Primeiros passos – Interpretando sinais

Fonte: Acervo pessoal

Quando falamos sobre espíritos, é muito comum que o primeiro foco esteja em como nós podemos entrar em contato com eles. Existe uma vasta literatura e um mar de conteúdos sobre diversas abordagens, rituais, correspondências e técnicas que podemos aplicar para entrar em contato com o plano espiritual e seus seres. Mas, na via oposta, você saberia identificar quando um ser espiritual está tentando se comunicar com você? Você sabe identificar os indicadores de que as forças que você está chamando realmente estão respondendo a você? Afinal, comunicação é uma via de mão dupla. Precisamos ser ouvidos e entendidos na mesma medida que precisamos saber ouvir e compreender.

Como estamos no Guia, o foco aqui será para a maneira como os guias e seres alinhados a Corrente do Adversário se comunicam. Em principal, os daemons. E eu gostaria de iniciar essa conversa trazendo a consciência de que nenhum de nós evoca ou invoca seres tão específicos quanto os daemons “acidentalmente” vendo filmes de terror, ouvindo certos tipos de música ou até mesmo através de pensamentos intrusivos de nossas mentes. Daemons não surgem com tanta facilidade quanto a cultura pop ou algumas figuras religiosas gostam de fazer parecer e, se um deles de fato se encontra em algum lugar, pode acreditar que é porque foi devidamente e propositalmente chamado para estar ali.

Nos casos onde, de fato, parte deles o primeiro movimento em iniciar contato com alguém é porque, de alguma forma ou por alguma circunstância muito específica, existe alguma ligação entre essa pessoa e o daemon em questão. O que sempre merece a devida atenção e investigação sobre. Como discorremos no último texto, que você pode ler aqui, sobre os motivos pelos quais tanto nós quanto figuras de Esquerda podemos estabelecer contato uns com os outros. Então, comecemos sabendo que estes contatos não acontecem nem sequer por acaso e nem sequer sem motivo algum.

Agora que estes esclarecimentos foram devidamente feitos, comecemos pelo tipo de contato mais comum: o que nós iniciamos através das estruturas ritualísticas de nossa escolha. Aqui, o interesse parte de nós. Pesquisamos, escolhemos um daemon, a abordagem que iremos usar, preparamos nossos materiais, escolhemos uma data, preparamos a nós mesmos e o local e tentamos estabelecer o contato. Quais sinais podemos ter de que o daemon realmente nos ouviu e se aproximou de nós?

Em primeiro lugar, olhemos sempre para os sinais físicos. Daemons possuem uma assinatura energética muito particular e impossível de ser ignorada tanto pela sua densidade quanto pela sua força. Como seres densos, eles facilmente podem afetar tanto os nossos corpos quanto a matéria ao nosso redor. Nisto, manifestações podem ser vistas e sentidas. Em relação aos nossos sentidos e ao nosso corpo físico podemos experienciar um peso atmosférico anormal no recinto quando um deles se faz presente. Como se a gravidade tivesse ficado cinco vezes mais forte, como se o ar tivesse se tornado rarefeito como no topo de uma montanha. Ondas de calor, ou frio, também são normais. Tanto em nossos corpos quanto no recinto em que estamos, com súbitas e inexplicáveis quedas ou subidas de temperatura. Podemos também ter os nossos sentidos mais sensibilizados, tendo arrepios em nossas espinhas e nossos pelos corporais eriçados como se estivessem sob o efeito de eletricidade estática.

No meio podemos ter viradas súbitas do clima com ventanias e tempestades. A agitação notável e sonora de animais pela vizinhança, com a presença específica de uivos, assim como o surgimento de animais ligados ao daemon. Barulhos pela casa, o escurecimento repentino do local onde estamos, o aumento anormal das chamas das velas que usamos e figuras surgindo através da fumaça dos incensos também são possíveis. Podemos sentir dores físicas específicas, em nossa fronte ou coluna, e podemos experimentar sudorese, arritmia, tonturas e enjoos. Para os praticantes que possuem algum nível de mediunidade também é possível ouvir a voz do daemon surgir no ambiente ou vê-lo através do uso de espelhos negros e similares.

Enquanto é verdade que é raro termos todos esses sintomas e sinais ao mesmo tempo desde a nossa primeira tentativa, todos eles são possíveis. É importante termos de antemão o método pelo qual nos comunicaremos com o daemon durante o ritual para estabelecermos o contato com sucesso e, na ausência de qualquer tipo de sinal, sabermos se fomos realmente ouvidos e seremos atendidos ou não.

Nos dias seguintes ao rito também é possível que o daemon entre em contato conosco através de sonhos. Assim como é comum que notemos pequenas sincronicidades agindo em relação ao que pedimos. A presença ou o aparecimento de animais ou insetos correlacionados ao daemon em questão também pode ser notada por semanas. Outro ponto comum é termos ressaltado em nós a própria energia do daemon.

Nisto, podemos notar um interesse súbito em áreas que são de domínio do daemon, seja o estudo por alguma área específica ou até mesmo por transitar em determinados locais. Se o contato foi feito com um daemon que rege assuntos relacionados a sexualidade, iremos notar um acréscimo ao nosso magnetismo, bem como um aumento da nossa libido. Se o contato foi feito com um que rege a ira e a violência é possível que nossa energia e disposição gerais melhorem bastante mas, ao mesmo tempo, podemos nos tornar mais facilmente e mais intensamente irritáveis, por exemplo. Aqui é importante prestarmos atenção aos detalhes e, claro, anotar todas as facetas das nossas experiências.

O segundo tipo de contato, raro para a população em geral mas provável para aqueles que são alinhados a Esquerda, é aquele onde temos o movimento contrário. Nele, é o daemon que busca nos alcançar através de algum meio, e não o oposto. Então, quais sinais podemos ter de que um daemon está tentando se aproximar de nós?

Aqui temos muito mais variáveis. Cada daemon possui padrões de comportamento muito próprios e a maneira como eles podem entrar em contato com alguém pode variar bastante de um para outro. Mas, invariavelmente, algumas semelhanças podem ser notadas, por estarmos falando de uma classe de seres em comum. E, para nós, o mais óbvio e facilmente identificável continua sempre sendo o peso e a densidade característica que eles carregam em si.

Mesmo se você não tiver naturalmente a capacidade de sentir energias ao seu redor, se você entrar em um cômodo onde um deles está, você sentirá uma pressão e uma força que te dirão que alguma coisa está acontecendo ali fora do comum. Sensações de peso, dores pelo corpo com foco na cabeça, ombros e coluna podem acontecer. Assim como zumbidos nos ouvidos e, novamente, enjoos e tonturas, como já relatamos aqui. São sintomas que podem acontecer pois o nosso organismo não é naturalmente preparado para lidarmos com energias do porte das deles.

O surgimento e a presença constante de certos animais e insetos seguem sendo sinais tradicionais. Como os pássaros escuros e as corujas para Stolas, os cavalos para Orobas e as moscas varejeiras para Belzebu, por exemplo. Sonhos e sincronicidades são meios usados por quase todos. Você pode, do nada, começar a ter mais sorte e magnetismo ou, na via oposta, passar por uma verdadeira onda de desventuras em série, com acidentes acionando seus alertas internos. O foco aqui é quebrar nossas rotinas e nos fazer notar que algo fora dela está tentando chamar nossa atenção. Podemos sentir impulsos básicos e instintos sendo desproporcionalmente ativados em nós, fora do que seria o nosso natural, como temos através do aumento da libido, da ira, da gula e até mesmo da indisposição proporcionados por daemons que regem essas características. Quando um daemon deseja chamar a nossa atenção ele irá. Através dos meios que ele sabe que mais se destacarão para cada um de nós.

Existem daemons mais diretos, sem rodeios, que se apresentam de cara e com todo peso de suas energias, como é comum vermos nos relatos sobre Asmodeus e Belial. Outros, principalmente aqueles que são djinns, tem por costume colocarem mais enigmas e pistas para serem desvendadas, como Paimon, por exemplo. Mas todos nos puxam de nossas vidas habituais, quebrando nossas rotinas e nos tirando daquilo ao qual estamos acostumados.

Essas quebras podem, por vezes, serem caóticas e desorientadoras. Podem vir acompanhadas de pesadelos, paralisias do sono, atividades paranormais ao seu redor. Mas, por outras vezes, podem ser instigantes. Trazendo novos interesses, realizações súbitas sobre assuntos que antes fugiam ao seu entendimento e mudanças emocionais. De qualquer forma, é no oferecer de testes e provocações que eles analisam qual é a índole tanto de quem está batendo a porta deles quanto de quem eles procuram, nos dando uma prévia das suas próprias naturezas e jeitos de agir. O esforço e a dedicação do praticante em os entender e juntar todas as peças, então, se tornando parte importante tanto do processo quanto para o entendimento das suas mensagens como um todo.

Afinal, esforço é algo que faz parte intrínseca do caminho com eles. Sem que, no entanto, nos seja oferecido algo impossível de ser lidado ou decifrado. Conscientes dos recursos que cada pessoa que os buscam tem, eles fazem com que nos esforcemos, mas nunca nos dão algo para além das nossas próprias capacidades. Alguns exigem mais do que outros, é verdade, mas as coisas sempre se adaptam a cada caso. E não, eles não irão pedir sua alma, seu primogênito e nem recursos materiais além da sua realidade. O que é exigido é comprometimento pessoal, e que isso fique bem claro.

Oráculos, como já citado, são os nossos faróis em meio ao caos. E sempre manter anotadas todas as nossas experiências nos ajuda a formar uma consciência mais detalhada e precisa sobre o que acontece ao nosso redor. Então, nunca descuide das suas anotações e tenha consigo métodos oraculares para conseguir te ajudar em sua jornada, como este aqui.

Até mais!

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