Primeiros passos – Instrumentos

Fonte: Arquivo pessoal

Dentro das práticas do ocultismo, da magia e da feitiçaria temos a utilização de inúmeros aparatos e materiais. Eles, em seus vastos usos, servem para ancorar, trabalhar, levantar e direcionar energia das mais diversas maneiras. Aqui, irei falar brevemente sobre alguns deles, junto com seus significados e utilizações mais comuns. Lembrando sempre que podem existir pequenas variações dentro de vertentes específicas e o que eu trago aqui é uma visão geral, ok? Vamos lá!

As velas: Amplamente usadas, as velas fazem parte fundamental da maioria das práticas espirituais. Usadas para manifestar o Elemento Fogo, elas podem ser o ancoramento dos mais diversos tipos de trabalhos. Acendemos velas para nos comunicar com nossos deuses e guias, para ofertar aos nossos ancestrais, para pagar promessas e acordos com espíritos auxiliares, para ativar sigilos, para alimentar amuletos e para trazer a energia e as qualidades ígneas do fogo ao que fazemos. Elas representam a luz do Espírito.

O que difere uma vela comum, usada apenas como ponto de iluminação, de uma vela usada para fins espirituais é, como sempre, a intenção que depositamos em nossos atos de forma consciente. Apenas acender uma vela normalmente e a colocar em um ponto onde vamos nos beneficiar da sua luz não tem em si poder para além disso. Agora, se a acendemos em um altar pedindo pela proteção de nossos guardiões, a situação muda. Aquela vela passa a ser um ponto de energia, nos conectando a força que ali chamamos e emanando o que pedimos. Velas podem ser usadas untadas com óleos específicos, ter símbolos nelas desenhados, serem polvilhadas com pós e ervas. O limite de suas utilizações dependem da vertente e da criatividade do praticante.

A taça: Representando o Elemento Água, as taças e cálices são comumente usadas para a realização de ofertas líquidas, dentro e fora de rituais. Elas podem representar também, dentro de algumas ritualísticas, o útero e a polaridade receptiva, enquanto bastões e punhais geralmente representam o falo e a polaridade projetiva. Cálices e taças contendo água, vinho ou outras bebidas consagradas muitas vezes são compartilhadas entre membros e participantes de liturgias e cerimônias para formar e demonstrar unidade assim como para o compartilhamento das energias que ali estão sendo estabelecidas e partilhadas igualmente por todos. A presença de um cálice com água em um altar sempre traz as qualidades e a fluidez da Água para o espaço, mantendo as energias que ali circulam limpas e correntes.

Os incensos: Representando o Elemento Ar, a fumaça dos incensos limpam, purificam e consagram. A queima de determinadas ervas, resinas e madeiras pode auxiliar na criação de um espaço leve e íntegro para a realização dos mais diversos tipos de rituais e cerimônias. Eles podem ser utilizados como ofertas, como meios de comunicação entre nós e o espiritual, podendo trazer e afastar energias e criando assim espaços mais elevados e energizados onde são manipulados.

O sino: Também sendo um representante do Elemento Ar, temos no som produzido pelos sinos desde o preparar e purificar de ambientes como o chamar de forças, energias e espíritos. Seu tinido, claro e limpo, pode iniciar e encerrar rituais. Sendo um sinal claro, dependendo de como são consagrados e usados, convidam e chamam a atenção do que queremos e dispensam aquilo que não desejamos.

O espelho: Espelhos tem, junto com as velas, os usos mais variados e versáteis possíveis. Eles podem ser usados, dependendo de como são consagrados e trabalhados, para ampliar e multiplicar forças, para enviar energias de volta as suas origens, para proteção, para divinação e, em seu uso mais comum, para a criação de portais espirituais. Os espelhos negros são especialmente usados como objetos de divinação e como portais para o outro lado. Esses portais podem ser usados para que projetemos o nosso espírito até o astral através deles, assim nos dando acesso a diversas camadas e locais, mas também para que puxemos e chamemos espíritos e seres do astral até o nosso plano. O espelho negro central de um triângulo de manifestação da Goetia, por exemplo, tem essa exata função. O da foto que ilustra esse texto sendo um exemplo de triângulo da Goetia Luciferiana. Como portais de entrada e saída para o abismo, devem ser sempre bem cuidados, manuseados com respeito e cautela.

O caldeirão: Como um item clássico da bruxaria, caldeirões podem ser usados para o preparo de poções e feitiços líquidos, assim como para a queima de velas, ervas e outros materiais. Sendo um elemento receptivo, ele germina ou consome tudo que nele é feito e trabalhado. Idealmente ele é feito de ferro, mas caldeirões de barro curado também cumprem perfeitamente seu trabalho. O importante é que ele seja de um material forte e resistente ao fogo para que sua utilidade não seja comprometida. Você pode encher um caldeirão de água e ter assim um espelho negro natural, assim como, em ambientes urbanos, eles podem ser usados como substitutos as fogueiras, para a realização de queimas. E elas podem ser positivas ou não, como nos fervedouros tradicionais da feitiçaria ibérica, que são comumente para destruição.

A vassoura: Outro item clássico dentro da bruxaria, as vassouras são ótimas para limpezas e banimentos. Assim como as usamos de forma mundana e comum, podemos as consagrar para, além de varrer poeira e sujeira, também “varrer” e afastar energias que não desejamos em nossos espaços e perto de nós. Tendo sua presença muito marcada no folclore de diversas culturas como o instrumento usado para o voo das bruxas até o Sabá, sua utilização como veículo, segundo as lendas, se devia a unguentos de ervas específicas, possuidoras de efeitos alucinógenos, que eram passadas em seus cabos. Quando as bruxas montavam nesses cabos, em geral nuas, as substâncias eram absorvidas pela mucosa vaginal, proporcionando assim as tão famosas viagens.

Adagas, punhais e espadas: Ligados ao Elemento Ar em boa parte das vertentes, as adagas, punhais e espadas são as armas do praticante. Sendo de polaridade projetiva e agressiva, elas auxiliam em evocações, no traçado de Círculos, no rompimento de barreiras astrais e na projeção da Vontade de quem as empunha. Podem ser usadas para defesa e para ataque. Lâminas são elementos de corte e é ideal que sejam bem afiadas, capazes de tirar sangue se necessário for, cumprindo suas funções literais e simbólicas. Podendo, para isso, serem feitas das mais diversas formas e nos mais diversos formatos.

Tesouras: Sendo também elementos de corte, tesouras são muito usadas em trabalhos de feitiçaria. Principalmente as feitas de ferro. Quando consagradas para tal, elas podem cortar energias nocivas ao praticante, bem como romper os efeitos de trabalhos contrários, laços entre pessoas e muito mais. Elas podem proteger, como objetos afiados podem, e desunir as mais variadas coisas com sua capacidade de corte e rompimento.

Varas e bastões: Sendo, assim como as adagas, punhais e espadas, também de polaridade projetiva, varas e bastões geralmente carregam em si a simbologia do falo e do Elemento Fogo. Eles representam a Vontade, a força, e a autoridade de quem as empunha. Sendo usadas como uma extensão do braço do praticante, elas projetam sua energia e poder, o fogo do seu espírito, sendo usadas para direcionar energias e realizar comandos. Suas propriedades variam bastante conforme a madeira usada em sua confecção, que geralmente é aconselhada a ser feita pelo próprio praticante, já que ela deve ser uma extensão da sua energia e do seu comprometimento com sua própria prática. Em muitas vertentes as varas bifurcadas também são usadas para simbolizar o Homem de Preto, sendo chamadas de Forcado do Diabo, por suas pontas representarem os chifres dessa figura segundo crenças folclóricas mais tradicionais.

Chaves: Assim como usamos chaves de forma mundana, abrindo e fechando portas e cadeados, também podemos as usar de forma simbólica para causar os mesmos efeitos. Bem consagradas e utilizadas, elas podem destrancar e nos abrir acessos, assim como fechá-los. Com elas podemos abrir e fechar caminhos, rotas e portais. Sendo excelentes amuletos para ambas finalidades.

Estátuas: Sendo representações e expressões físicas das mais diversas ideias e forças imateriais com as quais podemos nos identificar e nos relacionar, a presença das estátuas em nossos altares e locais de trabalho espiritual nos lembram das nossas crenças, das nossas devoções e das energias que escolhemos ter em nossas vidas. Podemos comprar ou encomendar estátuas das nossas divindades e dos nossos guardiões, por exemplo, as consagrando devidamente, assim como podemos ter estátuas para ancorar espíritos familiares e auxiliares. Tudo depende da sua prática e da relação que você tem com a sua própria espiritualidade.

Oráculos: O campo das artes divinatórias é vasto e está intimamente ligado a magia e a espiritualidade, como já vimos aqui. Eles são nossos grandes aliados quando queremos nos comunicar mais diretamente com nossos guias, quando precisamos ver situações com mais clareza, saber qual é o melhor rumo e postura a se tomar e por onde ir. Independente de qual você escolha, tenha um oráculo próprio em sua prática. Sempre o estude e desenvolva. E nunca deixe de anotar jogos e experiências importantes! O que nos leva ao nosso último instrumento:

Diários mágicos: Como já vimos aqui, Diários Mágicos são essenciais em nossas jornadas. É neles que escrevemos nossas experiências, estudos e reflexões, sendo essenciais para o nosso desenvolvimento ao longo do tempo. Em seus registros, compreendemos melhor nossos passos. Sabemos o que deu certo ou não dentro das nossas práticas, e nos entendemos melhor. Tenha o seu e nunca deixe de o atualizar!

Esses são apenas alguns dos muitos instrumentos que usamos amplamente dentro da magia e do ocultismo. Crânios e ossos, laços de fita e barbantes, ervas e cristais, pós e garrafas, talismãs, pantáculos e amuletos, tinturas e óleos, correntes e cadeados também são muito comuns e variam de praticante para praticante, conforme vertente e linha de trabalho aplicadas. Estudo, criatividade e versatilidade são sempre a chave para montarmos nossos arsenais conforme avançamos em nossos caminhos. Lembre-se sempre que você, o conhecimento que você constrói e a sua força de vontade são o seu principal instrumento e as únicas coisas que realmente não podem faltar dentro daquilo que você faz.

Até mais!

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