecido, mas a localização mais famosa é no cemitério St. Louis, número 1, na cripta da família Glapion, onde as pessoas ainda costumam ir para lhe levar oferendas, esperando que seus desejos possam ser concedidos. Alcançada a graça, deve-se voltar ao túmulo para, em agradecimento, marcar três XXX em sua lápide.

Se você deseja saber mais sobre sua história pode conferir nos livros The Magic of Marie Laveau: Embracing the Spiritual Legacy of the Voodoo Queen of New Orleans de Denise Alvarado e A New Orleans Voudou Priestess: The Legend and Reality of Marie Laveau de Carolyn Morrow Long.

Oráculos – O que são?

Consultando o Oráculo de John Waterhouse

A palavra oráculo, na sua origem etimológica, vem do latim oraculum, significando algo como “anúncio divino”. É a resposta do divino, do plano espiritual, de uma divindade ou entidade específica, dada após sua consulta através de ações ritualizadas. O termo, por extensão, também foi utilizado para se referir aos locais onde se realizavam essas consultas, ou as pessoas que tinham a habilidade de fazê-las. Que podiam servir como ponte entre o plano espiritual e o físico.

As civilizações antigas consultavam oráculos para diversas finalidades, desde questões políticas e sociais até filosóficas e religiosas. Na cultura grega, por exemplo, os oráculos constituíam um aspecto fundamental da prática religiosa. As respostas divinas só podiam ser concedidas em ritos e locais rigorosamente estabelecidos, e por pessoas devidamente iniciadas em seus cultos.

As mancias, ou mânticas (do grego: manteia, ”arte do vidente”, a habilidade de prever o futuro de modo extra-racional), não eram realizadas pela pessoa comum. Passar pelo ἐνθουσιασμός – enthousiasmósentusiasmo, isto é, o ter deus em si, era reservado a quem era treinado dentro das tradições, usando a ritualística correta, para fazê-lo. Como, por exemplo, as pitonisas. Sacerdotisas do deus Apolo, que atuavam como pontes entre ele e o plano físico em Delfos.

Sacerdotisa de Delphos de John Collier

Exemplos de oráculos, em suas diversas formas e exercícios, existem em todas culturas ao redor do mundo. Na mitologia escandinava temos em Odin tanto a sua história com as runas quanto ele levando a cabeça do deus Mimir para Asgard para lhe servir de conselheiro. Na tradição chinesa, temos o uso do I Ching. E nas tradições iorubanas temos o sistema de Ifá, presidido por Orunmilá, divindade da profecia e do destino, que rendeu as religiões afro-brasileiras o popular jogo de búzios, ou rìndínlógún, utilizado pelos Babalawos e Ialorixás.

Nos distanciando um pouco dos aspectos religiosos e sacerdotais e entrando nas práticas da magia, e das diversas vertentes da bruxaria, tanto os oráculos como as artes divinatórias sempre foram colocados em posição de destaque. Isso porque, enquanto a  magia por si nos ajuda a fortalecer a influência e o poderio que temos sobre nossas próprias vidas e meio, os oráculos ajudam a intensificar a percepção que temos tanto de um quanto do outro. Podemos através deles saber mais tanto sobre nós mesmos, quanto sobre os possíveis resultados de cada uma das nossas ações e o desenrolar das mais diversas situações. E isso para aqueles que trabalham alterando a si mesmos e as probabilidades ao seu redor pode dar vantagens preciosas.

Capazes de identificar com mais profundidade energias e nos contar suas histórias, os oráculos conseguem nos revelar a essência das coisas. Ajudando com bloqueios mentais, com nossos pontos fracos e fortes, e nos dizendo como melhor aproveitar e transmutar as tendências ao nosso redor. Se usadas com responsabilidade e equilíbrio, as informações que eles podem nos dar se transformam numa fonte de poder.

Circe Oferecendo o Cálice para Ulisses de John Waterhouse

E de fato, nos dias de hoje, conhecemos os oráculos muito mais como os objetos e métodos através do qual suas consultas são feitas, como as cartas do Tarot e os búzios, do que como as figuras ou locais que os disponibilizam. Mas seu papel continua o mesmo, o de nos ajudar na nossa busca por respostas inspiradas, seja pelo divino ou por nosso próprio self, através de arquétipos.

A abordagem arquetípica, aliás, um pouco menos espiritualizada e mais psicológica, foi sugerida pioneiramente pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, que defendia que existiam duas dimensões, a física e a não física, que se moviam em sincronicidade, pois tudo no universo estaria interligado por algum tipo de vibração. E nesta sincronicidade entre o psíquico e o físico as coincidências agiriam como uma maneira de acessarmos, captarmos, o mundo ao nosso redor de uma maneira mais ampla. Refletindo o espaço universal, composto por matéria e também energia.

Através da visão de Jung, a capacidade de captação dessas mensagens é inerente a todos nós, sendo menos sobrenatural e mais intuitiva. Segundo ele, nosso inconsciente é capaz de nos colocar em contato com o todo, bastando que nos atentemos e saibamos entrar em conato com ele.

Até mais!

Atenção: A reprodução total ou parcial deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº9610 de 19 de fevereiro de 1998. Proíbe a reprodução ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet, sem prévia consulta e aprovação do autor.

As origens do Halloween

Fonte: Pinterest  

Dia 31 de Outubro está aí e com ele vem o famoso Halloween, o Dia das Bruxas! Comemorado principalmente nos Estados Unidos, o feriado da véspera do Dia de Todos os Santos a cada ano coloca em voga na mídia e no nosso imaginário um mundo encantado e assustador onde a magia e os espíritos dos mortos podem por nós serem mais facilmente acessados no espaço de uma noite. Mas você conhece a origem desta celebração?

Com seu início não no solo americano, mas sim no europeu, o termo Halloween tem seu primeiro registro por volta do ano de 1745, sendo uma contração de All Hallows’ Eve, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos comemorado no calendário cristão. O feriado, que comemora a vida dos santos e mártires, era inicialmente celebrado dia 13 de Maio – data de um festival romano dos mortos – até que em meados do século 8 o Papa Gregório III mudou sua data para 1º de novembro. Existem algumas teorias sobre a razão dessa mudança. A mais difundida é que ela teria ocorrido numa tentativa de cristianizar o festival celta de Samhain, celebrado tradicionalmente na Irlanda, Escócia e Ilha de Man.

Sendo celebrado entre os dias 30 de Outubro e 2 de Novembro, o Samhain marcava o fim do Verão (seu nome deriva de “samh”, verão, e “fuin”, fim) e a transição entre o ano velho e a ano novo. A honra aos mortos como forma de se também honrar a vida era um de seus temas, e a crença de que o contato com o plano espiritual naquela época se abria era marcante. Com a mudança feita pelo Papa Gregório III e mais tarde, no ano de 840, com a ordem do Papa Gregório IV de que a festa de Todos os Santos fosse celebrada obrigatória e universalmente as celebrações cristãs e pagãs entraram em choque e com o tempo naturalmente acabaram por se mesclar.

Fonte: Pinterest

Os registros de como a celebração foi levada aos Estados Unidos começa por volta de 1845, durante um período que ficou conhecido na Irlanda como a Grande Fome. Nele, por volta de um milhão de pessoas se sentiram forçadas a saírem de sua terra natal devido a escassez, muitas imigrando para os Estados Unidos, carregando consigo suas histórias, costumes e tradições. As primeiras referencias americanas ao Halloween começaram justamente logo após esse grande processo migratório, unindo brincadeiras comuns das áreas rurais do Reino Unido com alguns rituais de colheita que já existiam nos EUA.

Hoje o que temos como as comemorações dessa data misturam o passado e o presente numa grande colcha de retalhos de costumes de diferentes povos e épocas. Um dos maiores exemplos disso são as Jack O’Lantern, as abóboras entalhadas com rostos assustadores, cuja origem remonta a antiga lenda irlandesa do Jack da Lanterna.

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Fonte: Pinterest

A lenda de Jack O’ Lantern

Em suas muitas versões, as histórias contam que Jack era um alcoólatra problemático, porém muito esperto, que em um 31 de Outubro bebeu tanto que o próprio Diabo veio levar sua alma. Jack, armando uma arapuca, implorou ao Diabo um último copo de bebida antes de ser levado. Como Jack não tinha mais dinheiro algum o Diabo se transformou numa moeda para que Jack pagasse pelo seu último desejo. Mas ele, ao invés disso, pegou a moeda e a guardou numa carteira com fecho em forma de cruz.

Agoniado, o Diabo implora para ser liberto, no que Jack propõe um trato: o tiraria da carteira se lhe fosse concedido mais um ano de vida. Trato feito e concedido. No próximo 31 de Outubro o Diabo retorna e Jack, esperto como sempre, agora pede ao Diabo como um último desejo uma maçã de uma macieira próxima. Quando o Diabo subiu no primeiro galho da árvore para conceder seu desejo Jack pegou um canivete e desenhou uma cruz no tronco da árvore. Tendo o prendido de novo, Jack desta vez diz ao Diabo que só o soltaria se ele nunca mais viesse para o buscar. O acordo foi feito. Mas para seu próprio azar Jack morreria no ano seguinte.

Sua entrada no céu foi negada, afinal ele tinha feito acordos com o demônio em vida. Mas no inferno o Diabo, ainda desconfiado dele, também não o deixou entrar, lhe dando uma vela para que a partir de então vagasse pelo limbo entre os mundos. Para que a chama da vela ficasse sempre protegida Jack a colocou dentro de um nabo que ele mesmo esculpiu de forma a fazer com ele uma lanterna. E com ela passou a vagar. Sua alma penada agora sendo conhecida como Jack O’Lantern, o Jack da Lanterna.

Como nos Estados Unidos as abóboras eram muito mais abundantes do que o turnip, o tipo de nabo tradicionalmente usado, os imigrantes irlandeses aos poucos foram passando a usar elas para as confecções das suas Jack O’Lantern na época de Halloween. E elas se popularizaram tanto que hoje se tornaram um dos maiores símbolos do feriado.

Fonte: Pinterest

E as bruxas nisso tudo? 

Como uma época marcada em diversas culturas como propício para o contato com os espíritos devido ao véu entre os mundos se tornar mais fino, as bruxas hoje em dia o aproveitam como um período de honra aos seus ancestrais e aos ciclos de vida-morte-vida em diversas vertentes. Além do Halloween moderno e do antigo Samhain alguns exemplos que podemos citar de comemorações em homenagem aos mortos ao redor do mundo entre os dias 31 de Outubro e 2 de Novembro hoje em dia são o Dia de Los Muertos mexicano, o Dia de Finados brasileiro e o Dia de Todos Los Santos espanhol. Independente da cultura ou origem afinal, o importante é o respeito por aqueles que antes de nós viveram, pelo legado que eles nos deixaram, e que nunca esqueçamos de valorizar a própria vida.

Petit Lenormand – O baralho cigano

Algumas cartas do baralho Petit Lenormand Fonte: Google Imagens

Sendo um dos baralhos mais amados e usados na cartomancia atualmente, o Petit Lenormand (ou baralho cigano) conquistou sua fama ao longo dos anos sendo um oráculo versátil, simples e direto em sua linguagem. Estruturalmente conta com 36 cartas, com foco em situações e símbolos do cotidiano.  Suas origens levam o crédito tanto do povo cigano, de onde recebeu seu apelido popular, quanto de uma famosa cartomante francesa, de onde recebe seu nome oficial.

Segundo o que se conta, tudo começou com Marie-Anne Adelaide Lenormand. A moça, nascida na cidade de Alençon, na Normandia, em 1772, era filha de uma família de poucas posses. Porém, em 1786, ela teria deixado o colégio de freiras onde vivia na sua cidade natal para se estabelecer em Paris. E de lá mudou sua vida, passando a se apresentar como Madame Lenormand, uma poderosa e controversa cartomante.

Durante os 40 anos que ficou ativa em sua profissão, Madame Lenormand foi autora de diversos livros e textos, inclusive tendo passado algumas vezes pela cadeia pois naquela época o exercício das adivinhações, profecias e leituras oraculares ainda eram proibidas na França. Nunca ficando detida muito tempo pelos clientes poderosos que tinha. Dentre esses clientes estaria o próprio Napoleão, de quem ela teria previsto tanto a ascensão quanto a queda.

Nas suas consultas para Napoleão, ele teria achado o Tarot clássico, de 78 lâminas, pouco prático para responder questões simples com mais objetividade. Para não frustrar seu cliente mais ilustre, Madame Lenormand teria criado seu próprio baralho, com um número reduzido de cartas, e significados sem tantas voltas esotéricas.

Após sua morte, em 1843, o baralho teria se popularizado tanto que começou a ser comercializado. Por sua estrutura prática, muitos grupos ciganos o teriam adotado entre seus meios oraculares, fato que só o popularizou ainda mais. Estaria assim feito o Petit Lenormand como o conhecemos hoje.

Marie Anne Lenormand com suas cartas

Apesar da figura história de Madame Lenormand ter de fato existido, com todas suas polêmicas, hoje já existem estudos históricos que comprovam que as tentativas de associar o baralho de 36 cartas a ela, assim como alguns outros, era muito mais uma boa estratégia de marketing para alavancar as vendas do que um fato verídico.

Uma das historiadoras que pesquisou a fundo sobre o Petit Lenormand foi a americana Tali Goodwin. E, em suas pesquisas, ela comprovou uma origem muito menos mágica para o nosso baralho.

A primeira versão do Petit Lenormand foi criada na Alemanha, em 1799. E, como diversos oráculos, foi originalmente concebido como um simples jogo. O “Das Spiel der Hoffnung”, ou Jogo da Esperança, foi criado por Johann Kaspar Hechtel (1771–1799) que o concebeu como um jogo de tabuleiro com cartas. Parte de seu entretenimento era justamente fazer seus jogadores fazerem pequenas previsões. 

O Jogo da Esperança, onde o Petit Lenormand atual teve o seu começo.

As cartas do jogo só passaram a serem chamadas de Petit Lenormand numa reedição que o jogo teve após a morte de Madame Lenormand, na segunda metade do século XIX, quando muitos baralhos e jogos com temática adivinhatória foram rebatizados com seu nome para alavancar as vendas.

Um exemplar do baralho original do Jogo da Esperança pode ser encontrado até hoje no Museu Britânico, em Londres, onde Tali Goodwin o fotografou para as pesquisas de seu livro The New Lenormand. 

 

Foto do conjunto das 36 cartas do “Das Spiel der Hoffnung” – O Jogo da Esperança
Parte do acervo do Museu Britânico sobre o jogo

As cartas do Jogo da Esperança têm as figuras que conhecemos como as figuras tradicionais do Petit Lenormand, com raras diferenças. Além das figuras, cada carta apresentava dois naipes, os franceses (copas, paus, espadas e ouros) e os alemães (corações, frutos de carvalho, folhas e guizos).

Com seu relançamento como Petit Lenormand e sua popularização, foram estruturados muitos jeitos diferentes de o jogar. Mas com seus significados nunca variando muito do seu original.

E a relação dos ciganos com ele?

Não existem registros históricos que comprovem que o povo cigano foi autor de qualquer tipo de baralho porém, como um povo nômade, que absorvia a cultura e as particularidades dos locais por onde passavam, eles acabaram incorporando e divulgando a leitura de diversos tipos de oráculos, ficando com a imagem associada a eles.

Atualmente existem diversas edições do jogo, nos mais variados temas, assim como muitos sites e clubes dedicados ao estudo e a divulgação desse oráculo tão amado, assim como com o Tarot tradicional. As fotos a seguir são de edições do baralho a venda no site Sorte Lenormand e a última foto é a da edição da taróloga Sofia Rito:

 

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Foto ilustrativa do Requinte Lenormand – ilustração do site Sorte Lenormand

Uma versão do Lenormand em dados! Ilustração do site Sorte Lenormand

Edição Orixás Lenormand com Iansã representando a carta das Nuvens – ilustração do site Sorte Lenormand

Edição The New Classic Lenormand – ilustrção do site Sorte Lenormand

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Ilustração da Edição do Baralho Lenormand por Sofia Rito

O que sabemos das origens do Tarot

O que conhecemos por Tarot hoje em dia é um oráculo de cartas com uma estrutura específica. São 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores, que se subdividem em quatro Naipes com suas respectivas cartas da corte, somando no total 78 lâminas.

E o caminho que este jogo trilhou, desde os séculos XV e XVI onde temos seus primeiros registros, até os dias de hoje, foi longo.

As primeiras versões que encontramos dele até agora são oriundas do norte da Itália, como um simples jogo de cartas jogado pelos nobres. Ninguém sabe o significado certo de seu nome. Alguns lugares o apresentam como uma possível derivação da palavra árabe turuq, que significaria ”quatro caminhos”, outros lugares vão falar da etimologia francesa, tarot como uma variação do italiano tarroco, derivado de tara, que seria algo como dedução ou ação de deduzir. Já o termo Arcano pelo qual se chamam suas lâminas e divisões foi incorporada pelos ocultistas do século XIX ao incluir o oráculo em seus estudos, significando ”mistérios ou segredos a serem desvendados”.

Jogos de cartas num geral eram comuns na Europa, estimasse que teriam sido trazidos pelos persas no século XIV, com naipes muito parecidos com os italianos: Espadas, Bastões, Copas e Ouros. E, apesar das explicações mais místicas que podemos encontrar por aí, dizendo até que os Arcanos teriam se originado num Egito muito antigo pela sua classe sacerdotal, o que se tem de concreto sobre seus primeiros baralhos datam do espaço entre os anos de 1410 e 1430 em Milão ou Bolonha, onde cartas de trunfo foram adicionadas a estrutura já existente dos quatro naipes.

A estrutura italiana, chamada de carte da trionfi, ou simplesmente trionfi, tem seu primeiro registro literário nos autos da corte de Ferrara, em 1442. E as cartas mais antigas são de quinze baralhos pintados em meados do século XV para a família governante de Milão na época, os Visconti Sforza.

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Só temos documentos que mostrem o uso divinatório do Tarot depois do século XVIII, apesar de existirem evidências de que baralhos parecidos e jogos de cartas num geral eram usadas por pessoas como meio oracular desde 1540.

Como os baralhos antigos eram pintados a mão, se estima que sua produção inicial fosse pequena, se expandindo apenas depois da invenção da imprensa. Então o jogo originalmente italiano se espalhou com força pelo sul da França, pela Suíça, Bélgica, sul da Alemanha e arredores. Com a mudança da produção artesanal para uma produção em maior escala naturalmente a estrutura das cartas passou por um processo de padronização. Variações regionais ainda eram comuns, mas a estrutura que hoje conhecemos passou a tomar cada vez mais um corpo mais firme.

Até o final do século XVII o posto de principal produtor das cartas ainda era detido por Milão, até que um colapso em seu mercado colocasse o sul da França como dominante na área. Muitos exemplares desses baralhos antigos sobreviveram até os dias de hoje, e é onde temos o mais famoso, vindo da cidade de Marselha, de onde tirou seu nome: o Tarot de Marselha, que pela fama e tradição, tendo influenciado a produção de cartas até em outras regiões da Europa, continua sendo produzido até os dias de hoje.

O uso comum do Tarot continua sendo o de simples jogo de cartas, para isso sendo mais popular a estrutura de baralhos como o Tarot Nouveau, livre dos desenhos que são mais importantes apenas para os baralhos usados para fins esotéricos.

Agora, sobre seu uso no ocultismo, temos como primeiro a o difundir um ocultista francês chamado Alliette, sob o pseudônimo de “Etteilla” (seu nome ao contrário). Ele atuou como vidente e cartomante um pouco depois da Revolução Francesa. Dele vieram motivos astrológicos e egípcios nas lâminas, junto com elementos alterados do Tarot de Marselha. Um pouco depois, teremos Mademoiselle Marie-Anne Le Normand, popularizando a divinação através das cartas durante o reinado de Napoleão I (mas os jogos e baralhos que se originaram de seus métodos e fama são assunto para outro post).

Depois deles o próximo nome que surgiu foi em 1781, sendo o maçom Antoine Court de Gébelin, um clérigo e maçom suíço, a afirmar que o simbolismo presente no Tarot de Marselha representava os mistérios de Ísis e Thoth, divindades egípcias. Ele também afirmava que os ciganos teriam sido os primeiros a usar o Tarot para seu uso divinatório, sendo eles, em sua teoria, descendentes dos antigos egípcios.  Gébelin escreveu suas teorias antes que os hieróglifos egípcios começassem a finalmente ser decifrados. E, até o momento, não existe prova concreta alguma que corrobore com sua teoria. Só que nisso a identificação do Tarot como ”Livro de Thoth” já havia sido estabelecida.

O código místico por de trás de cada Arcano foi mais profundamente desenvolvido pelo ocultista Eliphas Lévi, e foi difundido em grande escala pela Ordem Hermética da Aurora Dourada. É Eliphas Lévi, não Alliette, que é lembrado como o fundador das escolas esotéricas de Tarot, relacionando as lâminas com a Astrologia, a Cabala Hermética e aos quatro elementos da Alquimia.

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Com o lançamento do Tarot de Rider-Waite em 1910, elaborado e criado por Arthur Edward Waite e Pamela Colman Smith, dois membros da Aurora Dourada, o Tarot começou a se popularizar cada vez mais na América. E desde então temos visto um número infinito de baralhos sendo criados e difundidos, com os mais variados motivos. Desde anjos, até deuses e forças da natureza. Cada um adaptado para uma diferente crença ou caminho espiritual, mas nunca perdendo a estrutura que o caracteriza, as 78 lâminas divididas entre os Arcanos Maiores e os Menores.