Primeiros passos – Cuidados Espirituais

Fonte: Arquivo pessoal

Sabermos cuidar de nós mesmos e da nossa prática espiritual se configura como um dos primeiros e mais importantes passos para qualquer jornada. E, assim como já vimos sobre a questão de como estruturar nossos estudos, de como começarmos a meditar e da importância dos cuidados pessoais, aqui no post de hoje o foco serão nossos cuidados espirituais.

Principalmente porque aqui, neste Guia virtual, o nosso foco é a Mão Esquerda. E ela inclui, como parte normal de seus processos, que lidemos com temáticas e com figuras espirituais naturalmente mais densas, como os daemons, por exemplo. E, quando colocamos isso em jogo, se torna mais comum ainda do que é o habitual ouvirmos os medos e receios que tanto existem nos meios espiritualistas num geral sobre a atração de “obsessores”. Ou, ainda, de que as figuras com as quais temos contato na Esquerda seriam naturalmente destrutivas apenas por o ser com quem entra em contato com elas. Sendo que, por via de regra, uma prática espiritual, seja ela qual for, por si só não atrai para si figuras ou uma vivência intrinsecamente nociva. É o desequilíbrio que pode o fazer.

Iniciar uma determinada prática, realizar um determinado feitiço ou ritualística, pode sim fazer com que muito do que antes não observava a nossa existência passe a o fazer pela energia que passamos a movimentar. Mas é só quando fazemos o que fazemos de forma desequilibrada e irresponsável é que nos abrimos a riscos. O que não é resolvido conosco deixando de fazer as coisas ou nos deixando paralisar pelo medo, mas sim com o cultivo de uma boa saúde energética e de uma prática equilibrada. Com a limpeza, a harmonização e a proteção tanto de nós mesmos quanto do nosso espaço sendo tão natural para nós quanto nossos estudos e pesquisas. E isso serve para todos os tipos de caminho. Também servindo, naturalmente, para a Mão Esquerda.

Essa saúde começa, como falamos nos cuidados pessoais, com o cuidado com a nossa matéria. Cuidando de nós mesmos, da nossa saúde, da nossa mente, dos nossos corpos, da nossa casa. E evolui para a base básica e inicial, mas fundamental, de limpeza, harmonização e proteção energética regular. A ênfase que damos a esses passos pode, algumas vezes, soar um pouco exaustiva. Mas, acredite, não é a toa. A maior parte dos problemas que enfrentamos em nossos inícios raramente provém do espiritual mas sim do nosso próprio descuido e das nossas próprias falhas. Inclusive no resultado que conseguimos ter ou não em nossos primeiros feitiços, trabalhos e rituais.

Na maior parte das vezes aquele cansaço, aquela gripe forte e aquele mal estar não provém de nenhum tipo de ataque mas sim de uma má alimentação e de um corpo que não vê um bom descanso faz meses. Um feitiço simples de prosperidade pode não ter se manifestado tão bem quanto o esperado não por causa da inveja ou torcida contrária dos outros mas sim porque a limpeza e a proteção de quem o lançou é colocada sempre de lado em prol de uma gana em só pedir mas nunca em se ter também o cuidado necessário para que aqueles pedidos realmente se professem.

E, quando você começa a se comunicar com daemons e com figuras infernais e pontos da sua vida começam a serem remexidos e coisas difíceis começam a vir até a superfície, não é porque essas figuras estão querendo destruir a sua vida mas sim porque você está se dispondo a andar com elas e a trabalhar a si mesmo através dos processos de desconstrução que elas naturalmente trazem.

Tenha em mente que somos nós que facilitamos ou dificultamos as nossas próprias trajetórias. Muito mais do que qualquer força externa jamais seria capaz. E, em um caminho que preza tanto pela autonomia e pela responsabilidade pessoal como a Mão Esquerda o é, isso se torna ainda mais enfático. Se nos dispomos a trabalhar com energias densas e complexas o mínimo exigido é que saibamos nos encarregar devidamente de nós mesmos e que tenhamos clareza para enfrentar os desafios como o que eles realmente são: desafios. E não punições ou malefícios que estamos sofrendo por estarmos ao lado de seres “ruins”. Ou em um caminho “das trevas”. Afinal, não fomos nós que viemos até essas figuras? Não fomos nós que nos interessamos pelo caminho? Não fomos nós mesmos que nos dirigimos até aqui? Então que estejamos com clareza e firmeza.

A mudança da perspectiva entre as Vias também se dá nisto. Em alterar o foco externo da Direita para o foco auto centrado da Esquerda. Onde você não irá procurar alguém para te dar todas as informações de forma mastigada mas sim irá atrás por você mesmo, exercendo seu discernimento. Onde, se um feitiço falhou, você não projete a culpa em coisas que estão fora de você, mas sim veja onde você pode ter errado, ou onde você ainda não afiou suas próprias habilidades o suficiente e precisa apenas praticar um pouco mais. Onde você cuidará de si mesmo, ao invés de achar que tudo é demanda. E onde você estará não sentindo medo, mas desenvolvendo sua autoconfiança.

Sem esse ajuste, muitos saem da Esquerda falando o quanto foram prejudicados por suas práticas e seres quando, na verdade, a maioria só foi confrontada com as consequências tanto de seus atos como da falta da sua própria responsabilidade de uma forma com a qual nunca estiveram acostumados a lidar antes.

Então, cuide-se! Procure sempre se organizar, se comprometendo com o seu próprio caminho e com o seu próprio desenvolvimento. Esteja sempre em dia com suas limpezas e proteções. Tenha, dentro da sua prática, o costume de se abençoar. E saiba se energizar e se aterrar corretamente para estar sempre em equilíbrio.

Filtre muito bem as informações que você consome. As pessoas que você escuta. Perceba se elas te ajudam a andar no seu caminho com clareza e um sentimento de segurança ou se elas estão muito mais te trazendo medos e inseguranças, para que você precise delas e tenha medo de se desenvolver por si só. Principalmente se elas gostam de se pintar como muito iluminadas, portadoras das mil iniciações mais sérias nas Ordens mais poderosas (sem nunca citar quais) enquanto demonizam ainda mais o caminho da Esquerda do qual dizem fazer parte e as suas maiores figuras. Como Lilith, por exemplo. Estes só irão querer o seu ibope, o seu dinheiro, e que você se torne parte do rebanho deles. Não que você seja uma pessoa crítica com a capacidade de andar por si só. Afinal, ser consciente sobre quais discursos você consome, quem você escolhe escutar e onde você aplica sua energia em forma de atenção também é um tipo de cuidado espiritual. E um muito importante.

Até mais!

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